terça-feira, 1 de abril de 2014

CASTRAR OU NÃO CASTRAR: EIS A QUESTÃO!*

A castração seria o fim da masculinidade do homem...”.

Marcelino Lira,
criminólogo brasileiro


Um fato pode ser indubitavelmente constatado: o mundo está revelando a sua intolerância contra o estupro, sobretudo as mulheres, vítimas em potencial desse crime ignóbil. No Brasil, o mais recente caso de estupro que teve repercussão internacional, chocando a opinião pública, foi o da menor brasileira, de apenas nove anos de idade, violentada desde os seis pelo padrasto, que engravidou de gêmeos e, graças ao serviço de aborto legal disponibilizado em Pernambuco, a sua gravidez foi interrompida por uma equipe médica do Centro Integrado da Saúde Amaury de Medeiros - CISAM, da Universidade de Pernambuco, que atende a mulher, a criança e dá apoio familiar, considerando que o caso, em específico, estava contemplado pelo art. 128 Código Penal brasileiro, que é a gravidez resultante de estupro e risco de morte para a gestante.

Infelizmente, se o episódio tivesse acontecido no Piauí, o procedimento médico de interrupção da gravidez não teria acontecido, já que o Estado é o único do Nordeste que não disponibiliza para as mulheres o serviço de aborto legal – realidade, aliás, que está prestes a mudar, já que, no último dia 16, a Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde, Promotora Cláudia Seabra, informou que a Secretaria da Saúde do Piauí já está agindo para, finalmente, implantar o serviço na rede pública do Estado. Para Lúcia Quitéria, integrante da Organização não-governamental Católicas pelo Direitos de Decidir - CDD, uma das entidades que protocolaram representação junto ao Ministério Público do Piauí nesse sentido, "continuar negando esse direito às mulheres, é patrocinar uma violência inominável".

O problema do estupro, portanto, sobre o qual falei em minha última postagem, A Verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho – Uma parábola do estupro, não é novidade e acompanha o homem desde os seus primórdios. Felizmente, de uns tempos para cá, as vítimas têm deixado o medo e a vergonha de lado e a violência sexual tem ganhado maior visibilidade na mídia, que, cumprindo com o seu papel social, está contribuindo para coibir esse tipo de abuso. Segundo a revista brasileira Época, "uma pesquisa nacional do Centro de Estudos Superiores de Maceió - Cesmac, tendo como base noventa mil denúncias a delegacias e ao Disque 100 (o serviço telefônico criado pelo governo federal para receber denúncias anônimas) feitas entre 2001 e 2007, revelou que, na maior parte dos casos, os abusos acontecem dentro de casa".

Pior! Que os padrastos lideram as estatísticas de violência sexual, seguido pelos pais, tios e avôs. A pesquisa revela, ainda, que só nos dois primeiros meses de 2009 "foram registradas, em todo o Brasil, 4.700 denúncias de abuso envolvendo crianças, sendo 31% relativas à violência sexual". O curioso é que, para os especialistas, "os abusadores nem sempre podem ser considerados pedófilos". Segundo o psicólogo Liércio Pinheiro, coordenador do curso de psicologia do Cesmac, "a pedofilia é um transtorno de perversão, em que o acometido tem um desejo incontrolável por fazer sexo com crianças. Nesses casos, porém, eles poderiam tanto agredir uma criança como um adulto", explica. Dados do Ministério da Saúde, por sua vez, apontam que mais de cento e noventa mil meninas de dez a quatorze anos engravidaram no país entre 2000 e 2006.

No mesmo período, cento e cinco meninas de até quatorze anos morreram em decorrência de gravidez, parto ou aborto. Para o médico Cristião Rosas, representante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - Febrasgo, os dados podem indicar uma incidência ainda maior de violência sexual do que a que chega ao conhecimento público quando ocorre a gestação. Segundo ele, "a fertilidade da mulher-menina, nessa idade, é muito baixa, as ovulações são esporádicas". E argumentou: "Para existir mais de cento e noventa mil gestações abaixo dos quatorze anos de idade dá para se imaginar o número de estupros contra meninas e adolescentes que ocorrem nesse país". E pensar que o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, o conservador dom Dedé, como é conhecido, foi contra o aborto, excomungou a família da menor e a equipe médica que interrompeu a sua gravidez, e perdoou o estuprador...


O que fazer?


Solução é o que não falta! E, para não nos prolongarmos muito neste assunto, que dá até uma reviravolta no estômago, falemos das soluções. Só que dar uma surra ou prender não resolve, porque o estuprador sofre de uma patologia. Resolve, sim, se as leis contemplarem a castração, seja ela física ou química, do estuprador, sobretudo se ele for um pedófilo, que sofre de transtornos de perversão. Ocorre que uma mutilação física dos testículos do estuprador ou uma castração química, que remove o tecido que produz a testosterona, são paliativas, pois, apesar de punir, não leva o castrado à redenção dos seus atos vis e doentios, considerando que, mesmo sem a capacidade de produzir esperma, eles poderão continuar estuprando, já que basta haver sangue na corrente sanguínea do pênis que este fica ereto. Isso sem falar que o paciente castrado pode muito bem encomendar testosterona pela internet!

Tal experiência, inclusive, já aconteceu com gatos, cachorros e congêneres, ou seja, demais bichos. Não haveria, também, de acontecer com homens? Assim, a solução ideal seria mesmo radicalizar e extrair o pênis... Sem dó nem piedade. Aí, duvido que o cabra se atreva!


Abre parênteses...


Há pouco, lembrei-me de um filme que assisti há muito tempo – não recordo o ano, o título do filme nem o diretor –, que abordava o estupro e a mutilação física de estupradores, que consistia na extração do seu pênis. A história? Uma médica-cirurgiã perde a sua filha, que, após ser estuprada, é assassinada. Ela, então, cria um grupo de apoio, que reúne várias mulheres que, de alguma forma, foram atingidas direta ou indiretamente pelo estupro. O tempo passa e as adesões ao grupo aumentam.

Certo dia, o grupo decide radicalizar e fazer justiça com as próprias mãos, literalmente. Ou seja, olho por olho, dente por dente. O plano resume-se, portanto, a: as mulheres mais jovens e mais bonitas saem a noite, aparentemente sozinhas, e tentam seduzir os estupradores, enquanto são seguidas por uma outra que, no momento certo, dopam os homens com clorofórmio e o levam a casa da médica, que, no sótão, improvisou uma sala de cirurgia, onde realiza as castrações.


Castrados, os estupradores são deixados, ainda dopados, em algum lugar da cidade, público ou não, e, quando acordam, descobrem, para o seu desespero, que estão sem pênis. E as castrações não são poucas. Elas repetem-se inúmeras vezes, até quando a médica e as demais mulheres, quando menos esperam, são descobertas. Infelizmente, eu não me lembro do final do filme, mas o fato é que a narrativa é mais uma possibilidade de se discutir sobre o assunto do estupro e as suas traumáticas consequências.




A pergunta que não quer calar: E quando o estuprador ou o pedófilo é uma mulher? Castra-se, também? Ou melhor, mutila-se a genitália feminina? Ou seja, pratica-se à ablação? Sim, porque mulher também estupra e pode ser pedófila! Vejamos um exemplo...

Recentemente, em uma pequena cidade da Califórnia, nos Estados Unidos, uma mulher, de trinta anos de idade, seduziu e manteve 
relações sexuais
 com vários menores amigos da sua filha para protegê-la de eventuais assédios. Presa, a mulher está sendo acusada de onze crimes. No início, ela negou as acusações, mas, terminou confessando. Segundo o relatório policial, a mulher disse que "nunca quis ferir ninguém", mas que desfrutava da atenção que recebia dos garotos: — "Sentia-me jovem, estranhava a situação...", teria dito a acusada à polícia.

Fonte: Metamorfose DigitalMulher diz que fez sexo com menores para resguardar filha


Curiosidade:
como se julgava um estupro em 1833?


SENTENÇA JUDICIAL
Ipsis litteris, ipsis verbis
(Trata-se de língua portuguesa arcaica)
PROVÍNCIA DE SERGIPE

"O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.

CONSIDERO: QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;

QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas;

QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.

CONDENO: O cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.

Nomeio carrasco o carcereiro.

Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.

Manoel Fernandes dos Santos

Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha Sergipe, 15 de Outubro de 1833".


Detalhe:


Abrafolou-se (atracou-se)
Matrimônio (ato sexual)
Conxambrar com ella (fazer sexo)
Encomendas (órgãos sexuais)


Fonte: M Diversidades – Miriã Soares



De estupradores, é claro!


Nathalie Bernardo da Câmara


*Originalmente publicado no dia 26 de maio de 2009 e republicado no dia 22 de junho de 2011, sendo a postagem atual revista: http://abagagemdonavegante.blogspot.com/2009/05/7-em-1-castrar-ou-nao-castrar-eis.html




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