21 de fevereiro de 2014 - O Estado
de S. Paulo
A
classe média está no radar de todas as campanhas presidenciais. Mais do que
sempre esteve, porque agora inclui público muito maior que tem mostrado nas
pesquisas qualitativas seus anseios com gosto de quero mais.
Depois da estabilidade
da economia que marcou a eleição de Fernando Henrique Cardoso; dos ganhos
sociais que levaram Luiz Inácio da Silva aos píncaros da popularidade e da
continuidade que elegeu Dilma Rousseff, o eleitor desta vez quer ouvir falar em
melhoria de vida. Não de mera sobrevivência.
Exige condições
decentes, não se conforma com o básico, almeja bem-estar, reciprocidade por
parte do Estado a quem paga parcela substancial de seus salários em impostos, e
está bem mais escolado na defesa contra promessas vãs.
É nesse cenário que os
aliados dos três candidatos, a presidente e seus dois adversários, Aécio Neves
e Eduardo Campos, analisam com franqueza protegida pelo anonimato que a disputa
não está fácil para ninguém.
O favoritismo de Dilma
apontado nas pesquisas só é analisado com o otimismo de vitória no primeiro
turno na conta matemática de manchete de jornal.
Com 43,5% de avaliação
positiva, oscilação negativa de avaliação de governo e críticas generalizadas
em setores que até pouco tempo elogiavam ou prestavam silêncio reverencial, no
dizer dos correligionários não configuram um ambiente confortável.
Os oposicionistas
tampouco soltam foguetes. Reconhecem que não capitalizaram esse
descontentamento. Esperam fazê-lo mais à frente quando o jogo efetivamente
começar.
Mas, o patamar de 17%
para Aécio e 9% para Eduardo Campos não autorizam os festejos dessa mesma época
em 2010 quando José Serra navegava em índices de 40%.
A canoa virou,
argumentam. E pode virar de novo, a favor deles. É verdade, mas quem sabe o que
vem por aí na economia e na Copa? Ninguém. Quando se procura saber o que os
oposicionistas pensam em fazer diante dos possíveis protestos a resposta é:
preferencialmente nada.
Tirar proveito de
possíveis tragédias ou de manifestações contra todos os políticos e que atingem
também governadores de Estados onde haverá jogos pode ser um risco. Melhor não
correr.
Conclusão: diante da
constatação que dá início à nossa conversa, por ora preferem todos ficar na
muda, preparando seus discursos de acordo com o que as pesquisas mostram que o
eleitor quer ouvir e esperando o vendaval (para o bem ou para o mal) da Copa
passar para, então, se apresentarem.
Até lá, é tudo
aperitivo.
Faz sentido. No fim
do ano passado num encontro de representantes de um grande banco de
investimentos americano em Foz do Iguaçu na América Latina era grande a
preocupação com a simpatia do governo brasileiro pelos países ditos
bolivarianos.
O ex-presidente da
Colômbia, Álvaro Uribe, estava na plateia. Na ocasião soou algo estranha sua
indagação sobre a possibilidade de o Brasil como líder da região seguir o rumo
da Venezuela.
Para quem vive aqui a
resposta é óbvia: zero. Mas, pensando bem, para quem acompanha o panorama a
distância, agora ouve o silêncio do Brasil ante a convulsão venezuelana e não
conhece a fundo a capacidade de resistência das instituições nacionais, é uma
inquietação pertinente.
Em movimento. Está
praticamente fechada a escolha do vice na chapa ao candidato do PMDB ao governo
do Rio, Luiz Fernando Pezão. Será Ronaldo Cézar Coelho, ex-tucano agora filiado
ao PSD de Gilberto Kassab.
O ex-prefeito é
candidato ao governo de São Paulo com dois objetivos: mostrar ao seu eleitorado
de perfil conservador que seu apoio a Dilma Rousseff é tático, não significa
que tenha virado petista e ajudar a impedir a reeleição do governador Geraldo
Alckmin.
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