DENGUE²
“No Brasil, a saúde é vista como um setor de gastos em vez de ser visto como gerador de emprego e renda...”.
Maria Alicia Ugá
Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz
Deu no jornal: Brasil já registra quase o dobro do número de casos de dengue em relação ao ano passado. E que, para combater o mosquito aedes aegipty, é preciso mobilização, já que até mesmo um buraco em uma árvore ou uma tampinha de refrigerante pode servir de criadouro, visto que espaço não é problema para o inseto, e que qualquer quantidade de água parada, sobretudo no período de chuva, é suficiente para estimular a sua proliferação – situação que se agrava porque se sabe que os ovos postos por uma fêmea pode variar de oitenta a cem unidades. E o mais curioso é que as fêmeas, por mais incrível que pareça, também possuem instinto maternal, já que só ponhem os seus ovos em águas onde elas sabem que há alimento para as suas crias, que são as larvas.
De fato, a situação tem tudo para ser preocupante, considerando que agentes de zoonoses da prefeitura de Belo Horizonte, por exemplo, até subindo em telhados atrás de larvas do mosquito estão. Afinal, em um ano, as mortes em Minas Gerais aumentaram quatro vezes mais – imagine, então, nos demais estados brasileiros! O fato é que, uma questão de saúde pública, a dengue mata, sem piedade. E cabe aos governos, em âmbito municipal, estadual e federal, intensificarem o combate aos focos do mosquito, encontrando outros meios, além dos familiares carros fumacê. À população, evitar a criação de focos, tomando os cuidados necessários sempre tão divulgados pela mídia e, provavelmente, já assimilados.
Ah! E não custa nada acender velas! Só que não para rezar pedindo proteção a um santo qualquer, mas para ajudar a afastar o mosquito com a fumaça. Ou, o que é mais agradável, alguns incensos. Agora, em lugares ermos, uma fogueira até que cai bem...
Cartas para Papai Nöel
já chegam aos Correios
“Não sou Papai Noel, mas ando de saco cheio...”.
Frase de pára-choque de caminhão
Lá pelas tantas, lendo o jornal, tomo conhecimento de que já começam a chegar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT cartinhas de crianças escritas para Papai Nöel, como fruto de uma campanha social, de iniciativa da instituição, considerada uma das maiores do país durante o período natalino, que teve início há mais de vinte anos, em parceria com escolas da rede pública de ensino do país, creches, abrigos, orfanatos e congêneres, que atendem crianças com vulnerabilidade social, a fim de que pessoas físicas e jurídicas adotem uma das cartas selecionadas e se responsabilizem em presentear quem as escreveu. De qualquer modo, a ECT também contempla cartas de crianças que escrevem para Papai Noel mesmo que os seus pedidos não tenham sido enviados por nenhum dos parceiros da instituição.
A novidade, contudo, da campanha Papai Noel dos Correios deste ano, com prazo de encerramento para o envio de cartas previsto para o dia 17 de dezembro, é a recente parceria da ECT com a Organização das Nações Unidas - ONU, que viu nos propósitos da instituição brasileira um alinhamento com um dos seus objetivos do milênio, denominado Educação básica de qualidade para todos, estimulando a redação manuscrita e o uso correto do Código de Endereçamento Postal – o famoso CEP – e do selo postal. Bom! Até aí, tudo bem! Eu só fiquei intrigada com o fato da meta institucional da campanha não ser a distribuição de presentes para crianças carentes ou não, mas a disseminação, em todo o país, de valores ditos natalinos, como, por exemplo, o amor ao próximo, a solidariedade e a felicidade, bem como a difusão da magia e do encantamento do Natal...
Ora! Que eu saiba, amor ao próximo e solidariedade não são valores – são sentimentos (no caso da felicidade, estado de espírito) – e, muito menos, prerrogativas exclusivas do período natalino. Além do mais, sentimentos não são racionais. Brotam – quando brotam –, espontaneamente, do coração de cada um, diferentemente de uma equação matemática qualquer, meramente cerebral. Outra coisa esquisita dessa campanha da ECT é querer difundir – ou impor – uma suposta magia ou um dito encantamento que, porventura, tem o Natal. Isso é coisa de cristão! E, convenhamos, nem todo o mundo tem a obrigação de sê-lo. Eu, particularmente, sempre achei o Natal uma festa extremamente maçante. E hipócrita, já que as pessoas passam o ano inteiro puxando o tapete das outras e, de repente, no período natalino, se tornam cordeiros de bondade e afeto.
Sem falar no consumismo desenfreado que anestesia as pessoas quando o final do ano aproxima-se e no componente brega que é a aura de toda a decoração natalina, com luzes coloridas piscando, presépios... Sei não, mas a única coisa que escapa é a tal da ceia de Natal, já que, como aprecio uma boa comida, aproveito para me fartar. Quanto a escrever cartas para Papai Nöel... Acho estranho porque, em toda a minha infância, nunca escrevi sequer uma linha para o dito bom velhinho pedindo o que quer que fosse para ele. E nunca alimentei a fantasia da existência de uma fábrica de brinquedos no Pólo Norte, onde duendes empacotam brinquedos para as crianças que os pediram, mas apenas para as bem comportadas, a serem entregues por um idoso altruísta voando em um trenó puxado por renas capazes de darem a volta ao mundo em apenas uma noite. Ninguém merece!
E garanto que essa minha descrença em nada me impediu de desfrutar da ludicidade inerente à infância. Eu, simplesmente, nunca acreditei em Papai Nöel. Impossível! Afinal, como acreditar em um idoso obeso passar por uma chaminé – a maioria nem tem uma – carregando um saco repleto de presentes? É demais! Nem a mente fértil de uma criança seria capaz de criar algo tão inverossímil. Tanto que eu sempre soube que quem nos davam presentes no dia de Natal eram os nossos pais, que ficavam a nos olhar abrindo os nossos respectivos presentes, provavelmente achando, pelo menos no meu caso, que eu acreditava naquela encenação. Assim, para não frustrá-los - os meus pais -, eu fazia de conta que acreditava, embora, rindo, eu pensasse: — Eles acham que eu sou idiota? Enfim! Eu acredito em Papai Nöel tanto quanto acredito em Dilma Rousseff...
Na Cidade do Medo
“Os homens não têm muito respeito pelos outros porque não têm por si...”.
Leon Trotsky (1879 - 1940)
Líder político e revolucionário russo
O mundo anda mesmo perdido... Nesta segunda-feira, 22, após seis meses de investigações, uma ação policial civil prende suspeitos de esquema para recrutar idosos a serviço do tráfico de drogas na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Segundo o delegado da 32ª DP (Taquara), João Luiz Costa, os idosos transportavam drogas para outras comunidades, como, por exemplo, o complexo do Alemão, no subúrbio do Rio. Cerca de sessenta agentes participaram da ação, que contou com o apoio de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de policiais militares que atuam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus. Sei não, mas, se dizem que Deus protege, talvez seja melhor mudar o nome do lugar onde se desenrolou a ação policial, garantindo aos idosos a segurança necessária para a sua idade, bem como a dos demais moradores... Que tal Cidade do Medo?
Nathalie Bernardo da Câmara
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