Por
Evaldo Alves de Oliveira
Médico
pediatra e homeopata, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Norte (IHGRN).
Crônica publicada no dia 23 de fevereiro de 2014.
Crônica publicada no dia 23 de fevereiro de 2014.
Blog do Evaldo - www.evaldoab.wordpress.com
Por que alguns pequenos
seres desaparecem, e até os esquecemos? De um nada, ressurgem alegres e
faceiros, a demonstrar a eterna força da vida que se recria a cada estação,
mesmo que em lugar de apenas duas estações: muito sol e nenhuma chuva, e muito
sol e alguns rasgos pluviométricos acompanhados de trovões e relâmpagos que
logo se iam. Nos arredores da cidade, pros lados da Ilha, a percepção mais
precisa do retorno da vida. Sapinhos, borboletas, plantas rasteiras. Era a
recriação da vida.
As
crianças, no pós-chuva imediato, logo percebiam a chegada dessa turminha, bem
como a animação dos animaizinhos com morada permanente. Aí, a alegria frenética
das formigas e o farfalhar, ou melhor, a fanfarronice dos massaricos. Nos
quintais, passarinhos desiludidos cantavam e pulavam, sem no entanto acreditar
no seguimento daquela breve estação, que sabiam passageira. Não sei por que,
mas agora fui tomado por uma nostálgica lembrança de Baleia, Sinha Vitória e
Fabiano.
Alguns
pequenos seres não conheci em minha cidade, no interior do Rio Grande do Norte,
e até hoje me encantam. Quando, ao caminhar por meu quintal, vejo alguns
miquinhos (saguis) saltitando nos galhos das árvores, e imagino que jamais os
vi quando criança, sou acometido de uma sensação estranha, um misto de
nostalgia e indignação. É que conheci esses bichinhos sendo oferecidos aos
motoristas que passavam pelas estradas do interior de Minas Gerais, quando da
minha primeira grande viagem, de Natal para Brasília, em busca de um
lugar para minha Residência Médica. Necessidade ou traficância?
Mas
tem alguns bichinhos em minha infância que, com status de monstros
pré-históricos, munidos de garras e tentáculos, trombas fortes e
amedrontadoras, muitas vezes me assustaram. Certo dia os vi por aqui. Eles
andavam sumidos. Imagino que por lá também. Do mesmo modo que em minha
infância, aqui eles surgem de repente, no pós-chuva do planalto central. Eles,
os Besouros.
O
mais representativo besouro de minha meninice é o rola-bosta, um escaravelho.
Deve seu estranho nome ao hábito de rolar para trás excremento de bovino ou de
cavalo, em forma de bola,
procedimento envolvido em seu processo de reprodução biológica; serve de
alimento para si e para os filhotes.
Foto da internet
Eu,
criança, não conseguia entender o jogo da vida que se renova a cada estação. Em
algumas, como que trazidos pela chuva, a figura do rola-bosta.
Aqui,
os coleópteros, o escaravelho, o rola-bosta.
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