quarta-feira, 22 de outubro de 2014

TIMES ELOGIA APOIO DE CUBA CONTRA EBOLA

New York Times afirma que ajuda de Cuba contra o ebola é 'a mais robusta do mundo'

Editorial do maior jornal impresso do mundo defendeu que Havana e Washington trabalhem juntos para combater a epidemia

POR 

 / ATUALIZADO 20/10/2014 14:53


Primeira leva de médicos cubanos chegou a Serra Leoa na semana passada - Florian Plaucheur / AFP


RIO - Em editorial publicado neste domingo (19), o jornal The New York Times elogia a ação de Cuba na luta contra o ebola, afirmando que o país "desempenha o papel mais robusto entre as nações que buscam conter o vírus". Além disso, o maior veículo de comunicação impressa do mundo concordou e defendeu a posição do ex-presidente cubano Fidel Castro, que no fim de semana pediu para que Estados Unidos e Cuba ponham suas diferenças de lado e trabalhem juntos para combater a epidemia. Para o Times, Fidel está "totalmente certo". Leia abaixo o editorial:

"Cuba é uma ilha empobrecida que permanece em grande parte isolada do mundo e encontra-se a cerca de 4,5 mil quilômetros das nações do Oeste Africano onde o ebola está se espalhando a uma velocidade alarmante. No entanto, tendo se comprometido a enviar centenas de profissionais médicos para as linhas de frente da pandemia, Cuba desempenha o papel mais robusto entre as nações que buscam conter o vírus.

A contribuição cubana sem dúvidas indica a intenção de, pelo menos em parte, reforçar a sua já sitiada posição internacional. No entanto, ela deve ser elogiada e imitada.

O pânico global com o ebola não ainda não trouxe uma resposta adequada das nações que mais têm a oferecer. Enquanto os Estados Unidos e vários outros países ricos ficaram felizes em somente prometer fundos, apenas Cuba e algumas organizações não-governamentais estão oferecendo o que é mais necessário: profissionais de saúde no campo da epidemia.

Médicos na África Ocidental precisam desesperadamente de apoio para estabelecer instalações de isolamento e mecanismos para detectar casos mais agilmente. Mais de 400 profissionais de saúde foram infectados, e cerca de 4.500 pacientes morreram até o momento. O vírus já chegou aos Estados Unidos e à Europa, aumentando os temores de que a epidemia poderá em breve tornar-se uma ameaça global.

É uma pena que Washington, o principal doador na luta contra o Ebola, é diplomaticamente afastado de Havana, justamente o contribuinte mais ousado. Neste caso, o cisma tem consequências de vida ou morte, porque as autoridades americanas e cubanas não estão equipadas para coordenar os esforços globais em alto nível. Isso deve servir como um lembrete urgente ao governo Obama de que os benefícios de se restabelecer rapidamente as relações diplomáticas com Cuba de longe superam as desvantagens.

Os profissionais de saúde cubanos estarão entre os estrangeiros mais expostos, e alguns poderiam muito bem contrair o vírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) está orientando a equipe de médicos, mas ainda não está claro como a instituição iria tratar e evacuar os cubanos que adoecerem. O transporte de pacientes em quarentena requer equipes sofisticadas e aeronaves especialmente adaptadas para tal fim. Mas a maioria das companhias de seguros que oferecem serviços de evacuação médica disse que não fará voos de pacientes com ebola.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogiou na última sexta-feira "a coragem de qualquer profissional de saúde que encara este desafio", e fez um breve reconhecimento da iniciativa de Cuba. Por uma questão de bom senso e compaixão, os militares dos Estados Unidos, que agora tem cerca de 550 tropas na África Ocidental, devem comprometer-se a oferecer a qualquer cubano doente o acesso ao centro de tratamento do Pentágono construído em Monrovia e a auxiliar com a evacuação do paciente.

O trabalho destes médicos cubanos beneficia todo o esforço global e deve ser reconhecido por isso. Mas as autoridades do governo Obama têm insensivelmente se recusado a dizer se lhes oferecerão alguma ajuda.

O setor de saúde cubano está ciente dos riscos em missões perigosas. Médicos cubanos assumiram o papel principal no tratamento de doentes de cólera no rescaldo do terremoto do Haiti em 2010. Alguns voltaram para casa doente, fazendo então a ilha ter seu primeiro surto de cólera em um século. Uma epidemia de ebola em Cuba seria um risco muito mais perigoso e aumentaria as chances de uma rápida propagação do vírusno hemisfério ocidental.

Cuba tem uma longa tradição de envio de médicos e enfermeiros para áreas de desastre no exterior. Nos dias seguintes ao furacão Katrina, em 2005, o governo cubano criou um corpo médico de reação rápida e se ofereceu para enviar médicos para New Orleans. Os Estados Unidos, sem surpresa, não aceitaram o bom gesto de Havana. No entanto, autoridades em Washington pareciam sensibilizadas ao saberem nas últimas semanas que Cuba havia preparado equipes médicas para missões em Serra Leoa, Libéria e Guiné.

Com o apoio técnico da OMS, o governo cubano treinou 460 médicos e enfermeiros sobre as precauções rigorosas que devem ser tomadas para tratar pacientes com o vírus altamente contagioso. O primeiro grupo de 165 profissionais chegou a Serra Leoa nos últimos dias. José Luis Di Fabio, representante da OMS em Havana, disse que os médicos cubanos já estavam especialmente preparados para a missão, pois muitos tinha trabalhado na África.

- Cuba tem profissionais médicos muito competentes - disse Di Fabio, que é uruguaio.
Di Fabio afirmou ainda que os esforços de Cuba para ajudar em situações de emergência de saúde no exterior são frustrados pelo embargo dos Estados Unidos impõe na ilha, que luta para adquirir equipamentos modernos e manter as prateleiras médicas adequadamente abastecidas.

Em uma coluna publicada no fim de semana no jornal estatal de Cuba, Granma, Fidel Castro argumentou que os Estados Unidos e Cuba deveriam colocar de lado suas diferenças, mesmo que apenas temporariamente, para combater o flagelo mortal. Ele está absolutamente certo."

Original…


The Opinion Pages | EDITORIAL

Cuba’s Impressive Role on Ebola



Cuba is an impoverished island that remains largely cut off from the world and lies about 4,500 miles from the West African nations where Ebola is spreading at an alarming rate. Yet, having pledged to deploy hundreds of medical professionals to the front lines of the pandemic, Cuba stands to play the most robust role among the nations seeking to contain the virus.
Cuba’s contribution is doubtlessly meant at least in part to bolster its beleaguered international standing. Nonetheless, it should be lauded and emulated.
The global panic over Ebola has not brought forth an adequate response from the nations with the most to offer. While the United States and several other wealthy countries have been happy to pledge funds, only Cuba and a few nongovernmental organizations are offering what is most needed: medical professionals in the field.


Doctors in West Africa desperately need support to establish isolation facilities and mechanisms to detect cases early. More than 400 medical personnel have been infected and about 4,500 patients have died. The virus has shown up in the United States and Europe, raising fears that the epidemic could soon become a global menace.
It is a shame that Washington, the chief donor in the fight against Ebola, is diplomatically estranged from Havana, the boldest contributor. In this case the schism has life-or-death consequences, because American and Cuban officials are not equipped to coordinate global efforts at a high level. This should serve as an urgent reminder to the Obama administration that the benefits of moving swiftly to restore diplomatic relations with Cuba far outweigh the drawbacks.
The Cuban health care workers will be among the most exposed foreigners, and some could very well contract the virus. The World Health Organization is directing the team of Cuban doctors, but it remains unclear how it would treat and evacuate Cubans who become sick. Transporting quarantined patients requires sophisticated teams and specially configured aircraft. Most insurance companies that provide medical evacuation services have said they will not be flying Ebola patients.
Secretary of State John Kerry on Friday praised “the courage of any health care worker who is undertaking this challenge,” and made a brief acknowledgment of Cuba’s response. As a matter of good sense and compassion, the American military, which now has about 550 troops in West Africa, should commit to giving any sick Cuban access to the treatment center the Pentagon built in Monrovia and to assisting with evacuation.
The work of these Cuban medics benefits the entire global effort and should be recognized for that. But Obama administration officials have callously declined to say what, if any, support they would give them.
The Cuban health sector is aware of the risks of taking on dangerous missions. Cuban doctors assumed the lead role in treating cholera patients in the aftermath of Haiti’s earthquake in 2010. Some returned home sick, and then the island had its first outbreak of cholera in a century. An outbreak of Ebola on the island could pose a far more dangerous risk and increase the odds of a rapid spread in the Western Hemisphere.
Cuba has a long tradition of dispatching doctors and nurses to disaster areas abroad. In the aftermath of Hurricane Katrina in 2005, the Cuban government created a quick-reaction medical corps and offered to send doctors to New Orleans. The United States, unsurprisingly, didn’t take Havana up on that offer. Yet officials in Washington seemed thrilled to learn in recent weeks that Cuba had activated the medical teams for missions in Sierra Leone, Liberia and Guinea.
With technical support from the World Health Organization, the Cuban government trained 460 doctors and nurses on the stringent precautions that must be taken to treat people with the highly contagious virus. The first group of 165 professionals arrived in Sierra Leone in recent days. José Luis Di Fabio, the World Health Organization’s representative in Havana, said Cuban medics were uniquely suited for the mission because many had already worked in Africa. “Cuba has very competent medical professionals,” said Mr. Di Fabio, who is Uruguayan. Mr. Di Fabio said Cuba’s efforts to aid in health emergencies abroad are stymied by the embargo the United States imposes on the island, which struggles to acquire modern equipment and keep medical shelves adequately stocked.

In a column published over the weekend in Cuba’s state-run newspaper, Granma, Fidel Castro argued that the United States and Cuba must put aside their differences, if only temporarily, to combat a deadly scourge. He’s absolutely right.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceita-se comentários...