terça-feira, 1 de abril de 2014

ESTUPRO: NEM AQUI NEM NA CHINA!


Em nada surpreendente o resultado da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizada em 2013 com 3.810 pessoas sendo entrevistadas, das quais 66,5% foram mulheres, sobre a percepção do brasileiro acerca da mulher divulgada na última semana de março, dia 27, apontando, entre outros temas, que 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase Se as mulheres soubesse como se comportar, haveria menos estupros. Em relação à pergunta: Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas?, 42,7% concordaram totalmente; 22,4% concordaram parcialmente; 24% discordaram totalmente e 8,4% discordaram – mentalidade pré-histórica, essa, impregnada de preconceito e discriminação, desrespeito ao sexo feminino, desvio de caráter ou, ainda, transtornos psicológicos e/ou mentais, mas, sobretudo, equívocos referentes a relações de poder distorcidas pela cultura machista, assimilada, inclusive, por tantas mulheres (e haja conivência!), além de várias outras motivações. De qualquer modo, no caso do Brasil, essa chaga é problema antigo – quiçá endêmica! –, apesar de sabermos que, independentemente do país onde ocorre esse tipo de violência e do seu histórico cultural, tal prática sempre existiu. Daí ser sistemática a luta das feministas e de demais pessoas de bom senso – e no mundo inteiro – em combater tamanha agressão, que, diga-se de passagem, extrapola os limites físicos e só confirma uma triste e deplorável realidade, a qual remonta aos primórdios da civilização dita humana – eu, particularmente, independentemente das motivações do estupro, sou a favor da castração química do estuprador – detalhe, aliás, já abordado neste blog. Enfim! Para informações mais detalhadas sobre os estudos do Ipea, estarei disponibilizando dois links para publicações do instituto ao final desta postagem.

Nathalie Bernardo da Câmara



Para 65%, mulher com roupa que mostra corpo merece ser atacada

 

Informação aparece no estudo Tolerância social à violência contra as mulheres, realizado pelo Ipea

Ao todo, 68,8% concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser a cabeça do lar”

Carolina BenevidesO Globo

Publicado: 27/03/14 – Atualizado: 28/03/14



RIO - “Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”. Ao ler essa afirmação em um questionário do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 58,5% dos 3.810 entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase. O dado aparece no estudo Tolerância social à violência contra as mulheres, realizado pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social e divulgado nesta quinta-feira.


Realizada entre maio e junho de 2013, a pesquisa aponta ainda que 65% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente, que mulher com roupa que mostra o corpo merece ser atacada. Além disso, 63% concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. E mais: 89%, somando aqueles que concordaram totalmente e parcialmente, disseram concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa”. O percentual dos que acreditam que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” também foi alto: 82%.

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No entanto, o estudo mostra também que 91% concordaram, total ou parcialmente, que “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”. E 78% concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas. A aparente contradição se desfaz, segundo a pesquisa, quando os entrevistados mostram que aderem “majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea. Nessa visão, embora o homem seja ainda percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”. Ao todo, 68,8% concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser a cabeça do lar”. Ao mesmo tempo, 89% tenderam a discordar da afirmação “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”.

A pesquisa traz ainda informações sobre a percepção em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao afirmar que “casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido”, 51,7% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, com a afirmação. Ao lerem a afirmação “Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais”, 40,5% discordaram, total ou parcialmente. Segundo o estudo, os jovens apresentaram maior tolerância à homossexualidade. A religião também foi significativa: católicos só se mostraram intolerantes além da média no que toca à ideia de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os evangélicos, no entanto, foram o grupo mais intolerante à homossexualidade.


Crianças e adolescentes são 70% das vítimas de estupro

Nota Técnica apresentada no Ipea analisou dados do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde

Ipea – 21 de março de 2014


Encerrando o Mês da Mulher, o Ipea realizou nesta quinta-feira, 27, um seminário em Brasília para apresentação de estudos que tratam da violência contra o sexo feminino. Além de uma edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social, foi apresentada a Nota Técnica Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde. É a primeira pesquisa a traçar um perfil dos casos de estupro no Brasil a partir de informações de 2011 do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan).

Com base nesse sistema, a pesquisa estima que no mínimo 527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e que, destes casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. A Nota Técnica é assinada pelo diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia, Daniel Cerqueira, que fez a apresentação, e pelo técnico de Planejamento e Pesquisa Danilo Santa Cruz Coelho. 

Os registros do Sinan demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. “As consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a pesquisa.

Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico de estupros anteriores. Para o diretor do Ipea, “o estudo reflete uma ideologia patriarcal e machista que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade”. Ainda de acordo com a Nota Técnica, 24,1% dos agressores das crianças são os próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. O indivíduo desconhecido passa a configurar paulatinamente como principal autor do estupro à medida que a idade da vítima aumenta. Na fase adulta, este responde por 60,5% dos casos.
 
Em geral, 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima, o que indica que o principal inimigo está dentro de casa e que a violência nasce dentro dos lares. A pesquisa também apresenta os meses, dias da semana e horários em que os ataques costumam ocorrer, de acordo com o perfil da vítima.


Brasileiras postam fotos contra estupro; criadora é ameaçada

Utilizando a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada, internautas postaram fotos seminuas dizendo que as vestimentas não são motivo para nenhum crime sexual

Terra – 29 de março de 2014


Mulheres de todo o Brasil estão protestando pelo Facebook após o resultado de uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) que apontou que a maioria dos brasileiros acha que “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Segundo a pesquisa, 65,1% das pessoas – incluindo homens e mulheres – concordaram com essa informação. Já 58,5% concordam com a afirmação “Se mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. 

A reação diante da pesquisa foi imediata e uma campanha online chamada “Eu não mereço ser estuprada” foi ganhando força na rede social. Utilizando a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada, as internautas postaram fotos seminuas dizendo que as vestimentas não são motivo para nenhum crime sexual. Até as 11h30 deste sábado, a comunidade Eu não Mereço Ser estuprada tinha 514 participantes na rede social. Outras duas com temática semelhante somavam mais 500 membros.


A jornalista Nana Queiroz, organizadora da página de protesto no Facebook, disse que sofreu ameaças. – Foto: Reprodução


Organizadora da página de protesto no Facebook, a jornalista Nana Queiroz disse em sua página pessoa da rede social que sofreu ameaças de homens e que mulheres desejaram que ela fosse estuprada. "Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria", afirmou em um post.

Em entrevista ao Terra, Nana contou que neste sábado irá levar as ameaças, que já contabilizam milhares de posts, de acordo com ela, a uma delegacia na Asa Sul, em Brasília. "Queremos levar ao Ministério Público esses registros para que os agressores sejam punidos e sirvam de exemplo", defendeu.

O que mais chocou a jornalista foram as mensagens de incitação à violência e ao estupro. "Me acusaram de ser contra Deus e a sociedade, além de postarem fotos minhas em sites pornográficos", detalhou. Como próximo passo, a campanha prevê o pedido de um canal nacional específico para denúncias de assédio sexual contra mulheres.


Pelo Twitter, até a presidente Dilma Rousseff se manifestou sobre o resultado da pesquisa. Ela defendeu nesta sexta-feira "tolerância zero" à prática deste tipo da violência contra a mulher. "Pesquisa do Ipea mostrou que a sociedade brasileira ainda tem muito o que avançar no combate à violência contra a mulher. Mostra também que governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares", escreveu Dilma.


Era meu namorado

Por Bia Cardoso, jornalista.

Blogueiras feministas28/03/2014 


Ontem, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou uma pesquisa sobre violência contra a mulher, com dados importantes sobre a tolerância às agressões e casos de estupro. Na pesquisa, os entrevistados (mulheres e homens) foram questionados se concordavam ou não com frases sobre o tema. Nada menos que 65% concordaram a mulher que usa roupa que mostra o corpo merece ser atacada — 42,7% concordaram totalmente, e 22,4%, parcialmente.

Portanto, vivemos num país em que as pessoas acreditam que mulheres MERECEM SER ATACADAS. É claro que imaginei que as pessoas fossem colocar a culpa nas mulheres pela violência sexual, mas nunca pensei que tantas pessoas concordariam que alguém merece sofrer violência sexual.

Pelas perguntas feitas na pesquisa, as pessoas devem ter imaginado situações de violência perpetradas por estranhos. Porém, sabemos que a maioria dos casos de violência contra a mulher ocorrem no espaço privado. Se as pessoas acham que alguém merece ser atacada por um estranho só por estar com uma roupa curta, não quero nem pensar o que acham sobre o poder que maridos, namorados, parceiros e afins devem ter sobre as mulheres. Liberdade? Acho que não faz parte do vocabulário dessas pessoas.

Essa semana, conheci o tumblr: 'Era meu namorado'; com diversos relatos anônimos de violência, especialmente a violência sexual perpetrada por parceiros em relacionamentos heterossexuais. De acordo com a autora do tumblr (que prefere permanecer anônima), o objetivo inicial era apenas desabafar:

Há alguns meses criei, anonimamente, uma página chamada ‘Era meu namorado’ para colocar um relato meu, mas a página acabou se transformando em um espaço de divulgação de relatos de mulheres que foram vítimas de estupro ou de qualquer tipo de violência de gênero (física ou psicológica).
Comecei a receber relatos e publicar na página, até que parei porque estava muito sensibilizada devido às minhas experiências pessoais… e estou voltando agora que me sinto mais preparada pra isso. 
O resultado, mesmo tendo poucos posts até agora, está sendo muito positivo… Eu sei do alívio que senti quando publiquei o meu próprio relato, foi como se tirassem uma pedra gigantesca de cima de mim. E depois, muitas mulheres já me mandaram relatos, e todas se dizem agradecidas pelo espaço e pela oportunidade de compartilhar suas dores. O que quero fazer agora é usar os relatos na conscientização de pessoas, estou reunindo material pra fazer uma zine impressa com alguns relatos, ilustrações e links de “introdução” ao feminismo, pra levar mais pessoas, especialmente mulheres que não se dão conta do que elas próprias passam, à reflexão.

A violência sexual é um tipo de agressão que envolve essencialmente poder. Não se trata apenas de força física, mas também da autoridade, influência e posse sobre outra pessoa, sobre seus sentimentos e psique.

Compartilhar experiências de violência tem sido uma importante ferramenta para muitas vítimas lidarem intimamente com suas questões. Especialmente as mulheres, costumam se reunir em grupos para trocar experiências. Dentro do feminismo, essa foi uma ação importante popularizada durante a chamada Segunda Onda.

“O processo de transformar medos ocultos e individuais de mulheres em uma consciência compartilhada de seu significado como problemas sociais, a liberação da raiva, da ansiedade, a luta para proclamar o sofrimento e transformá-lo no político – esse processo é a elevação da consciência.”

Referência: Grupos de reflexão.


 Marcha das Vadias de Curitiba, 2011. Foto de Leandro Taques/UOL.


Lembrei também de outras iniciativas como essa, como o extinto Bendita Zine (.pdf), um blog em que mulheres podiam relatar anonimamente casos que viveram de violência:

Abusos não são apenas físicos. Quando físicos, não precisam “chegar até o fim” para se configurarem como tal. O pior em uma situação de abuso sexual é que é um crime sem testemunhas. A vítima, que muitas vezes depende financeiramente do abusador, tem sua voz calada. Quando pensa em ir à polícia, é agredida por outros membros da família. Qualquer pessoa pode ter passado por isso, independente de qualquer coisa. (…) O Bendita Zine é uma iniciativa contra um crime que existe desde sempre e pretendemos acabar com o silêncio e o descaso daqueles que acham que isso está distante.

Há também espaços virtuais como a página do Facebook: ‘Cantada de rua – conte seu caso’. A internet tem se mostrado uma ferramenta importante na agregação, acolhimento, apoio e orientação para muitas pessoas que foram vítimas de violência. Infelizmente, ainda temos um longo caminho pela frente. Respeito tem que ser para todas!

Sobre o tumblr:
Os relatos ou depoimentos podem ser enviados como mensagem privada para a página do Facebook‘Era meu namorado’ ou para o email: erameunamorado@gmail.com

O anonimato das vítimas está garantido.


Correio Braziliense: Campanha chega a 42 mil adesões

31 de março de 2014

A campanha #eunãomerecoserestuprada, reação ao resultado da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostrou o quanto o Brasil ainda é machista, já conta com a adesão de mais de 42 mil usuários na internet. Em uma rede social, a página do evento tem 251 mil pessoas debatendo o tema. Portais internacionais de notícia deram destaque, na manhã de domingo, ao protesto virtual. O estudo que motivou a manifestação na internet apontou que 65,1% da população concorda total ou parcialmente que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Ontem, a atriz Alinne Moraes e a cantora de funk Valesca Popozuda aderiram à campanha pelas redes sociais.

No sábado, organizadores da campanha foram até a Delegacia da Mulher e denunciaram usuários que postaram ameaças na página do evento em uma rede social. Um investigador, especializado em crimes cibernéticos, já trabalha para tentar identificar os agressores. A estimativa é de que mais de 100 pessoas possam ser responsabilizadas pelas ameaças.

A jornalista Nana Queiroz, 28 anos, publicou na internet um texto com imagem de um dos agressores que segurava um cartaz com os dizeres "#eu já estuprei e estupro de novo". A Polícia Civil vai priorizar a identificação de quem postou ameaças diretas aos organizadores da campanha.

"Ficamos na delegacia de 15h às 19h. Se o Marco Civil da internet já tivesse sido aprovado, esses agressores seriam responsabilizados com muito mais agilidade. São centenas de pessoas. O delegado nos informou que todo o processo de identificação, caso a caso, pode demorar seis meses. Estamos encaminhando os mais chocantes", declarou Nana.

Alerta
Os organizadores estão orientando os usuários a copiar os posts com agressões e ameaças para facilitar o envio à Delegacia da Mulher. "Mesmo que o perfil seja falso, os investigadores conseguem rastrear o ID da pessoa e podem prendê-la em seguida por incitação ao estupro, que é crime no Brasil. Se esse protesto servir para colocar um bando de estupradores potenciais atrás das grades, já somos vitoriosas", alerta a campanha.


O delegado nos informou que todo o processo de identificação (dos autores de ameaças às organizadoras), caso a caso, pode demorar seis meses. Estamos encaminhando os mais chocantes".


Pesquisa do IPEA sobre mulheres e estupro é destaque na França


RFI – 29, 30 de março de 2014


 Imagem do protesto convocado pelas redes sociais.
(Foto: Reprodução)


A imprensa francesa deste sábado deu destaque à pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostrando que 65,1% dos entrevistados pensam que uma mulher usando roupas provocantes "merece ser estuprada." A notícia gerou revolta nas redes sociais e uma reação imediata da presidente Dilma Rousseff.

O site do jornal de esquerda Libération, da revista Le Point e da emissora de rádio francesa RTL lembram que os resultados da pesquisa feita com 3.810 homens e mulheres provocaram indignação entre os internautas brasileiros. 58,5% dos entrevistados também declararam que, "se as mulheres se comportassem melhor, haveria menos estupros."

Em sua conta no Twittter, a presidente Dilma Rousseff estimou que "a sociedade brasileira ainda tem muitos progressos a fazer", e pediu que o governo e a população trabalhassem juntos contra a violência que atinge as mulheres.

Em resposta, cita a imprensa francesa, a jornalista e militante Nana Queiroz convocou uma manifestação no Facebook nesta sexta-feira, pedindo que as mulheres publicassem fotos com roupas curtas, em forma de protesto, com o cartaz "Eu não mereço ser estuprada", que virou hashtag nas redes.

"O mais surpreendente é que é permitido se despir durante o Carnaval, mas não na vida real", protestou a jornalista. Ela ressaltou que, no Brasil, o culto da sensualidade e do corpo se choca com o catolicismo conservador dominante. A organizadora do protesto digital também recebeu ameaças de violência sexual.

Os sites franceses também lembram que, em agosto de 2013, a presidente Dilma Rousseff reforçou a legislação que protege as mulheres de violências sexuais. A decisão do governo foi criticada pela Igreja Católica, que temia uma ampla legalização do aborto.


Durante a campanha de 2010, a presidente brasileira, ressalta a imprensa francesa, cedeu às pressões dos evangélicos e se comprometeu por escrito a não descriminalizar o aborto, decepcionando feministas e uma parte da esquerda. 


Sugestão de leitura:

Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) – Tolerância social à violência contra as mulheres, Ipea, 27 de março de 2014.


Nota Técnica, por Daniel Cerqueira e Danilo de Santa Cruz Coelho Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde (versão preliminar), n° 11, Ipea, Brasília, março de 2014.




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