“O PT é, de fato, um
partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos
presos...”.
Joelmir
Beting (1936 - 2012)
Jornalista brasileiro,
em frase profética alguns anos atrás.
Antiga
forma
Dora
Kramer - O Estado
de S. Paulo, em 12 de fevereiro de 2014.
Dia de
aniversário no PT é sempre um acontecimento. Em fevereiro de 2013, com dois
anos de antecedência, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva lançou a candidatura
da presidente Dilma Rousseff à reeleição durante a comemoração de uma década
dos petistas no poder.
Anteontem, na festa de 34
anos de vida do partido [10-02], estava previsto que Lula lançaria Dilma de novo. Mas,
mudou os planos, viajou para os Estados Unidos segundo consta para
"melhorar o humor" de um grupo de investidores.
Enquanto o chefe animava
o auditório por lá, aqui Dilma e os companheiros faziam um ensaio geral do
discurso eleitoral pintados para a guerra com a oposição. Pelo que se
depreendeu do tom, aquele modelo 'paz e amor' que levou à vitória em 2002 está
de novo trancado no armário.
Foi substituído pelo
figurino mais adequado aos embates de vale-tudo. Vale inclusive - ou melhor,
principalmente - adaptar radicalmente a realidade para que ela atenda da forma
mais adequada às conveniências.
Embora não tenha sido
essa a intenção, de maneira invertida os oradores acabaram fazendo uma reflexão
no espelho. A presidente Dilma Rousseff chamou seus opositores de "caras
de pau". Ou seja, cínicos, dados à desfaçatez, a afirmar coisas que não
são verdadeiras, que agridem os fatos. Mentirosos, pois.
Vamos deixar de lado
águas passadas - aquelas em que um partido de oposição navegava atacando a
política econômica para incorporar a mesmíssima política e ainda chamá-la de
sua assim que virou governo - para nos atermos ao discurso atual do presidente
do PT, Rui Falcão.
"Neopassadismo"
e "novovelhismo" foram os neologismos inventados para emoldurar em
sarcasmo as candidaturas adversárias, apresentadas como "farinha do mesmo
saco". Ambas, na análise de Falcão, escoradas em "dinossauros"
da política, todos integrantes das "velhas oligarquias" às quais os
oponentes estariam enfeitando com "paetês" e "falsas
alegorias" a fim de apresentarem-se ao eleitorado como representantes da
renovação.
Bem, farinha por
farinha, dividiam até meses atrás do mesmo "saco" o PT e o PSB de
Eduardo Campos, o destinatário "novovelhismo" no dizer da novilíngua.
O tucano Aécio Neves seria o "neopassadista".
Quanto aos dinossauros,
às oligarquias e aos balangandãs nelas pendurados, se Falcão referiu-se aos
avós dos dois candidatos, Miguel Arraes e Tancredo Neves, respectivamente, fez
homenagem póstuma a dois personagens que fizeram cada qual à sua maneira,
História.
Diferente das maneiras
com que Paulo Maluf, Fernando Collor, José Sarney, Jader Barbalho, Renan
Calheiros e companhia protagonizam muitas histórias sob os olhares embevecidos
e as palavras sempre agradecidas do PT.
Antes de finalizar mais
uma vez atacando o Supremo Tribunal, no que seria acompanhado com entusiasmo
pela plateia em saudação aos "guerreiros do povo brasileiros" presos
na Papuda, Falcão criticou os adversários por fecharem os olhos a denúncias de
corrupção.
A presidente Dilma tem
razão, o caradurismo grassa.
Vantagem nenhuma. O
governo trata as críticas do empresariado com desdém. Aqueles que não são
qualificados como pessimistas, são incluídos na lista dos politicamente
engajados em candidaturas presidenciais da oposição.
Fica faltando, porém,
uma justificativa para as reiteradas recusas de empresários simpáticos ao
Planalto em assumir a pasta do Desenvolvimento no lugar de Fernando Pimentel.
Dois exemplos mais recentes, Josué Gomes da Silva e Abílio Diniz.
O último empresário de
grande porte a participar do governo, Jorge Gerdau, ficou falando sozinho
quando apontou a impossibilidade de se administrar o País com 39 ministérios.
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