ARIDEZ NO IPIRANGA
“Se a política está em questãoé porque toda questão torna-se política...”.
Edgar Morin
Introdução a uma política do homem
O PIOR CEGO...
ESSA MORDOMIA ESTÁ
COM OS DIAS CONTADOS
É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO!
AFINAL...
DE REPENTE,
PARA SURPRESA DE TODOS...
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom do discurso sobre a crise que envolve o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “Não é problema meu. Não votei no Sarney para ser presidente do Senado nem votei para ele ser senador no Maranhão”, afirmou Lula, em entrevista na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP.
Ressalva: O senador foi eleito pelo Amapá... Até então, Lula vinha dando declarações públicas de apoio a Sarney, alvo de acusações de nepotismo, de uso de atos secretos no Senado Federal e de desvio de verba pública em uma fundação maranhense que leva o seu nome. “Somente o Senado é que pode dizer se ele vai ficar ou não”, disse Lula, que negou interferir no dia a dia do PT.
Sempre criticamente, com a língua mais afiada do que uma navalha, a jornalista Ruth de Aquino, diretora da sucursal da revista Época no Rio de Janeiro, escreveu:
“Eu não votei. E você? Quem votou em José Sarney para senador pelo Amapá? Quem colocou Sarney na presidência do Senado? Quem reabilitou Renan Calheiros, que sonha em ficar invisível para nada respingar no terno dele? Não fui eu. Nem você. O apoio do PMDB é essencial para quem? Não é para mim ou para você. Nem para o PT, hoje um partido quase amotinado, na tentativa de não desmilinguir. O PT já foi a cara de Lula e vice-versa. E hoje?
Hoje, o PT não consegue convencer o presidente a apoiar seus candidatos nas eleições locais. Restam as convicções, onde está o ideário, a coerência, a única tábua de salvação para um partido político que se preze? Neste chuvoso e movimentado recesso parlamentar, fatos e personagens insistiram em emergir dos bueiros com a apuração da imprensa e atropelaram as férias dos senadores.
O namorado-aspone da bela neta de Sarney, Henrique Dias Bernardes, de 27 anos, formado em física, com pós-graduação em economia e contabilidade, deveria ter sido vetado como servidor do Senado. Suas qualificações nada têm a ver com sua função de recepcionista: atende telefone, recebe senadores e emite recibos. O que faz ali um rapaz que, no Orkut, é membro das comunidades Galera Vip de Brasília e Estilo Cachorro (macho) e, nas muitas horas vagas, esquia e pratica kitesurf no exterior? Henrique deve ser um alienígena entre seus colegas recepcionistas. Mas a neta pediu, e eram R$ 2.700 por meio expediente – sabe como é? –, meio expediente no Senado. Além disso, os atos secretos servem para essas boquinhas. Que avô negaria?
Como Sarney não é uma “pessoa comum” e tem uma biografia que deve ser levada em conta em qualquer investigação do Ministério Público sobre falta de decoro ou tráfico de influência, a nomeação do namorado da neta não é nada mesmo. Em público (só em público), Sarney acaba de perder seu principal aliado. Entre a primeira declaração de Lula no exterior – “não há crise no Senado; apenas divergências” – e a última em São Paulo – “somente o Senado, que elegeu Sarney, pode dizer se ele vai ficar ou não” –, o país testemunhou toda sorte de tentativas de Lula para blindar um político que um dia ele chamou de “ladrão”. O Legislativo sentiu a mão de Lula tentando enquadrar o PT e dirigir o rumo das investigações e das notícias. Com o mal-estar crescente, seu discurso mudou: “Não votei no Sarney, não é problema meu”. É problema seu sim, presidente”. E nosso também.
Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989
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