domingo, 15 de abril de 2012

QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO

E o dólar despenca!





Março de 2011




Barack Obama: — Os desafinados também têm um coração...

Dilma Rousseff (pensando): — Sei... Só se o seu for de pedra, pedra de sal.

Caça ao tesouro...

 






O retorno do filho pródigo:
ou por bem ou por mal!




Dado de bom grado, quem não é bom freguês?


Obama: — As relações entre nossos dois países [Estados Unidos e Brasil] nunca foram tão boas e me sinto um sortudo de ter na presidente Rousseff uma líder tão capaz e minha parceira nesses empreendimentos (declarou à imprensa o presidente dos EUA no dia 9 de abril de 2012 referindo-se as relações comerciais entre Tio Sam e Tia Dilma).


Dias depois, contudo...


Foto: Kevin Lamarque/REUTERS
Dilma: — Fotografei você na minha rolleiflex: revelou-se a sua enorme ingratidão...

Obama: — Tô nem aí!


O artigo Todos querem falar com a presidente Rousseff, menos Obama, assinado pelo jornalista brasileiro Jason Farago, sedeado em New York, e publicado pelo jornal britânico The Guardian no dia 11 de abril, defende mais atenção para o Brasil por parte dos EUA, ou melhor, do seu presidente, sobretudo depois da recente visita de Dilma a Washington e a Boston. O motivo? Rousseff tem sido chamada de “a segunda pessoa mais poderosa no Ocidente”. Obama, por sua vez, impregnado que é de arrogância, chegou a ponto, inclusive, de menosprezar a diplomacia. Afinal, enquanto Dilma desembarcava nos EUA, ele “passava a maior parte do seu dia embrulhando ovos de Páscoa na Casa Branca”, diz o jornalista, acrescentando que, quando de uma breve reunião e uma entrevista coletiva conjunta, a indiferença do presidente norte-americano em relação à la presidenta do Brasil era tamanha que Obama não se fez de rogado: — Eles nem se olharam no olho.

Enquanto isso, na Colômbia...

Foto: AFP

Na 6ª Cúpula das Américas, realizada neste fim de semana em Cartagena das Índias, cujo tema Conectando as Américas: sócios para a prosperidade pretendia debater questões tais como a desigualdade social, a prevenção a desastres naturais, o acesso a tecnologias, a segurança internacional e a proteção de fronteiras, a ênfase maior, contudo, dada pelos mais de trinta líderes internacionais, não deixou de ser o combate ao narcotráfico. Abaixo, portanto, uma foto histórica: o anfitrião do evento, Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia – um dos principais produtores de cocaína do planeta –, ladeado, por sua vez, por dois “titãs”, como ele mesmo cognominou Barack Obama, presidente dos EUA – principal consumidor da droga no mundo – e Dilma Rousseff, la presidenta do Brasil – segundo maior consumidor do produto, durante debate no fórum empresarial das Américas.


Malha-se Judas até na Colômbia!

Foto: Saul Loeb/AFP
 Augusto dos Anjos (1844 - 1914), poeta brasileiro: — A mão que afaga é a mesma que apedreja...

Obama: — O Brasil está mudando. Mais brasileiros vão comprar iPad e aviões (disse o presidente dos EUA durante debate no fórum empresarial das Américas referindo-se aos caças americanos que disputam com os franceses e os suecos a preferência da Força Aérea Brasileira).

Dilma: — Ou a Embraer (não deixou por menos la presidenta do Brasil, defendendo a venda de aviões da Embraer à Força Aérea dos Estados Unidos. O processo foi suspenso há cerca de um mês e, desde então, apesar dos apelos do governo brasileiro, nada foi resolvido)!


O silêncio dos inocentes...

Thomas Mann (1875 - 1955), escritor alemão: — O silêncio isola.

Henry Thoreau (1817 - 1862), escritor norte-americano: — O silêncio é a comunhão de uma alma consciente consigo mesma.

Bernard Shaw (1856 - 1950), escritor e dramaturgo irlandês: — O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.

Agnes De Mille (1905 - 1993), corégrafa e bailarina norte-americana: — O destino é anunciado silenciosamente.


O tema não constava na pauta da 6ª Cúpula das Américas, mas foi um dos que mais chegou à exaustão até mesmo antes de ser iniciado o evento, ou seja, o veto dos Estados Unidos à participação de Cuba no encontro. Uma polêmica daquelas! Não foi à toa, além de ser considerada “inaceitável e injustificada”, como bem o disse o chanceler cubano Bruno Rodríguez, a polêmica gerou inúmeros protestos, inclusive de membros da própria cúpula, que aproveitaram para questionar os mais de 50 anos do embargo econômico imposto pelos EUA à ilha caribenha, que, vale ressaltar, nunca participou de nenhuma das reuniões da referida cúpula. Resultado: encerrados os trabalhos, nada de declaração final conjunta assinada pelos participantes do evento. E por três motivos: não houve acordo quanto à reivindicação argentina de soberania sobre as ilhas Malvinas, não se chegou a um denominador comum em relação à descriminalização das drogas e sequer foi ventilada a possibilidade de um consenso sobre a participação de Cuba na próxima Cúpula das Américas. O que pensa o presidente dos EUA a respeito do veto à ilha caribenha? Nada além do que já sabemos, mas, de qualquer forma, também não nos custa nada – a não ser aumentar a nossa rejeição por esse ser tão repulsivo – saber de mais uma idiossincrasia daquele que pensa ter o rei na barriga e que está na Terra na condição de salvador das pátrias, nem que, para isso, ele tenha de fomentar e desencadear guerras insanas, desrespeitar a soberania de nações autônomas e defender fervorosamente a democracia, a liberdade dos povos e os seus direitos fundamentais – o que, aliás, é uma blasfêmia, já que, além de não saber o que significa democracia (o que dirá liberdade e direitos fundamentais!), ele não passa sequer um dia sem atentar contra princípios tão elementares.


Obama: — Anseio pelo dia em que uma Cuba democrática faça jus a seu assento legítimo na Cúpula das Américas e pelo dia em que o povo cubano tenha os mesmos direitos e liberdades de outros povos da região e do mundo. (...) Nenhum regime autoritário dura para sempre. Chegará o dia em que o povo cubano será livre para determinar o seu próprio destino. Enquanto espero esse dia, sigo o meu compromisso de apoiar o povo cubano em seu desejo de determinar livremente o futuro de Cuba e de ajudar a torná-lo menos dependente do Estado cubano que lhe nega seus direitos universais.

E eu questionaria: será que Obama não seria bipolar, já que, ao afirmar que o regime comunista de Cuba é autoritário, ele se esquece das atrocidades que, historicamente, governos do país que ora preside engendraram mundo afora durante séculos?


A palavra quebraria o silêncio?

 
Dilma: — Esta será a última Cúpula das Américas sem a participação de Cuba...

La presidenta do Brasil referindo-se ao veto dos Estados Unidos à presença de Cuba na 6ª Cúpula das Américas – motivo pelo qual, inclusive, ela se recusou a assinar a declaração final do encontro, bem como decidiu antecipar o seu retorno ao Brasil, cancelando, ainda, mas em comum acordo, a reunião bilateral que teria com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, logo após de dado por encerrado o evento. E assim foi feito!

Enquanto isso, de butuca, numa ilha “perdida” qualquer...



Como eu sei disso? Não sei. Só sei que foi assim.


Nathalie Bernardo da Câmara


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