Erro não muda necessidade de
debate sobre violência contra a mulher, diz Ipea
Segundo Luana Pinheiro, técnica
de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o erro assumido na tarde de sexta-feira (3)
não exclui o fato de que a sociedade brasileira precisa debater os vários
resultados obtidos.
Portal Geledés – 5 de abril de 2014
Por
Marcelo Brandão
O erro na
divulgação de dados da pesquisa Tolerância Social à Violência Contra
as Mulheres não muda as conclusões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), responsável por ela. Segundo Luana Pinheiro, técnica de Planejamento e
Pesquisa do Ipea, o erro assumido na tarde de sexta-feira (3) não exclui o fato
de que a sociedade brasileira precisa debater os vários resultados obtidos.
“A
gente pode notar que as conclusões do relatório não são alteradas com essa
correção. A gente continua tendo uma concordância alta na questão da
culpabilização, uma responsabilização feminina pela violência sexual sofrida”,
diz Luana.
Os
fatos recentes, desencadeados depois da divulgação da pesquisa, no dia 27 de
março, vão ao encontro desse pensamento. Várias mulheres se manifestaram em
redes sociais, utilizando o lema “Não mereço ser estuprada”. Mais de 45 mil
pessoas aderiram ao movimento no Facebook.
Com
isso, a idealizadora do protesto, a jornalista Nana Queiroz, foi hostilizada
também, nas mesmas redes sociais. A página do movimento na internet
mostra várias opiniões de pessoas responsabilizando as mulheres que usam roupas
curtas pela violência sexual que podem vir a sofrer.
“Toda
repercussão que o dado gerou, mostrou uma questão latente na sociedade. A gente
não está falando de uma coisa que não exista. Existe uma questão posta na
sociedade brasileira. A gente viu uma reação que mostra que de fato temos um
fenômeno acontecendo”, avaliou Luana. Para ela, mesmo sem o erro, existe uma
série de outros dados que poderiam gerar repercussão semelhante.
Sobre
o erro na divulgação dos dados, a técnica do Ipea explicou que, na avaliação da
base de dados da pesquisa para produzir novas reflexões sobre os resultados, a
equipe do órgão percebeu uma informação diferente da que constava no relatório.
Luana explicou que se tratou de “uma troca de tabelas associadas às frases”
durante a montagem do documento.
“O
Ipea fez o que tinha que fazer. Identificou o erro e foi a público. Cabe à
intituição, para garantir transparência e credibilidade, reconhecer o seu erro,
escutar as repercussões da sociedade, aprender com isso e trabalhar para ser
melhor do que foi, para que a gente consiga evoluir”, concluiu.
Ipea corrige pesquisa sobre
estupro contra mulheres
4
de abril de 2014
www.rosaliearruda.com
O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota na
qual reconhece que alguns dados da pesquisa "Tolerância social à violência
contra as mulheres", divulgada no último dia 27 de março, estavam errados.
Segundo o comunicado, 26% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente,
com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser
atacadas", ao invés dos 65,1% apontados anteriormente.
Os dados
corrigidos mostram também que 70% das pessoas discordam total ou parcialmente
dessa afirmação, enquanto 3,4% disseram que são neutros. "O erro relevante
foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às
frases 'Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar' e
'Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas'", diz
a nota.
Ou seja, na verdade, 65,1% das pessoas consultadas pelo instituto concordam, total ou parcialmente, com a sentença "Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar", enquanto 32,4% discordam, total ou parcialmente. Por conta do engano, que acabou gerando uma grande campanha contra o estupro na Internet, envolvendo até a presidente Dilma Rousseff, o diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, pediu sua exoneração do cargo.
De acordo com o Ipea, também houve troca nos gráficos de outros itens da pesquisa. Corrigido o erro, o estudo revela que 13,1% dos entrevistados discordam totalmente da frase "O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros", 5,9% discordam parcialmente, 31,5% concordam parcialmente e 47,2% concordam totalmente.
Já com
relação à afirmação "Em briga de marido e mulher não se mete a
colher", 11,1% discordam totalmente, 5,3% discordam parcialmente, 23,5%
concordam parcialmente e 58,4% concordam totalmente. Os dados dessas duas
sentenças estavam invertidos.
"Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros", diz a nota. (ANSA)
Em tempo: No mínimo irresponsável o fato de o Ipea ter divulgado
o resultado de uma pesquisa cujo tema é tão sério e o impacto que provocou não
somente na população brasileira, mas, também, na imprensa internacional,
gerando uma repercussão sem precedentes! Grave, muito grave... Porém, não é
porque a pesquisa foi divulgada de forma errônea que o problema estupro não
exista. Existe, sim, e não podemos minimizá-lo: a realidade continua sendo
dramática e a prática desse tipo de violência deve ser coibida, combatida – #PeiaNoIpea
Nathalie Bernardo da Câmara
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