Capa da edição n°
3537 da revista France Football,
publicada no dia
28 de janeiro de 2014.
Temos de tomar
alguns cuidados quando formos compartilhar determinadas informações – no caso das
redes sociais, então! E isso, sobretudo, se certas informações são
eminentemente polêmicas – aí as prevenções devem ser redobradas –, mesmo,
inclusive, quando elas são postadas por amigos que confiamos. Sim, porque,
afinal, um compartilha de lá, um compartilha de cá... Só que, no afã de imediatamente
compartilhá-la, apenas porque se é contra ou a favor de dada informação, nem
sempre checamos a sua procedência, que, aliás, pode, originalmente, até ser
verdadeira, embora, muitas vezes, o perigo não resida nem aí, mas nos
intermediários, aqueles que, pelos mais diversos motivos, se encarregam de divulgá-la.
Exemplo: na noite deste domingo,
16, chegou-me uma postagem supostamente divulgando a capa da edição desta
semana de uma revista francesa de futebol, ou seja, a France Football, que, considerada pelos especialistas como uma das
mais conceituadas do mundo, estampava certo medo, por parte da FIFA, de a Copa
de 2014 vir a ser realizada no Brasil, que, por sua vez, estaria minado por uma
crise econômica e social, não sendo, portanto, o país que, nem de longe, a referida
federação imaginou sonhar para organizar o mundial, visto que, a menos de cinco
meses do evento, já se tornou fonte de angústia. Ponto.
Horas depois, contudo, de
compartilhar a mencionada postagem, alguém me alertou para a possibilidade de a
informação não proceder – e em hipótese alguma –, sugerindo, ainda, que eu a
checasse. Imediatamente, cliquei no link e fui cair no site da Associação dos Diplomados
da Escola Superior de Guerra (ADESG-SP), logo ficando chocada ao tomar
conhecimento sobre quem são os mantenedores do site que divulgou a edição em
questão da revista francesa, não hesitando, assim, em deletar a postagem da
minha linha do tempo no Facebook. E não pela reportagem em si, que realmente
existe, mas pela interpretação tendenciosa feita da mesma por aqueles que
alimentam o site da ADESG-SP.
Desse modo, entrei num site
francês de pesquisa, em busca do site oficial do periódico francês e, de fato,
comprovei o mea culpa da FIFA –
nenhuma novidade –, por ter eleito o Brasil sede do mundial, mesmo lucrando enormemente com esse erro histórico, embora a publicação da reportagem tenha sido no dia 28 de
janeiro do corrente, não esta semana. Só que o grave, mesmo, entre outras interpretações levianas, foi o site da
ADESG ter afirmado que a edição não estava liberada para o Brasil por motivo
de censura, o que não é verdade. Ocorre que, diferentemente, por exemplo, do
jornal Le Monde diplomatique, que, entre
outros países, disponibiliza uma edição mensal para o Brasil, a revista France Football não se dá a esse luxo,
mas, pelo que entendi, qualquer um pode ter acesso as suas edições através, por
exemplo, da internet: basta ser assinante.
O que ninguém pode aceitar de bom
grado é propaganda enganosa ou dúbia de pessoas físicas ou jurídicas, tipo a
instituição militar supracitada, reacionária por excelência, vale salientar, cujo
objetivo – isso é grave e tem de ser dito – limita-se a desestabilizar o país ainda mais, fomentando terrorismo, diferentemente da
maioria que é contrária à Copa de 2014 em terras brasileiras, mas apenas por uma
questão de bom senso, considerando que, diante das crises econômicas e sociais pululando
por toda parte, o país nunca deveria ter sido eleito sede do mundial – o que também
não é nenhuma novidade. Ah! Ler ao final a respeito da Associação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop).
Enfim! Quem, de fato, tiver
interesse em assinar a revista francesa ou pesquisar a respeito, eis abaixo o
site oficial do periódico, que, aliás, fez uma ampla cobertura da situação, bem como outro site correlato. Se assinar, tem acesso à
reportagem Peur sur le mondial na
íntegra, pela internet, mas, tudo indica, em francês – talvez com a eficiente tradução do Google –, ou, se
for o caso, pedir para deixar um exemplar em casa...
A Articulação Nacional dos Comitês Populares da
Copa (Ancop), que reúne representantes
dos Comitês Populares da Copa das 12 cidades-sedes do mundial de 2014, já lançou a Campanha #Copapraquem?. O
objetivo é expor as violações de direitos humanos sofridas pela população em
razão do megaevento e questionar o real legado que ficará para o país após os
jogos.
Texto da peça acima:
A FIFA exige que se crie um
tribunal de exceção com raio de ação de 1km ao redor dos estádios. Este
tribunal julgará todos os crimes no entorno dos estádios com as determinações
da FIFA, passando por cima da nossa Constituição. Além disso, nesse perímetro
só poderão ser comercializados produtos de patrocinadores da FIFA. É assim que
estão querendo fazer a Copa no Brasil. Lucro pra poucos e exclusão pra muitos.
Confira diariamente as peças da Campanha no site http://www.portalpopulardacopa.org.br/ e compartilhe em suas redes sociais!
Nathalie Bernardo da Câmara
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