domingo, 8 de julho de 2012

JAPÃO: QUANDO NÃO SE APRENDE A LIÇÃO NEM SE FAZ O DEVER DE CASA

Kansai Eletric Power, reator nº 3 da central de Ohi, no Japão – Foto: Kyodo/Reuters

“A energia nuclear é uma fonte de energia elétrica crucial...”.

Yoshiho Noda
Primeiro-ministro do Japão, justificando, há exatamente uma semana, no dia 1º, e indiferente à oposição da população, que em vão protestou, a reativação do primeiro dos 50 reatores do país que, em 2011, devido ao acidente como o de Fukushima, foram, gradualmente, sendo desligados, prometendo, ainda, que fará de tudo para não haver um outro, inclusive no caso de uma nova catástrofe natural.


Que o seja, então! Só que, depois, se houver uma nova tragédia igual ou similar a do ano passado, os governantes japoneses não saiam desesperados por aí, pedindo a solidariedade do mundo nem, muito menos, transfiram para o povo japonês o ônus de um eventual acidente, a exemplo do que estão pretendendo fazer agora, que é repassar aos consumidores os custos do acidente nuclear de Fukushimam, provocado pelo terremoto e pelo tsunami que devastaram o litoral nordeste do país, por meio do aumento das tarifas públicas. Sinceramente, não sei quem são mais predadores: se os governos norte-americanos ou os japoneses, cujos países, por terem chegado aonde chegaram – no topo do capitalismo –, tornam-se cada vez mais toscos, primitivos, acintosamente desumanos.


Enquanto isso, no Rio de Janeiro...

Foto: Divulgação

“Já esbarrei em coisas inimagináveis na Baía de Guanabara, até em um sofá...”.

Torben Grael
Iatista brasileiro


Depois da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento sustentável (UNCSD), o presente da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para tentar compensar o fiasco do evento: incluiu o Rio de Janeiro no rol dos patrimônios mundiais, conferindo à Cidade Maravilhosa o status de ser a primeira do mundo, no caso, a receber este título na categoria Paisagem Natural – o anúncio foi proferido durante a 36ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizada no dia 1º de julho em São Petersburgo, na Rússia. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a candidatura brasileira teve como argumento “a relação harmoniosa entre a natureza e a intervenção humana”... Enfim! O conceito paisagem natural, por sua vez, adotado pela Unesco em 1992, não contemplou – obviamente – a paisagem urbana, peculiar nos seus contrastes, do Rio de Janeiro.



De há muito versou a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (1911 - 1979):

— O Rio de Janeiro não é uma cidade maravilhosa, é uma paisagem maravilhosa para uma cidade...


Com ou sem degelo?

Plataforma de gelo de Filchner-Ronne, contígua ao Mar de Weddell. – Foto: Ralph Timmermann/ Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Marinha e Polar - Alemanha.

“As plataformas de gelo são como rolhas de garrafas para as correntes de gelo atrás delas. Elas reduzem o fluxo do gelo. No entanto, se as plataformas de gelo derreterem a partir de baixo, elas se tornam tão finas que as superfícies que arrastam se tornam menores e o gelo por trás começa a se mover...”.

Harmut Hellmer
Principal autor de uma pesquisa realizada na plataforma de gelo de Filchner-Ronne, na Antártica (fotografada acima), promovida pelo Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Marinha e Polar e cujo resultado foi publicado na revista Nature da primeira semana de maio.


Segundo o pesquisador Hellmer, a barreira protetora à qual ele se refere, a plataforma de gelo de Filchner-Ronne, irá, de acordo com os cálculos realizados pelo estudo, “desintegrar-se até o fim deste século”. Tal processo, portanto, deverá acelerar o nível dos oceanos. Um detalhe, contudo, divulgado pelos pesquisadores, é que boa parte “das observações de degelo se centralizou no lado ocidental do continente, em torno do Mar de Amundsen”, enquanto, no lado oriental, ainda não foi registrado “perda de gelo decorrente do aquecimento global”. Porém, não adianta fugir da realidade, visto que “os 450 mil metros quadrados da plataforma de gelo estão sob ameaça”, o que significa que os habitantes da Terra estão recebendo mais um alerta, devendo não mais ver reativados os seus reatores de energia nuclear, mas, sim, desativados, bem como banida de vez a ideia de se construir mais algum. Falando nisso, quais são mesmo a serventia e o futuro das usinas nucleares de Angra dos reis, no Estado do Rio de Janeiro? E pensar que no interior do Brasil, por exemplo, ainda existe quem não possua energia elétrica... O fato é que a soma energia nuclear mais catástrofes naturais não dá, como sabemos, um bom resultado. Corremos o risco, então, de regredirmos à Idade da Pedra, no caso, à da pedra polida, onde teríamos de reaprender a fazer fogo, consequentemente luz, com as próprias mãos?


Lembretes para agosto de 2012:



Saiba mais sobre como participar:


Nathalie Bernardo da Câmara


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