segunda-feira, 16 de abril de 2012

BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS*

*A expressão que dá título a esta postagem refere-se a práticas econômico-financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal. Em Portugal, é assim que se chama lavagem de dinheiro, ou seja, branqueamento de capitais (Fonte: Wikipédia).

Não sei se dá vontade de rir ou de chorar. Quiçá, nem mesmo tecer algumas linhas a respeito. Espernear? Seria em vão. De repente, até esquecer que, em hipótese alguma, não dá mais para acreditar nem nas pessoas nem nas instituições – o que dizer, então, lhes dar um crédito de confiança! Falando em crédito... Sem querer fazer nenhuma alusão a um dos temas da VI Cúpula das Américas, que ocorreu neste fim de semana na Colômbia e que, aliás, se traduziu no fracasso outrora já esperado, quem parece que anda com créditos – e não são poucos – é o narcotráfico, cujas políticas de combate, previstas na pauta do encontro e que deveriam ter sido debatidas com maior ênfase, não passaram das intenções – se é que, de fato, existia alguma – dos líderes internacionais presentes ao evento – intenções essas que, assistidas de camarote por todo o mundo, se esvoaçaram ao sabor do vento. Assim, pegando como gancho o não acontecido na tão evocada reunião – mais lembrando uma derrocada, visto que a oportunidade para a tomada de decisões tão sérias a respeito do combate ao narcotráfico foi desperdiçada –, aproveito o ensejo para lembrar que, apesar de não mais ser um fato novo, já nos primeiros dias de março do corrente, os Estados Unidos divulgaram o relatório anual da International Narcotics Control Strategy, responsável pela elaboração de uma lista dos países potencialmente vulneráveis à lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico internacional. Curiosamente, como uma coisa costuma levar à outra, achei que poderia me reportar ao fato pelo simples detalhe de que na categoria do que o referido documento chama de Estados preocupantes – ao todo foram listados 67 países – encontrava-se (encontra-se ainda) o Vaticano, pela primeira vez, aliás, incluído na famigerada lista. Digo “encontra-se ainda” porque, passado mais de um mês de divulgado o tal documento, nada foi feito para reverter o dito enquadramento da Santa Sé. Desse modo, como eu não poderia deixar passar em branco a data de hoje, 16 de abril, dia do aniversário do papa Bento XVI, que, nascido num sábado de Aleluia, mais precisamente do ano de 1927, está completando 85 anos de idade, resolvi ofertar ao pontífice esse singela lembrancinha. Afinal, para quem, antes de ser indicado e nomeado ao mais alto cargo da hierarquia da Igreja católica– o 8° de origem alemã e o 265° da História –, ficou à frente durante quase longos vinte e quatros anos (1981 - 2005), daquela que, hoje, o Vaticano discretamente chamas de moderna inquisição, que, aliás, além de mudar de nome ao longo dos anos, não tortura mais o físico e a mente do acusado, mas apenas a sua psique – para certas coisas não há perdão –, melhor presente não haveria do que macular ainda mais a sua biografia remarcando que o seu mandato ficará lembrado não somente por suas pregações mundo afora contra o direito da humanidade de ter direitos – muitos dos quais, inclusive, civis e fundamentais –, além da sua falsa caridade dita cristã, quando deveria era praticar a justiça social, mas, também, por ter sido exatamente durante esse mesmo mandato que o Vaticano está na lista branca do narcotráfico. Eu, particularmente, não me admiro que isso tenha acontecido, já que o passado de Joseph Ratzinger – nome de batismo de Bento XVI – é mais nebuloso do que o tsunami que abalou o Japão em 2011, não sendo aconselhável, portanto, lhe dar sequer um voto de confiança. O que dirá de credibilidade!



Hoje não se lava mais na tina...
“Certas coisas só são amargas se a gente as engole...”.

Millôr Fernandes (1923 - 2012)
Desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista brasileiro


Enquanto isso, já que falamos em lavagem de dinheiro, nada mais oportuno do que igualmente citarmos uma das maiores fábricas de falácias que já existiu na face da terra, que é a Igreja Universal do Reino de Deus, que se diz pentecostal – que palavrão! –, com tentáculos espalhados pelos 4 cantos do planeta e cujo proprietário, o megaempresário Edir Macedo – literalmente um afortunado na vida (o valor dos seus bens materiais é incalculável) –, elegeu como prioridade nada mais nada menos do que colecionar rolos e mais rolos de denúncias e processos pelo mundo afora. E não somente por lavagem de dinheiro não, mas também – dizem – por fraudes, sonegação de impostos, formação de quadrilhas, toda sorte de calote e por aí vai! Certa feita, inclusive, ele chegou a se preso acusado de charlatanismo, curandeirismo e estelionato, mas, como é público e notório, tudo não passou de um mero engano. Quanta injustiça! Porém, recentemente, quem anda a aumentar a coleção do pregador de ilusões tem sido alguns bancos mexicanos, já que, por onde passa, com os seus ternos e sapatos de grife – não dizem que o Diabo veste Prada? –, Edir Macedo atrai a cobiça, a inveja e a maledicência de quem quer que seja. Pobre homem, coitado, criticado negativamente e perseguido por muitos apenas porque subiu na vida, como se diz, em função dos seus próprios méritos, embora, temos de reconhecer, a boa fé e os dízimos que os fiéis investem espontaneamente na sua causa – qual, mesmo? – tenham dado um empurrãozinho... Ninguém merece! Mas, afinal, quando a humanidade estará verdadeiramente liberta, mas liberta, no caso, de homens inescrupulosos que se aproveitam da boa vontade de outrem; de religiões corrompidas nas suas próprias entranhas, alienadas da vida, se resumindo simplesmente em uma droga alucinógena, como, por exemplo, o ópio, cujo objetivo é o de apenas entontecer o povo para melhor manipulá-lo, como, um dia, já o disse muito sabiamente o filósofo e economista alemão Karl Marx (1818 - 1883)?

Nathalie Bernardo da Câmara


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