Homenagem de Jô Oliveira
ao “Pai do Cordel Brasileiro”
150 anos do Primeiro sem Segundo
Cordel Atemporal – Espaço dedicado à Literatura de Cordel e à Divulgação da Cultura Popular Brasileira
15 de maio de 2015
Nascido em 1865 no sítio Melancia, no município paraibano de Pombal, Leandro é, ao mesmo tempo, o grande desbravador da seara do cordel e sua melhor tradução. Não foi o primeiro a escrever e a publicar obras no gênero, mas, a partir dos temas explorados por ele e por seu conterrâneo Silvino Pirauá, dezessete anos mais velho, o cordel editado no Brasil achou o seu rumo.
Sua obra abrangia desde os livros do povo, trazidos pelo colonizador luso, em
versões fiéis ou recriações, a poemas que destacavam a gesta do gado, como a História
do Boi Misterioso, ou relatos lendários, como o impressionante
romance O Cachorro dos Mortos. Esta trajetória singular está bem
esmiuçada na biografia do artista escrita pelo cordelista e admirador Arievado
Viana, Leandro Gomes de Barros Vida e Obra (produção conjunta
da editora Queima-Bucha e do Sintaf de Fortaleza).
Leandro inspirou grandes
artistas, a exemplo de Ariano Suassuna, que, de duas obras suas inspiradas em
contos tradicionais, O Dinheiro e O Cavalo que
Defecava Dinheiro, além do poema de cunho religioso O Castigo da
Soberba, de Silvino Pirauá, extraiu os motivos para a sua peça mais
célebre, Auto da Compadecida. Inspirou outros
cordelistas, apontando-lhes o caminho com suas obras consagradas por um público
sempre ávido por histórias de temáticas variadas.
Leandro, no entanto, tem
brilho próprio e basta a leitura de seus textos mais célebres para entender o
porquê de ele ainda ser lido, imitado, mas nunca igualado, ao passo que muitos
de seus contemporâneos mergulharam nas águas do Lete para delas não mais emergir.
A professora Ione
Severo, de Pombal, pesquisadora do cordel e admiradora do poeta, prepara uma
homenagem à altura de seu talento. Poetas, estudiosos e ilustradores da
literatura de cordel se reunirão no berço do autor de Os Sofrimentos de
Alzira e Cancão de Fogo para celebrar a passagem dos 150
de nascimento daquele que, quando vivo e mesmo depois de seu encantamento, foi
cognominado, com justiça, O Primeiro Sem Segundo.
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