quinta-feira, 12 de julho de 2012

QUEM NÃO TIVER SEGURANÇA DE VIDA, QUE SE CUIDE!

“Não espere que a solução venha do governo. O governo é o problema...”.

Ronald Reagan (1911 - 2004)
Político e ator norte-americano, ex-presidente dos Estados Unidos.


Em período de campanha eleitoral, a sua ou a de um dos seus correligionários, a maioria dos políticos é capaz de tudo. Se necessário, coloca até a mãe no cadafalso e a executa, ele mesmo. Não estou, devido o título e a ilustração desta postagem, defendendo o ex-senador Demóstenes Torres, que, eleito pelo DEM-GO, teve o mandato cassado nesta quarta-feira, 11. Pelo contrário! Porém, se fosse observado melhor, se veria que, quando é alardeado, sem necessidade, o fato de que a cassação do mandato do político é um fato histórico, tudo não passa de uma grande e deslavada hipocrisia, sobretudo se for considerado que tal decisão foi tomada nos mesmos moldes da que igualmente cassou o mandato do ex-senador Luiz Estevão, então eleito pelo PMDB-DF, em junho de 2000, ou seja, em ano de eleições e em função de interesses outros que estão longe de serem bem intencionados. Tudo é matemático – por sorteio é que não é. Assim, se pega um parlamentar, digamos aquele que contabiliza mais provas de corrupção contra ele, somando à visão negativa já formada pela opinião pública em relação ao sujeito, e o trucidam. Escalpela-se o infeliz – igual se sacrifica um boi de piranha – apenas para mostrar ao povo que existe, sim, moralidade no Congresso Nacional. Tenha dó! Afinal, se, de fato, houvesse nem que fosse um feixe de ética na instituição, quem sobraria, mantendo o seu mandato, para contar a história? E não seria nem preciso passar um pente fino ou uma peneira não. Cairia a maioria. Por isso que toda essa encenação é para lá de ridícula e me admira muito que os partidos políticos ainda tenham a ousadia de elaborar um código de ética e apresentá-lo aos que se candidatam, amparados por suas legendas, a não importa qual cargo eletivo. O mais grave é que ainda existem dicionaristas que insistem em dizer que a política é uma arte disso ou daquilo outro. Façam isso, não! Não maculem o vocábulo arte. Falando nisso, há quem discorde do diplomata e escritor português Eça de Queirós (1845 - 1900) quando ele diz: “Os políticos são como as fraldas. Devem ser trocados constantemente. E sempre pelo mesmo motivo”. Se assim deve ser, ou seja, comparar os políticos as fraldas, sugerindo que ambos se sujam facilmente, melhor, então, nem elegê-los. Enfim! Se muitos apregoam que o Brasil está vivendo num regime democrático de direito, que revejam, então, a legislação eleitoral vigente e, ao invés do comparecimento obrigatório do eleitor as urnas, por exemplo, que ele o seja facultativo. Não fazem isso? Não, porque aumentariam os riscos, para os políticos, de não serem eleitos nem, muito menos, reeleitos. Só que é aí que reside o segredo: se um político é realmente honesto – coisa rara –, tem um bom programa de gestão e não recorre a subterfúgios para obter o voto do eleitor, não há porque ele temer não ser eleito ou, se for o caso, reeleito, devendo, contudo, ter consciência de que, por sua honestidade, não participando nem sendo conivente com a corrupção reinante, pode vir a ser excluído do processo. Outra coisa que também deve ser observada é que ainda existe quem diga que todos devem votar, nem que seja no menos ruim. Balela! Primeiro porque a dita expressão menos ruim já está para lá de errada. Segundo porque, se o candidato não for bom, mesmo, que procure outro emprego. Não o de político – até porque a política não é cabide para qualquer um se arvorar e dela querer fazer parte. Só que não é isso o que temos visto – e não é de hoje. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por sua vez, deveria ser mais rigoroso e, numa revisão da legislação brasileira, passar a cobrar dos candidatos a não importa qual cargo um diploma em gestão pública, cuja principal disciplina – precisa dizer? – seria ética, além, claro, da regulamentação da profissão, com registro profissional e tudo mais. Afinal, não é do emprego de político que muitos vivem, mesmo? Infelizmente, nada disso é do interesse da classe dominante do país e quem realmente a mantém no poder, que são os eleitores, a maioria ainda vista pelos políticos como massa de manobra, desconhece os seus direitos e não ousa sequer reivindicar profundas mudanças na legislação eleitoral brasileira. E tudo fica por isso mesmo. Tudo vai continuando na mesma, inclusive os programas eleitorais, que de tão degradantes chegam a ser repulsivos, já que agridem acintosamente a todos os que os assistem. Voto nulo? Uma posição política, uma postura política dos eleitores conscientes – infelizmente, a minoria –, que de há muito estão insatisfeitos com a oferta que lhes é apresentada nos programas dos candidatos durante as campanhas eleitorais e que, no caso do Brasil, querem novos rumos para o país. O motivo da escolha da frase atribuída a Ronald Reagan para epígrafe desta postagem? Nada melhor ouvir de quem já foi presidente de um país, ainda mais de um país como os Estados Unidos, cujos governantes, ao longo da sua História, só maculam a condição humana, já que só se empenham em dizimar a espécie, a verdade nua e crua de uma realidade decadente.

Nathalie Bernardo da Câmara

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