terça-feira, 8 de março de 2011

O BRASIL E O 08 DE MARÇO: DIA INTERNACIONAL DA MULHER E DO CARNAVAL (ALGUMAS PÉROLAS)...

 
 



 
 
 
“O mundo é masculino e assim deve permanecer...”.
 
Edílson Rumbelsperger Rodrigues
Juiz brasileiro, se referindo à Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, quando, em 2007, em sentença, julgou homens acusados de agredir e ameaçar as suas mulheres.



No dia 26 de fevereiro deste ano, em sua coluna Nossa antena, publicada semanalmente na revista Época, além de veementemente criticar o ignorante e machista juiz citado na epígrafe acima, a jornalista brasileira Ruth de Aquino disse que a referida Lei, cujo nome “é uma homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia”, cearense que, em 1983, após sobreviver a duas tentativas de assassinato por parte do próprio marido, ficou paraplégica, aumentou o rigor a agressões domésticas. Segundo a colunista, o marido de Maria da Penha, por sua vez, Marco Antonio Herredia, “foi preso após 19 anos de julgamento e ficou só dois anos em regime fechado”.

De acordo, ainda, com Ruth de Aquino, “em novembro do ano passado, o juiz Rodrigues foi suspenso por dois anos pelo Conselho Nacional da Justiça por suas ‘considerações preconceituosas e discriminatórias’. Na última terça-feira à noite [22 de fevereiro], o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, cancelou a punição. Defendeu a liberdade de pensamento dos magistrados. Para Marco Aurélio, a opinião de Rodrigues é ‘uma concepção individual’ e ‘suas considerações são abstratas’. Segundo o ministro, não é preciso concordar com o juiz, mas a punição seria um exagero”.

Para a jornalista, “o caso do juiz língua solta de Sete Lagoas, Minas Gerais, nos leva a refletir sobre os limites da liberdade de expressão. Podemos pensar o que der na telha. Falar é mais complicado. Especialmente quando ocupamos um cargo importante e representamos uma instituição. Mais delicado ainda é um juiz ter uma ‘concepção individual’ que contrarie uma lei instituída. Digamos que, em casa, no domingão com a família, ou nos bares de Sete Lagoas, o cidadão Edílson desça o sarrafo na Lei Maria da Penha. Tudo bem. Mas usar sua convicção de superioridade masculina para julgar e proferir sentenças o torna pouco confiável para avaliar processos de agressão no lar. Ou não?”.

Prosseguindo em sua opinião, Ruth de Aquino acrescentou: “Gafes de pessoas públicas têm um preço. A presidenta Dilma repreendeu o general José Elito por ter declarado que os desaparecidos na ditadura militar são ‘um fato histórico’. O general foi obrigado a pedir desculpas. O papa Bento XVI repreendeu o bispo britânico Richard Williamson por negar o Holocausto. Williamson pediu perdão. A presidenta do Flamengo, Patricia Amorim, repreendeu o ex-goleiro Bruno por perguntar, em defesa de Adriano: ‘Qual de vocês, casado, nunca brigou ou até saiu na mão com a mulher?’. Bruno pediu desculpas. Ele está preso, acusado de agredir e fazer sumir a ex-amante e mãe de seu filho Bruninho”.

E a jornalista concluiu: “Todos os acusados – juiz, general, bispo, goleiro – se disseram ‘mal interpretados’. Queria saber se o juiz Edílson Rodrigues repetiria tudo o que pensa diante de Dilma. Algo me diz que ela tem apreço pela Lei Maria da Penha e não acha o mundo masculino”. Eu, particularmente, também espero que sim...


Nathalie Bernardo da Câmara



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