Petrobrás
cai de 12ª para 120ª em ranking de maiores empresas
Lista
considera o valor de mercado das companhias e, entre as 100 primeiras, não traz
nenhuma brasileira
21 de março de 2014
Fernando Nakagawa,
correspondente da Agência Estado
LONDRES - A
página do jornal Financial Times na internet publicou
reportagem na manhã desta sexta-feira, 21, sobre a perda de valor de mercado
das empresas de países emergentes. O texto destaca o tombo da Petrobrás.
Segundo a publicação, o valor de mercado da estatal brasileira despencou e a
empresa que já foi a 12ª maior do planeta há cinco anos caiu para o 120º lugar
atualmente.
"Uma das maiores quedas foi da
Petrobrás, a empresa petrolífera estatal brasileira. Cinco anos atrás, era a
12ª maior empresa do mundo pelo valor de mercado. Um ano atrás, era a 48ª e
hoje é a 120ª maior, com um valor de mercado de US$ 76,6 bilhões", diz o
texto. O levantamento feito pelo jornal diz que entre as 100 maiores empresas
do mundo há apenas 11 emergentes e nenhuma é brasileira.
"Hoje, não
há nenhuma empresa emergente no Top 10 (de valor de mercado do mundo) e apenas
a Petrochina permanece no Top 20", diz a reportagem. A estatal chinesa do
petróleo é a 16ª maior companhia com valor de mercado do mundo. Entre as demais
emergentes, praticamente todas são da China: ICBC (22º), China Mobile (31º);
China Construction Bank (36º); Tencent (43º); Agricultural Bank of China (51º);
Bank of China (62º); China Petroleum (80º) e Sabic (87º).
Além da Petrobrás
que deixou de figurar entre as 100 maiores, o banco Itaú Unibanco, a colombiana
Ecopetrol e a mexicana América Móvil também caíram e não estão mais entre os
100 primeiros do ranking citado pelo FT.
Petrobrás
abriu mão de cobrar 'calote' da Venezuela em obras de refinaria
Parceria internacional. Como a
PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, nunca formalizou associação para
construir planta de refino em Pernambuco, empresa brasileira está impedida de
cobrar investimentos prometidos pelo então presidente Hugo Chávez
24 de março de 2014
Lisandra Paraguassu,
Andreza Matais e Fábio Fabrini / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Documentos inéditos da
Petrobrás aos quais o Estado teve acesso mostram que a empresa brasileira abriu
mão de penalidades que exigiriam da Venezuela o pagamento de uma dívida feita
pelo Brasil para o projeto e o começo das obras na refinaria Abreu Lima, em
Pernambuco. O acordo "de camaradas", segundo fontes da estatal, feito
entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da Venezuela
Hugo Chávez deixou o Brasil com a missão de garantir, sozinho, investimentos de
quase US$ 20 bilhões.
O acordo previa que a
Petrobrás teria 60% da Abreu e Lima e a Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), 40%.
Os aportes de recursos seriam feitos aos poucos e, caso a Venezuela não pagasse
a sua parte, a Petrobrás poderia fazer o investimento e cobrar a dívida com
juros, ou receber em ações da empresa venezuelana, a preços de mercado. Essas
penalidades, no entanto, só valeriam depois de assinado o contrato definitivo,
de acionistas. Elas não chegaram a entrar em vigor, já que o contrato não foi
assinado.
Os documentos obtidos
pelo Estado mostram que a sociedade entre a Petrobrás e PDVSA para construção
da refinaria nunca foi assinada. Existe hoje apenas um "contrato de
associação", um documento provisório, que apenas prevê, no caso de
formalização futura da sociedade, sanções pelo "calote" venezuelano.
Desde 2005, quando esse
termo de compromisso foi assinado pelos dois governos, até o ano passado, a
Petrobrás tentou receber o dinheiro devido pela PDVSA - sem sucesso. Em outubro
do ano passado, quando o investimento na refinaria já chegava aos U$ 18
bilhões, a estatal brasileira desistiu.
Os venezuelanos não
negam a dívida. No item 7 do "contrato de associação" a PDVSA admite
sua condição de devedora (ver ao lado). Antes desse documento, ao tratar do
fechamento da operação, uma das condições era o depósito, pelas duas empresas,
dos recursos equivalentes à sua participação acionária em uma conta no Banco do
Brasil - o que a o governo da Venezuela nunca fez.
Em outro documento
obtido pelo Estado, a Petrobrás afirma que estariam previstas penalidades para
o "descumprimento de dispositivos contratuais". Como nos outros
casos, essa previsão não levou a nada, porque as penalidades só seriam válidas
quando a estatal venezuelana se tornasse sócia da Abreu e Lima - e isso não
ocorreu.
Chávez e Lula. A ideia
de construir a refinaria partiu de Hugo Chávez, em 2005. A Venezuela precisava
de infraestrutura para refinar seu petróleo e distribuí-lo na América do Sul,
mas não tinha recursos para bancar tudo sozinha. Lula decidiu bancar a ideia.
Mas Caracas nunca apresentou nem os recursos nem as garantias para obter um
empréstimo e quitar a dívida com a Petrobrás.
Em dezembro de 2011, em
sua primeira visita oficial a Caracas, a presidente Dilma Rousseff tratou o
assunto diretamente com Chávez, que prometeu, mais uma vez, uma solução. Nessa
visita, o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, chegou a anunciar que
"havia cumprido seus compromissos" com a empresa e entregue uma
"mala de dinheiro em espécie" e negociado uma linha de crédito do
Banco de Desenvolvimento da China. Esses recursos nunca se materializaram.
O projeto inicial, que
era de US$ 2,5 bilhões, já chegava, em outubro do ano passado, aos US$ 18
bilhões, quando a Petrobrás apresentou ao seu Conselho de Administração a
proposta de assumir integralmente a refinaria. A estimativa é que o custo total
fique em torno de US$ 20 bilhões.
Para justificar os novos
valores, a empresa cita ajustes cambiais e de contratos, gastos com adequação
ambiental e o fato de ter ampliado a capacidade de produção de 200 mil para 230
mil barris por dia. Os novos itens e a ampliação da produção explicariam o
custo oito vezes maior que o inicial.
Procurada pelo Estado,
para falar sobre o "calote" da Venezuela, a Petrobrás informou que
nada comentará.
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