domingo, 20 de março de 2011

PETRÓLEO:

O SONHO AMERICANO

“Se o mundo enlouqueceu contra nós, também enlouqueceremos. Responderemos. Converteremos a sua vida em um inferno. Nunca terão paz...”. Khadafi Ditador líbio,

em declaração ao canal RTP, de Portugal






Em nada me surpreendeu o ataque militar aéreo contra a Líbia promovido pelos Estados Unidos, França - quel dommage, ma chère! -, Canadá, Itália e Reino Unido, que teve início neste sábado, 19. Afinal, tal decisão já havia sido aprovada por maioria na última quinta-feira, 17, pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas - ONU. Votaram favoráveis aos ataques: EUA, Reino Unido, França, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Colômbia, África do Sul, Nigéria, Gabão e Portugal. Em contrapartida, cinco importantes abstenções à operação, chamada de Odyssey Dawn, ou seja, Alvorada da Odisséia, geraram certa polêmica, que foram: Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha. Para a embaixadora brasileira Maria Luiza Viotti, “as medidas adotadas podem gerar mais danos do que benefícios”. A intervenção, contudo, já estava prevista pelo governo norte-americano, que, aliás, independentemente do respaldo da ONU, teria atacado à Líbia de qualquer jeito, inclusive por terra, a exemplo do que fez no Iraque. Daí eu não me surpreender com essa absurda decisão. Afinal, não há um só político norte-americano, seja democrata, republicano ou diabo a quatro, que, sendo eleito presidente dos Estados Unidos, já não assuma o poder especulando a possibilidade de fomentar guerras – parece uma praga, uma semente do mal. É como se a ganância e a arrogância estivessem no DNA dos políticos do país, que ficam apenas à espera de um pretexto qualquer para declarar guerra a não importa qual nação. Digo isso porque, mal assumiu a presidência do seu país, Barack Obama viu nos conflitos internos da Líbia a oportunidade para ele brincar de soldadinho de chumbo – estava demorando... Eu, particularmente, já sabia que isso ia acontecer. Só não sabia que a vítima seria a Líbia. Cheguei até a pensar, confesso, logo após a sua posse, que o bom moço, inclusive, poderia querer invadir a Amazônia, alegando que o governo brasileiro não tem competência para administrar tamanha riqueza natural, ou mesmo nos querer roubar o pré-sal. Porém, nesse caso, não sei qual o pretexto que os Estados Unidos criariam para tamanha sandice. Enfim! O fato é que, convenhamos, guerra não leva ninguém a lugar nenhum nem lugar nenhum a nada. E nada, mas nada mesmo, justifica a interferência de um dado país ou, no caso, de vários, cinco, a bem da verdade, na soberania de um outro país, não importa o quão pode ser desumano o tirano que o governa. O mais grave, entretanto, é que a maioria da população mundial sabe muito bem que o governo dos Estados Unidos, por exemplo, não está nem aí para nenhum outro país – quando foi que esteve? E essa história, então, de quererem defender os civis contrários ao ditador Khadafi é puro engodo. Para eles, aliás, as baixas das guerras que desencadeiam mundo afora se resumem, apenas, a efeitos colaterais. Digo isso porque, diante dos exemplos da História, o que importa, mesmo, para o governo norte-americano são as riquezas naturais, sobretudo se essas se traduzem em petróleo, que um dado país possa dispor, ou até mesmo um benefício de outra natureza que, de certa forma, possa lhe garantir a expansão do seu poder político diante do mundo. E arrogância para isso é o que não falta aos Estados Unidos.




Então... Quando eu soube que o tema do discurso do presidente norte-americano na tarde deste domingo, 20, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, seriam os direitos humanos vi logo que assistiríamos a uma comédia. Afinal, qual o seu entendimento por direitos humanos? E, como eu previa, foi só falácia, sobretudo porque ele não tem autoridade para falar sobre direitos humanos, liberdade, respeito, democracia, esperança... Ele não entende disso! Se entendesse, que não tivesse atacado a Líbia, que também é uma nação e – diga-se de passagem – “a maior economia movida a exportações de petróleo da África, à frente da Nigéria e da Argélia”, de acordo com o jornal Pravda. Daí que o governo dos Estados Unidos só irá cessar fogo quando alcançar o seu intento, mesmo porque é o maior interessado nas grandes reservas de petróleo da Líbia – os abusos de Khadafi contra o povo líbio serviram apenas de pretexto para os ataques. Só que o pior é que o infeliz do Obama ainda teve o desplante de pleitear o Nobel da Paz... Tenha dó!




Nathalie Bernardo da Câmara


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