“Conheci Jack
London no começo de 1997, quando fazia uma reportagem sobre a Amazon. A
surpresa foi constatar que já havia no Brasil um doido que seguia o caminho de
Jeff Bezos, o criador da Amazon, num tempo em que pouquíssimos brasileiros
davam bola para a internet. Algum tempo depois, Jack venderia a BookNet, a mais
fiel cópia brasileira da Amazon, e se tornaria uma das primeiras pessoas a
ganhar dinheiro de verdade com a internet no Brasil. Mas o dinheiro não parece
ser a preocupação deste sessentão com filhos já criados. Jack se tornou com o
tempo uma espécie de farol de milha da rede no Brasil, capaz de enxergar além
da gangorra acionária e da histeria das redes sociais. Pessoalmente, ele será
sempre o filho da vizinha de meus avós no bairro do Méier, no Rio de Janeiro,
coincidência que descobrimos anos depois, à custa de muita conversa. Ele
representa uma espécie de lembrete de que só se cria o futuro mais espetacular
com aquilo que se escolhe guardar do passado...”.
Hélio Gurovitz
Jornalista
brasileiro, diretor de redação da revista Época
São Paulo.
“Em um universo
cheio de surpresas, Jack é um especialista em surpreender. Dele, a única coisa que
se pode esperar é o inesperado...”.
Max Gehringer
Administrador de
empresas, escritor, comentarista e colunista brasileiro.
Pegando a deixa da entrevista da jornalista
brasileira Liz Luz com o neurocientista norte-americano Gary Small, originalmente
publicada na revista Veja no dia 12
de agosto de 2009, que, por seu conteúdo, pertinente e atual, reproduzi neste
blog no dia 03 de janeiro de 2014, resolvi postar algumas considerações acerca
do livro Adeus, facebook – O Mundo pós-digital – Textos essenciais para compreender o futuro
das mudanças e as mudanças do futuro, do economista, consultor, empresário,
escritor e professor Jack London, que, lançado em 2013, permanece em pauta, com
176 páginas, aliás, recheadas de intrigas. Considerado
um dos pilares da internet no Brasil, um dos seus dez nomes mais importantes no
país, Jack London foi o fundador e primeiro presidente da Câmara
Brasileira de Comércio Eletrônico, registra no seu currículo mais de mil
palestras e aulas em vários países sobre tendências da sociedade com os
impactos da Tecnologia da Informação e, apesar do nome, é brasileiro, sempre
sem pressa, em busca da perfeição... – o leitmotiv da
sua vida, que, inclusive, segundo ele revelou numa interessante entrevista (imperdível!),
é dedicada aos livros, à tecnologia e ao cinema. De uns tempos para cá, contudo, Jack London vem
sendo chamado pelos amigos de o evangelizador da internet no Brasil – comentou, achando até graça na alcunha,
durante a entrevista citada, cujo link, aliás, encontra-se ao final da postagem...
E mais: O livro (...) “fala sobre o que está acontecendo no mundo digital,
sobre o futuro das redes sociais e sua influência em nossas vidas, como o
Brasil lida com essa nova realidade e como empresas e empreendedores podem usar
isso em seu favor. O livro ainda nos remete a algumas perguntas essenciais e
nos faz questionar: O que nos espera quando todo esse sistema entrar em crise?
É possível imaginar o futuro?”.
Enfim!
Um livro onde não somente o título é instigante, mas, também, o seu conteúdo, indo
além das suas próprias fronteiras.
Falando nisso...
“Nenhuma tecnologia é permanente...”.
Jack London
Quando da Agile Brazil 2012, reconhecida como a
mais relevante conferência brasileira sobre
Métodos Ágeis de desenvolvimento de software, realizada em São Paulo, um dos
convidados especiais foi exatamente Jack London. Casualmente, lendo o texto escrito
por ele para a sua apresentação no evento, pensei em transcrevê-lo – quiçá,
para contribuir com a reflexão em questão, bastante pertinente, por sinal:
Colapso e Estabilidade: uma historia em família
Por Jack London
Todas as gerações que povoaram e povoam hoje a terra acalentam uma
eterna ilusão: a ideia da estabilidade, a ideia de que o que existe é perene e
que uma vida ou uma época, são realidades constantes.
No entanto, um país, uma cidade, qualquer aglomerado humano tem em sua
base um processo de conhecimento, uma maneira de educar, aprender, transmitir
conceitos, valores e emoções, que muda muitas vezes ao longo de uma vida. Todas
as maneiras de ser, sem exceção, são resultado de um processo que se sobrepõe a
consciência ou aos atos da razão. Ou seja, antes do Cotidiano há os Processos
de Conhecimento, há formas de aprender o mundo, ou mais claramente, tecnologias
de aprendizado, expressão e formação do ser.
Os atuais trabalhadores regulares na sociedade da informação do início
do século XXI, aqueles que já nasceram no universo digital, agem com relação a
suas vidas exatamente da mesma maneira que seus pais e avós agiam: com a
certeza de que o que hoje sabem e fazem será sempre o padrão de suas vidas. Que
tal se perguntar o que fazíamos há cinco anos atrás, sem o Facebook e o
Twitter? Como conseguíamos viver sem as redes sociais? O que fazíamos para
acessar conceitos e conhecimentos antes do Google?
Há quinze anos atrás nenhum destes sites e ferramentas existiam e
seguindo a lógica do colapso abrupto de hábitos e sistemas tecnológicos,
provavelmente não existirão dentre de mais quinze.
Não chore, não se desespere, apenas reflita.
Estruturas empresariais e modelos de negócios devem ter sempre em mente
a ideia de que o tempo tecnológico é curto, e tudo em que confiamos hoje será
em breve lixo.
· . Internet 2.0? Nada perto da Internet Semântica.
. Web? Nada perto de peer to peer, vídeos e outros formatos de
transmissão de dados e voz.
. Impressoras a laser? Nada perto das impressoras em 3D.
. 100 megas de banda larga? Nada perto da Internet Quântica.
. PCs e Notebooks? Esqueça, pense celular e tablets.
A distância entre o hype e o nada é uma pequena marcação fora do espaço chamada tempo. O longo caminho da humanidade sobre a terra já consome quase cinco milhões de anos.
A história conhecida, com o registro de relatos, vai da Babilônia e do
Egito Antigo aos dias de hoje, aos saltos e colapsos. É uma história de
analfabetos, ágrafos e seres que viveram sem utilizar o que chamamos hoje de
informação registrada. Se quisermos ser mais dramáticos, a história do homem é
a história de milhões de anos de comunicação apenas verbal e 6.000 anos de
conhecimento registrado.
Um dia, você dorme se achando Steve Jobs e no dia seguinte acorda
Nabucodonosor.
A tecnologia é como todos os processos humanos, autofágica e inesperada.
A tecnologia é como todos os processos humanos, autofágica e inesperada.
Tempus fugit, como diziam os romanos, ou se você quiser, numa versão mais moderna,
“já era”.
Dicas:
Para falar com Jack London e/ou sugerir temas
para a sua coluna da edião eletrônica da revista Pequenas empresas & grandes negócios, enviar e-mail para: jlondon@ism.com.br – não se esquecer de
colocar ColunaPEGN no campo assunto.
Entrevista com Jack London, mencionada no início desta postagem, no episódio #038 do programa Man in the Arena, videocast sobre empreendedorismo e cultura digital, quando do lançamento do livro, há cerca de seis meses – o bate papo dura cerca de 36min, valendo à pena cada segundo...: http://www.youtube.com/watch?v=O1LZ9TdNcyE
Na
sequência, entretanto, pretendo, sinceramente, tecer algumas considerações sobre
o tema que muito me impactou durante a entrevista, ou
seja, o mundo pós-digital, explicado didaticamente por Jack London, considerado
por muitos como um visionário. Porém, desde já antecipo que, em minha opinião, logo
assim, de cara, tudo indica que, por praticamente consistir na transformação de
humanos em androides (não vejo outro
nome para definir a proposta absurda e descabida de certos cientistas que, de
há muito, não tenho dúvidas, já perderam, por sua arrogância, o sentido das realidades), o mundo que
se pretende pós-digital é deveras aterrorizante, preocupante e repulsivo, em nada me atraindo, visto que, afinal, uma coisa são as narrativas de livros e filmes de ficção científica – licença, digamos, poética, para uma criação artística dessa natureza; outra coisa, contudo, é a realidade – no caso, a da nossa espécie, que, não discordo, deve, sim, evoluir, mas não de forma invasiva, chegando ao cúmulo de negar a nossa própria condição humana...
Nathalie Bernardo da Câmara
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