Filme demasiado chocante de Hitchcock sobre o Holocausto esperou 70 anos para ser lançado
Memória dos Campos é conhecido como o documentário nunca visto de Alfred Hitchcock sobre o Holocausto. A película, realizada em 1945 para mostrar aos alemães as atrocidades nazis e vetada pelos aliados devido à brutalidade das suas imagens, está finalmente pronta para ser mostrada ao público.
Reprodução / YouTube
Por Aline Flor, ZAP
16 de janeiro de 2014
Em 1945, Alfred
Hitchcock ficou
em choque. O mestre do suspense ficou
tão horrorizado ao ver as imagens da chegada das tropas aliadas aos campos
de concentração, no fim da Segunda Guerra Mundial, que ficou
uma semana sem conseguir voltar aos estúdios. Em seguida, empenhou-se na
produção do filme, que editaria as imagens chocantes para mostrar aos alemães a
dimensão dos horrores do Holocausto.
No entanto, as
autoridades britânicas consideraram o filme tão forte que não permitiram o seu lançamento
oficial. Numa época em que as potências vencedoras estavam
interessadas em reconstruir a Alemanha, uma obra que apontasse o dedo e atribuísse
responsabilidades à população alemã em geral, de forma tão poderosa, não seria
a melhor solução.
O jornal Independent conta que as bobinas de Memória dos
Campos, como se chamou a obra, ficaram durante anos armazenadas
no Museu Imperial da Guerra. Em
1984, uma versão incompleta foi projetada no Festival de Cinema de Berlim. No
ano seguinte, foi transmitida nos EUA, pela cadeia de televisão PBS, uma versão de baixa qualidade.
Foi apenas
para os 70 anos da libertação da Europa do poder nazi,
que se completam em 2015, que o museu decidiu restaurar
o filme de forma
a mostrá-lo, oficialmente, ao mundo.
Afinal, que
filme é este?
São imagens da
chegada das tropas aliadas aos campos de concentração, sendo recebidos pelos
sobreviventes e, em seguida, recuperando os debilitados e encontrando os corpos
dos que morreram por doença ou extermínios em massa.
Filmadas por soldados
britânicos e soviéticos, as imagens revelam campos de
concentração como Auschwitz, Bergen-Belsen (cerca de metade do filme), Buchenwald e Dachau.
Toby Haggith, curador
principal do Museu Imperial de Guerra, descreve ao Independent que um dos
comentários mais comuns entre os que viram as primeiras versões do filme era
que o filme “era terrível e brilhante,
ao mesmo tempo”.
A ser
transmitido na televisão britânica em 2015, as projeções do filme serão
acompanhadas de um outro documentário, The Night Will Fall, de André
Singer.
Veja aqui a
versão incompleta do filme (contém imagens fortes):
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