Pragmatismo Político – 30 de janeiro de 2014
Estudantes Brasileiros denunciam xenofobia na
Universidade de Coimbra, em Portugal. Há desrespeito no ambiente escolar até
mesmo por professores
Cartazes de
protesto com [vários] dizeres ganharam as redes sociais nos últimos dias
denunciando a xenofobia praticada contra brasileiras e brasileiros estudantes
da Universidade de Coimbra, em Portugal. A repercussão das mensagens na
internet, entretanto, esconde uma realidade muito mais complexa: o ódio contra
estrangeiros é apenas uma das formas do preconceito perpetrado diariamente no
campus universitário português. Indiscriminadamente, alunos e professores de
Coimbra adotam, com agressividade, posturas racistas, machistas e homofóbicas.
O que houve
foi uma confusão criada a partir de uma versão equivocada que circulou na
internet. No início, acreditou-se que os cartazes faziam parte de uma
manifestação organizada apenas por brasileiros vítimas de xenofobia em Coimbra.
Mais tarde, viu-se que a história não era bem essa. Durante uma campanha
eleitoral para uma instituição acadêmica discente, uma das chapas estudantis
adotou como bandeira política a denúncia das diversas formas de opressão
presenciadas na universidade — entre elas, o preconceito contra brasileiros.
Resolveram então produzir “ensaios” e estampar cartazes com as agressões
ouvidas e presenciadas por alunos.
A chapa Lista R – Reset à AAC, organizadora da manifestação, lamentou a
descontextualização da campanha e disse que se assustou com a repercussão
equivocada. Os membros do grupo, contudo, confirmaram que há sim casos de xenofobia
contra estudantes estrangeiros, brasileiros ou não.
“Isso não é
uma guerra entre portugueses e brasileiros. Estamos todos juntos no combate a
todo tipo de discriminação”, afirmam os representantes da chapa.
Em nota, a Universidade de Coimbra disse que investigou o ocorrido e
negou que haja casos de racismo na instituição, mas afirmou estar aberta a
receber qualquer denúncia. “Refutamos categoricamente a acusação de que haja um
ambiente de xenofobia na Universidade de Coimbra. Em qualquer caso, se viermos
a ter conhecimento de alguma situação de discriminação efetiva em função da
nacionalidade, atuaremos com determinação, nomeadamente através de ação
disciplinar”, destacou o comunicado.
Os estudantes, por sua vez, afirmam que são poucos
os casos que chegam a ser denunciados — tanto pelo medo das vítimas, quanto
pela falta de informações a respeito. Em função disso, os episódios ocorridos
na Faculdade de Letras (FLUC) ganharam mais repercussão justamente terem sido denunciados
à direção.
A Universidade de Coimbra afirma ter mais de 4 mil
estudantes estrangeiros, de mais de 90 nacionalidades. Recentemente, Portugal
tem investido na atração de alunos estrangeiros como forma de obter recursos
para as instituições de ensino superior. Desde 2005, os repasses anuais às
universidades caíram quase um terço. Em 2014, o corte será de 4,1%.
Paulo Pastor Monteiro, Opera Mundi
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