domingo, 29 de julho de 2012

MARINA SILVA E A BANDEIRA DOS ANÉIS

Foto: Divulgação.

“As Olimpíadas se referem a uma competição que não gera uma perda traumática e é essa competição saudável que precisamos ter no mundo. A ideia é a de que se pode conseguir harmonia e crescimento e usar o palco olímpico para passar essa mensagem é algo maravilhoso...”.

Marina Silva
Ambientalista brasileira, estabelecendo uma relação entre a proteção ambiental e as Olimpíadas, convidada que foi pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para conduzir, além de outras personalidades mundiais, a bandeira dos anéis olímpicos na abertura oficial do evento nesta sexta-feira, 27, em Londres.


Durante cerca de três horas, mais de 80 mil pessoas estiveram no Estádio Olímpico de Londres para a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2012, que contou com um pronunciamento da rainha Elizabeth II, enquanto dois britânicos encarregavam-se de transportar a tocha que logo acenderia a pira – momento mais esperado do evento – que iluminaria as competições esportivas com o espírito olímpico que remonta aos primeiros jogos já na antiguidade, celebrados pelos gregos a partir de 776 a. C. em homenagem a Zeus, durante os quais, mediante acordo, a “trégua sagrada”, as guerras eram interrompidas, bem como encerradas, em 393 d. C., as Olimpíadas da Era antiga. Enfim! O jogador de futebol David Beckham, após atravessar o rio Tâmisa de lancha, atracou em um dos canais próximo ao estádio e entregou a tocha olímpica ao ex-remador Steve Redgrave, pentacampeão olímpico, que assumiu o restante do percurso. A bandeira dos anéis olímpicos, por sua vez, foi carregada por personalidades de influência global que a organização geral do jogos escolheu para representar a paz mundial. Entre elas, o sul-coreano Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU); a liberiana Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz de 2011, e Marina Silva, ex-senadora, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata à presidência do Brasil. Quando acesa, portanto, a pira olímpica, por sete jovens escolhidos por sete atletas que fizeram historia no esporte britânico, 204 hastes metálicas acenderam-se, representando cada país das Olimpíadas, que estavam em círculo e se ergueram, formando uma grande tocha. Entre as atrações artísticas, a encenação da História da Inglaterra até a era moderna, sendo a música o ponto forte da cerimônia, encerrada, aliás, pelo músico britânico Paul MacCartney, que tocou e cantou Hey Jude, de sua autoria, lançada pelos Beatles em 1968.


A estrela brasileira que brilhou em Londres

Foto: Jonne Roriz/AE

“Levei ao estádio a mensagem de que a paz se faz com a proteção do meio ambiente...”.

Marina Silva
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.


Convidada sigilosamente pelo COI dias antes da cerimônia oficial de abertura dos jogos olímpicos, Marina Silva embarcou para a capital britânica logo em seguida e, como lhe foi pedido, guardou segredo. A informação, contudo, vazou – divulgou certo periódico brasileiro, vangloriando-se do furo jornalístico, quando a comitiva oficial do Brasil já estava em Londres, incluindo a presidenta Dilma Rousseff, que, na ala VIP, representava o país anfitrião dos jogos olímpicos de 2016; o presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS); os ministros Marco Antonio Raupp, da Ciência e Tecnologia; Gastão Vieira, do Turismo, que só ficou sabendo da missão da brasileira quando estava no Estádio Olímpico, e o ministro do Esporte Aldo Rebelo, que, aliás, caprichou na pitada de ironia, sem disfarçar a da inveja, ao saber da escolha daquela que tem sido uma pedra no seu sapato nos debates, ou melhor, nos embates acerca do novo Código Florestal: — Marina sempre teve boa relação com a aristocracia europeia. Fazer o quê?

O fato é que – não foi de se estranhar – não faltaram declarações capciosas, comentários maldosos e aquele ranço típico de quem acha que o universo gira ao seu redor, pautando a sua política e as suas preocupações sociais – quando as tem – numa dimensão local e não global. Ocorre que os critérios das escolhas de quem iria conduzir a bandeira dos anéis olímpicos na cerimônia, assistida ao vivo por bilhões de pessoas em todo o mundo, foram definidas pela organização geral dos jogos olímpicos, que decidiu por aqueles que mais representavam a aspiração comum a todos de cada um ser o melhor que pode ser. No caso de Marina, ela foi convidada por seu ativismo ambiental, notadamente reconhecido, inclusive, a nível mundial. Para ela, entretanto, o momento foi de emoção, comparada apenas à que sentiu quando, aos 16 anos de idade, soube que havia sido aprovada no curso de alfabetização, acrescentando que a sua participação num evento do porte das Olimpíadas foi, na verdade, um legado para o Brasil – legado esse, aliás, disse ainda, do qual não se deve tirar proveito. Em Londres, portanto, as Olimpíadas chegam a sua 28º edição desde a sua primeira versão na Era moderna, que ocorreu em Atenas, na Grécia, em 1896. Enfim! Vamos, agora, como não poderia deixar de ser, ao momento da charge:


Enquanto isso, abaixo da linha do Equador...


O mesmo ocorre quando das Copas do Mundo da vida, oportunidade durante a qual muitos relegam os problemas do país a sabe-se lá qual plano, embora exista quem grite! Na verdade, são dois gritos.

Nathalie Bernardo da Câmara

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceita-se comentários...