segunda-feira, 11 de junho de 2012

CAMPANHA INTERNACIONAL DENUNCIA: GENOCÍDIO DOS AWÁ-GUAJÁ NA AMAZÔNIA

© Fiona Watson / Survival

“Se deixarmos os Awá desaparecerem, perderemos não somente uma parte vibrante da diversidade humana do nosso planeta, uma linguagem única e uma parte do conhecimento da Amazônia, mas também jogaremos fora uma parte de nós mesmos e do significado de ser humanos...”.

Fiona Watson
Fotógrafa inglesa, que mantém contato com os índios Awá-Guajá desde 1992, e é ativista da organização não governamental Survival International, sediada no Reino Unido, que defende os direitos humanos de povos tribais no mundo inteiro.


No dia 25 de abril deste ano, data do lançamento da campanha internacional da organização não governamental Survival International para tentar proteger os índios Awá-Guajá da extinção, ameaçados que estão por ações criminosas de madeireiros e pistoleiros na região onde eles habitam, no noroeste do Maranhão, a revista Veja publicou uma reportagem sobre o fato. Enfim! Segundo a jornalista inglesa Sarah Shenker, representante da mencionada ONG, há indícios para chamar de genocídio o que vem ocorrendo com os índios da tribo, uma das duas comunidades nômades restantes na Amazônia, ainda dependente da caça e dos alimentos que coletam da selva. E ela afirma:

— Madeireiros ilegais têm tentado matar deliberadamente os Awás. Se não forem parados, a tribo vai se extinguir.

De acordo com o jornalista brasileiro Luís Bulcão, autor da reportagem, “a campanha tende a ganhar repercussão com a aproximação da Rio+20, que será realizada em junho [dias 20, 21 e 22] no Rio de Janeiro. O apelo da ONG é para que o governo crie um monitoramento efetivo das reservas delimitadas pela [Fundação Nacional do Índio] Funai para que o território de onde o povo nativo tira o seu sustento seja preservado. Além de fazer parte da campanha da [Organização das Nações Unidas] ONU pelo direito de vida aos povos nativos, o que torna o problema dos Awás no Brasil uma questão internacional, segundo Sarah, é que o desmatamento da área onde vive a tribo, no noroeste do Maranhão, se deve principalmente à implementação da indústria de minério de ferro na Serra dos Carajás, que contou com financiamento do Banco Mundial e da então Comunidade Econômica Europeia na década de 1980”. Para a jornalista:

— O dinheiro do contribuinte europeu também influenciou na destruição do habitat desses povos. Então é natural que devamos contribuir para a sua proteção.

Na opinião do diretor da Survival International, Stepehn Corry, antropólogo e ativista dos direitos humanos nascido na Malásia, mas cidadão britânico, segundo uma matéria publicada no jornal Tribuna do Norte neste domingo (10), não importa se a quantidade dos Awás que ainda resistem seja considerada ínfima para uma maioria, mas, devido a campanha realizada pela ONG, a causa da tribo Awá, classificada como caçadora-coletora e horticultora nômades, transformou-se em notícia global.

— Pode ser que sejam apenas cerca de 450 pessoas, mas o governo brasileiro não pode ignorá-las por mais tempo: deve incluí-las entre as prioridades da sua agenda.

A campanha, por sua vez, de acordo com o TN, foi motivada “por ocasião da chegada da estação seca (de abril a setembro) e o início da nova temporada de corte de madeira”, com o objetivo de “pressionar o Ministério da Justiça [do Brasil] a tomar medidas que protejam efetivamente as terras dos Awá”.

Duas das peças da campanha em defesa dos Awá, segundo ainda a Veja, são dois vídeos que comove – o objetivo era esse – quem os assistem. Num deles, por exemplo, imagens feitas por equipes da Funai mostram um carregamento ilegal de madeira próximo à área de proteção dos índios. Como os caminhoneiros andam armados, os fiscais têm dificuldade em interceptá-los nas estradas. No outro vídeo, o ator inglês Colin Firth, vencedor do Oscar de melhor ator no filme O Discurso do rei em 2011, pede providências e medidas urgentes do governo brasileiro, mais precisamente ao ministro da Justiça do Brasil, José Eduardo Martins Cardozo, para proteger “a tribo mais ameaçada do mundo” e faz um alerta:

 

Divulgação


Para a fotógrafa Fiona Watson, diz a reportagem da Veja, que já se deparou com um casal de Awás fugindo de “pistoleiros contratados por invasores da reserva e acompanhou o seu progresso sob os cuidados da Funai, a tribo é resistente e pode sobreviver se os perímetros da área preservada forem respeitados”. E ela acrescenta:

— Os Awá carregam a essência do significado de ser humano – que é viver em comunidade e tomar conta uns dos outros, compartilhar os bons e maus momentos e compreender o ambiente em que vivem. Eles estão entre os povos mais autossuficientes do planeta.

E a fotógrafa deixa um recado, que é o de, pela internet, apoiadores da causa enviem a seguinte mensagem ao ministro da Justiça do Brasil, José Eduardo Martins Cardozo, via e-mail ou pelo Facebook: “Os Awá isolados estão fugindo para salvar suas vidas conforme madeireiros, fazendeiros e colonos invadem a sua terra. Por favor, use a sua autoridade para remover os invasores e mantê-los fora da terra para sempre”.

Enfim! Para quem quiser acessar o site oficial da Survival International (em inglês) é só clicar o link abaixo:



Agora, caso o leitor prefira ter acesso ao mesmo teor do site oficial da ONG, mas em português, clique o link abaixo:

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