quarta-feira, 18 de maio de 2011


A RELATIVIDADE DO CONCEITO DE ARMAS


“No dia em que o Brasil tiver mais escolas terá menos hospitais...”.

Aldous Huxley (1894 - 1963)
Escritor inglês, autor de Admirável mundo novo (1932)

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“No dia em que o Brasil tiver mais escolas terá menos presídios...”.

Lygia Fagundes Telles
Escritora brasileira



Inquestionavelmente, o Brasil é, de fato, sui generis. Não o país em si, corrijo a tempo, mas os seus governantes, que sequer têm plataformas políticas definidas quando estão em campanhas, mas que, quando eleitos, pegam carona em, digamos, problemas corriqueiros do dia a dia do povo brasileiro que possam servir de ganchos que justifiquem os seus estéreis mandatos. Digo isso porque, se não fosse a tragédia ocorrida no dia 07 de abril do corrente, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando um jovem brasileiro, Wellington Menezes de Oliveira, 23, desatou a disparar cerca de sessenta tiros, calibres 32 e 38, contra alunos do estabelecimento de ensino, matando, implacavelmente, doze adolescentes, além dos muitos feridos, um dos políticos mais sem honra do Brasil, que é o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente do Congresso Nacional, teria tomado a iniciativa de propor um plebiscito, em outubro, quando a população, porque ele assim o quer, poderá se manifestar a favor ou contra o desarmamento com o intuito de coibir desequilíbrios dessa natureza em nossa sociedade. Nunca! Afinal, até uma criatura literalmente cega dos olhos enxerga ou sente, de longe, o cheiro azedo da demagogia do parlamentar, já que, lá no Maranhão...

 




Habitué ou não do meu blog, qualquer um percebe que, não é de hoje, muito me envergonha o referido parlamentar, presidente do Congresso Nacional do Brasil – país onde me encontro –, se aproveitar da desgraça alheia para se auto-promover. É indecente! E nem me venham dizer que esse homem é escritor, assim como eu. Ai! Dói saber que ele se considera um mestre. Chega a ser ofensivo para quem pratica o ofício como quem cumpre uma sina, uma vocação, como é o meu caso e o de muitos outros escritores sérios e responsáveis, brasileiros ou não. Afinal, convenhamos, esse homem não sabe separar nem um ponto de uma vírgula... Enfim! Se possível, gostaria que alguém me explicasse qual o crime de maior gravidade: o cometido por um civil psicopata (com um histórico familiar dos mais abusivos) – no caso, o do adolescente que fez besteira na escola do Rio de Janeiro –, dizimando, gratuitamente, adolescentes inocentes, ou o crime cometido por um político, seja ele qual for, embora, no caso, mais especificamente, Sarney, que, atualmente, não anda lá com muito prestígio popular, embora, por achar que o povo brasileiro não tem discernimento, tem o péssimo hábito de assinar um sem fim de decretos corporativos, legando, inexoravelmente, milhares à exclusão social?

Bom! Sei que, na condição de jornalista, deveria ter iniciado esta postagem com a informação que me motivou a escrevê-la. Perdão aos meus leitores habituais e aos de primeira viagem, mas... Confesso que fico possessa – não entendo – quando certas coisas graves, absurdas, eu diria, ocorrem neste país, ainda considerado de Terceiro Mundo, apesar dos nossos avanços para ascender de nível (risos), e ninguém, sobretudo la presidenta Dilma Rousseff, nada faz para reverter tais coisas – um dos motivos pelos quais não votei na sucessora do megalomaníaco Lula, pois sabia que ela não iria fazer nada a respeito. Afinal, um chefe de Estado que é conivente com as ações de um homem que é mais pernicioso do que a peste peçonhenta, como o é José Sarney, não merece o meu apoio. E não é uma questão de diplomacia, não! É uma questão de decência, respeito ao povo brasileiro que a elegeu, independentemente do coronel do Maranhão, que mais parece um terrorista tupiniquim na Terra dos Papagaios, sendo, portanto, o Congresso Nacional, a própria tropa de elite, enquanto o eleitor, por sua vez, termina se transformando no desavisado cego perdido em meio ao tiroteio de gente que não tem o menor dos escrúpulos. Daí que, em respeito ao povo brasileiro, gostaria de fazer um pedido à Dilma.

Em plenos poderes das minhas faculdades mentais, peço, conscientemente, e com os direitos que a Constituição Brasileira me confere, que, em nome da nova campanha contra o desarmamento no Brasil, cujo slogan é: Tire uma arma do futuro do Brasil, lançada no dia 06 do corrente, la presidenta faça de um tudo, como dizem os goianos, para tirar, nem que seja por decreto, o senador José Sarney do Congresso Nacional. Quem sabe, na supremacia que o cargo lhe confere, enquanto chefe do Executivo, bem que poderia banir Sarney para os Estados Unidos, ou, melhor ainda, para o Paquistão... Afinal, pela idade do jovem maranhense, com todo respeito à terceira idade, embora ele não respeite o povo brasileiro, sobretudo os seus eleitores, no mínimo deve andar com artrite e, lá, por aquelas bandas, a temperatura anda alta – um calor daqueles! Depois, é só tomar um banho de mar, que alivia as tensões (andei sabendo que as ondas são maravilhosas)... Qualquer dúvida é só consultar o presidente norte-americano Barack Obama, que, segundo dizem, se tornou especialista em questões meteorológicas. Enfim! Tudo isso só para dizer que essa terceira Campanha Nacional contra o Desarmamento não vai resultar em nada. É uma mera utopia, gastando dinheiro público em vão.

Vejamos... Em 2004, ainda com Lula, que adorava brincar de conduzir o Brasil, surgiu a primeira das campanhas; em 2005, um referendo dito do desarmamento... Parêntese! Referendo é para confirmar, pelo povo, uma dada lei já existente. Não foi o caso, já que lei alguma a respeito existia e, portanto, não tinha nada a ser referendado. O nome certo que, à época, deveria ter sido utilizado seria plebiscito – os assessores dos políticos não estudaram? Falam de referendo pensando em plebiscito... Enfim! Em 2008, uma nova campanha. Afinal, o referendo não deu em nada. Nesta, agora, de 2011, segundo o jornalista brasileiro Pedro Santos, do Diário Catarinense, “a polêmica está de volta: desarmar ou não a população? De um lado está quem acredita que o poder de fogo provocado pela posse de armas é sempre prejudicial tanto a quem detém a arma quanto às pessoas que estão ao redor. De outro, o argumento de que portar armas é a melhor chance que o cidadão comum tem de se defender da insegurança que atinge toda a sociedade brasileira”. Eu, particularmente, repudio todo e qualquer tipo de violência, com ou sem armas, sejam as de fogo, sejam as chamadas armas brancas. Infelizmente, esse novo plebiscito – se, de fato, houver – não resolverá o problema da violência no Brasil.

E nem adianta ficar aqui repetindo – um desperdício do meu latim, já que todos sabem disso e não fazem nada nesse sentido – que a única coisa que poderia não digo nem solucionar, mas minimizar essa chaga social, que é a violência, seria uma radical mudança no sistema econômico do país, modificando, definitivamente, as suas atuais políticas públicas, que – diga-se de passagem – estão para lá de ultrapassadas. Exemplo disso, aliás, seria a erradicação da miséria, como assim, inclusive, pretende la presidenta Dilma Rousseff. No caso, contudo, confesso que, nos moldes em que ela espera fazer isso, não creio, sem querer ser pessimista, que o consiga. É muito pouco tempo, ou seja, querer, até 2014, quando, a priori, o seu mandato encerra-se, querer solucionar esse câncer da nossa sociedade. Não chega a ser nem utopia da parte de la presidenta, mas, sim, sem querer ofender, pura demagogia ou, então, ela está completamente alheia à realidade da economia brasileira, sobretudo à realidade financeira que diz respeito ao seu povo. Mas, pegando a deixa da nova campanha contra o desarmamento no Brasil, aproveito para reproduzir mais três charges do brasileiro Sponholz, que, em seu humor habitual, nos dá exemplos de fazer valer o nosso voto, não mantendo nem elegendo certos políticos no poder.







Como diria o advogado e pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869 - 1948): “Um homem armado é um covarde...”.


Nathalie Bernardo da Câmara


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