MENOS, LULA, MENOS...
“A cabeça pensa onde os pés pisam...”.
Frei Betto
Escritor e teólogo brasileiro
Na semana passada, no dia 12, em viagem ao Estado de Aracajú, o presidente Lula aproveitou para fazer alguns discursos em palanques nada improvisados. Em um deles, por exemplo, criticou os governos antecessores, que, segundo ele, não se preocuparam com o Brasil, enquanto o seu governo teria feito a opção de investir na educação os recursos que, em mandatos anteriores aos seus, eram destinados aos presídios. Demorou, hem, Lula! Mas, felizmente, terminou que caiu a ficha – como se diz na gíria.
Afinal, não é de hoje que, parafraseando o escritor britânico Aldous Huxley (1894 - 1963), a nossa brasileiríssima e queridíssima escritora Lygia Fagundes Telles – do tipo exportação – advertiu que, “quando o Brasil tiver mais creches e mais escolas, ele terá menos hospitais e menos cadeias...”. E eu ouvi isso da sua própria boca, quando a entrevistei anos atrás, como ela também já disse isso a um monte de gente, já que, enquanto escritora e cidadã, faz dessa utopia uma das suas bandeiras, cumprindo uma função social.
Sempre escoltado pelo deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), autor da emenda do terceiro mandato, atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, Lula, mesmo assim, mais uma vez descartou essa hipótese. Mas, em visível clima de campanha, apesar de dizer que a maior precisão, agora, do Brasil é a da consolidação da sua democracia, ele afirmou veementemente que já tem candidata, em referência explícita à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, embora não tenha mencionado o seu nome.
Segundo Lula... “Eu já cumpri com a minha obrigação e quero terminar o meu mandato feliz e torcer para quem vem depois de mim”. Sempre sem medo de ser feliz, hem, Lula! Isso, sim, é que é otimismo. Bom exemplo, Lula. Mas, bom mesmo foi quando ele disse: “É a hora e a vez das mulheres!”. Bonito. Só se equivocou quando disse que “as mulheres estão querendo dar a volta por cima...”. Por cima de mais o quê? Sim porque, as mulheres já deram a volta por cima de muita coisa a muito mais tempo do que ele pensa.
O curioso é que, mais do que ninguém, ele sabe disso. Mesmo assim, fez questão de dizer que “as mulheres, hoje, não são mais subservientes, como há trinta anos”... Só há trinta anos, Lula? E ponha trinta nisso! Aí, excelentíssimo companheiro, as suas palavras soaram infelizes. Poderia ter dito: “as mulheres, hoje, não são mais subservientes, como no início do século passado”... Ou, ainda – a de minha preferência – “as mulheres, hoje, não são mais subservientes, como o eram no séc. XIX”...
Afinal, é só conhecer um pouco a História do movimento feminista – e ele tinha a obrigação de saber –, bem como os seus avanços e as suas conquistas ao longo dos séculos, para saber que trinta anos foram ontem e que não serve como parâmetro para quase nada. Insistindo, contudo, em seu disparate, Lula disse: “As mulheres não querem apenas lavar e passar como antigamente. Este trabalho já era! Agora, elas querem estudar, fazer política, chegar ao poder e, por que não, serem presidenta da República...”.
Em outro momento, Lula disse, ainda, que o Brasil nunca mais voltará a ser o que era depois do seu governo. Para ele, a mais nua e crua das verdades. Ele, contudo, só deve ter cuidado e certa cautela no que diz, porque, segundo o polêmico dramaturgo Brasileiro Nelson Rodrigues (1912 - 1980), “toda nudez será castigada”. E, sempre eloqüente, garantiu que, ao final do seu mandato, entregará à nação um documento, registrado em cartório, prestando contas de todos os centavos que investiu em oito anos de governo... Corajoso!
Empolgado, Lula ironizou com o fato de o
Enquanto isso...
Falando em ACM, qualquer semelhança...
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O que é isso?
Alguém me explique...
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EM QUE MUNDO VIVEMOS?
Eles não se conhecem, nunca se viram nem sabem da existência um do outro, moram em cidades diferentes, em estados diferentes e falam línguas diferentes: ela é rebelde; ele, esquizofrênico. Ela, uma adolescente de quinze anos de idade; ele, um homem de vinte e um, já na maioridade e considerado adulto, embora não responsável pelos seus atos. Ela, morando em Amambaí, no Mato Grosso do Sul; ele, em Uberaba, Minas gerais. Mas, afinal, o que eles têm em comum? Simples. Vivem acorrentados, em pleno séc. XXI.
E quem os mantém atados a correntes? A adolescente, uma avó, de sessenta e nove anos de idade, que tem a guarda judicial da neta – a notícia não disse o motivo –, que não quer viver com ela e, por isso, costuma, constantemente, sair de casa. A avó, por sua vez, vê o comportamento da jovem como desobediência e, por isso, mete-lhe correntes as mãos e aos pés. Para tentar, contudo, ajudar a adolescente, uma denúncia anônima foi feita à Polícia Militar, que, não demorou muito, bateu à porta da avó incauta.
Assim, o Conselho Tutelar foi acionado para acompanhar o caso, que, ao mesmo tempo, foi encaminhado ao Ministério Público da Infância e da Juventude. Segundo a Polícia Civil, a avó foi indiciada e liberada para responder pela acusação em liberdade. Vai ver, devido à idade... No caso, contudo, do rapaz esquizofrênico, os motivos são outros, embora nada justifique acorrentar pessoas, como se vivêssemos, ainda, em plena Idade Média. Afinal, atualmente, existem bons tratamentos para a esquizofrenia.
Ocorre que a família do rapaz vive em condições para lá de miseráveis, morando em um único cubículo de poucos metros quadrados, e desconhece essa informação. E o rapaz acorrentado salvo, idem, por uma denúncia anônima, que fez o Conselho Tutelar de Uberaba correr em seu socorro. No entanto, como o acorrentado era maior de idade, as conselheiras que foram libertá-lo nada puderam fazer, mas, compadecidas pela precariedade da família, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU.
Levado ao hospital, o rapaz foi avaliado e a decisão tomada pela equipe médica que o atendeu foi a de que ele deveria ser encaminhado a um sanatório, já que a família não tem condições de tratá-lo em casa, como muitas fazem, valendo-se dos modernos tratamentos, que incluem medicamentos e terapias, conquistados pela medicina. Segundo a conselheira tutelar Eni Dornelas, a família tentou se justificar porque mantinha o rapaz acorrentado à cama: o fazia apenas quando ele tinha surtos, para contê-lo...
E quantos e quantos mais acorrentados vivem por esse mundão afora, independentemente do motivo, muitas vezes, inclusive, fruto da ignorância! Daí não haver acusação nem julgamento para a família do rapaz, que, talvez agora, possa ser tratado decentemente, recebendo os devidos cuidados e, um dia, quem sabe, voltar para casa, livre das correntes materiais e das amarras mentais que o perseguem, porque, cientificamente comprovada, a esquizofrenia é uma patologia. Mas, convenhamos, nada que um bom tratamento não resolva.
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PASSANDO O TEMPO...
Motivo de riso?
Quem sabe, esse...
E esse...
Esse...
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