segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ERA UMA VEZ UM TABLET

“Foi um rio que passou em minha vida...”.

Paulinho da Viola
Cantor e compositor brasileiro


Não faz muito tempo, um cidadão apanhou um táxi no meio de uma das muitas ruas de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Lá pelas tantas, enquanto, pontualmente, era deixado em casa, o passageiro nem se deu conta de que deixou cair o seu tablet no banco de trás do táxi. Não demorou muito, o taxista viu o objeto esquecido no banco traseiro. Honesto (nem sabia mexer naquilo), ele pediu a um entendido no assunto para localizar o dono através do próprio objeto e conseguiu. Conseguiu até o telefone. Não demorou muito, ligou, humildemente, para o seu dono, pois queria entregá-lo em mãos. Ocorre que, pensando que estava fazendo uma boa ação, o que o bondoso taxista ouviu?

— O senhor me roubou!
— Não, o senhor é quem esqueceu o seu “tablete” no meu táxi. E eu ainda estou lhe fazendo o favor de querer devolvê-lo...
— Favor nada! É a sua obrigação. Venha aqui, agora, na minha casa, entregue o meu tablete e ainda pague a corrida.

Já era feriado de carnaval – o taxista indo com a família curtir a folia numa praia do Litoral Norte (afinal, taxista também é gente e tem direito a lazer). Só que, educado e consciencioso, o taxista disse que, tão logo fosse possível, o moço receberia o seu “tablete”, são e salvo. Era só ter paciência.

O dono do tablet, por sua vez, disse que o mesmo tinha GPS e que iria mandar a polícia atrás do taxista, já que, em sua opinião, tinha, indevidamente, se apropriado de um bem seu.

Indignado, pois nada tinha a ver com o esquecimento alheio e ainda estava querendo ajudar, o taxista parou o carro – a família dentro – no meio de uma das pontes que cortam o Rio Potengi e disse: — O senhor está sendo deselegante, desrespeitando-me.
 — É? E o senhor vai ter a polícia em seu encalço. – ameaçou o passageiro.
— Vou? – retrucou o taxista.
— Vai!
— Quis ser gentil, mas, o senhor é muito mal agradecido, arrogante.
— O senhor não me escapa...Devolva o meu tablet!

Não deu outra!Por mais que a esposa dissesse não, o taxista, gente do bem, alertou o incauto: — Se está, então, com tanta pressa, venha pegá-lo.
— Pegá-lo, onde? – quis saber o passageiro, intrigado. – O que houve?

— Não ouviu o ploft? – insistiu o motorista. – É que acabei de jogar o seu “tablete” no Rio Potengi...

Moral da história: arrogância não leva ninguém a nada, nem a lugar nenhum! 

Nathalie Bernardo da Câmara

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