sábado, 14 de julho de 2012

TERRAS TUPINIQUINS

“É horrível assistir à agonia de uma esperança...”.

Simone de Beauvoir (1908 - 1986)
Escritora e feminista francesa


Desde o dia 6 de julho, o Brasil amanheceu mais triste, deprimido. É que, a partir desta data, a propaganda eleitoral dos candidatos nas eleições municipais do dia 7 de outubro deste ano passou a ser permitida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois de apuradas as urnas, os eleitores saberão se haverá ou não segundo turno, previsto para o dia 28 de outubro. Nesses locais, portanto, a poluição eleitoral continuará. Então! De acordo com o calendário do TSE, está liberado o uso de alto-falantes ou amplificadores de som nas sedes das candidaturas, dos partidos e das coligações, bem como em veículos, das 8 às 22hs, além da realização de comícios e da utilização de aparelhagem de sonorização fixa, das 8 às 24h. Isso sem falar que também está autorizada a propaganda eleitoral na Internet, estando vedada, contudo, a veiculação de toda e qualquer alusão paga a não importa qual candidato na rede mundial de computadores, incluindo as chamadas redes sociais, ou seja, o TSE cadastrou as primeiras armas através das quais a promiscuidade eleitoral no país poderá tentar brutalmente violentar quem quer que seja, indiscriminadamente, institucionalizando, assim, o flagelo dos candidatos por votos. E os chargistas, sempre tão pontuais, críticos mordaz da política, aproveitam o ensejo e fazem a festa!






O que fazer?



Como se já não bastassem todos esses ruídos na comunicação...


... Têm, também, os comícios dos candidatos.



Com as suas pautas de compromissos a cumprir.


E as que não pretendem cumprir...



Falando em campanha eleitoral:


O mês de agosto promete, ou melhor, o TSE promete novas armas brutais com as quais os candidatos possam violentar ainda mais não somente os que têm direito ao porte de voto, mas, também, a população como um todo: no dia 8, por exemplo, os partidos políticos tem assegurada prioridade postal para a remessa de propaganda eleitoral dos seus candidatos registrados – um privilégio, entre outros, amparado por lei (só faltava ser gratuita). Desse modo, quem for enviar uma carta simples, um cartão postal ou até, quem sabe, um sedex – não importa o formato da correspondência, o teor nem a urgência –, saiba que terá de entrar na fila... Agora, o pior mesmo será a partir do dia 21, quanto terá início a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, não poupando ninguém de tamanha aberração, independentemente da faixa etária.









Enquanto isso, nos bastidores...



Enfim! Da encenação nacional, participam, ainda, as igrejas:




Indiferente a tudo...



Portanto,

O fato é que, no caso do Brasil, eleitor é igual à ação da bolsa de valores: durante a campanha eleitoral dos candidatos, está em alta, pois todos disputam por seu voto; passadas as eleições, está em baixa, não tem mais serventia, considerando que já elegeu os candidatos que, ao assumirem os seus respectivos cargos, não tencionam representá-lo. Só que não deveria ser assim, visto que, sem o voto do eleitor, o político é quem não tem serventia. Assim, soa até estranho, quiçá despropositado, existir quem diga que política é uma arte ou, até mesmo, uma ciência. Tenha dó! Política está longe de ser arte ou ciência, estando mais do que na hora de os dicionários serem revistos e revisados. Afinal, o que se assiste, não é de hoje, resume-se, no máximo, a uma política das cavernas...




Continua...

Nathalie Bernardo da Câmara

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