VÔO 447
Da Cidade Maravilhosa à Cidade Luz... Na rota do vôo 447, da Air France, do Rio de Janeiro a Paris, após sobrevoar o arquipélago de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico, e já nos arredores dos chamados penedos de São Pedro e São Paulo, ainda na costa brasileira, o medo: chuvas, trovões, turbulências e raios – fenômenos climáticos rasgando a cortina da madrugada escura. De repente, o nada. Só o mar... Sei não, mas eu acho que ninguém deveria padecer após recém-passar pelo Paraíso. Afinal, Noronha é um dos lugares mais belos e privilegiados que existe no mundo – uma pérola – e, nesse caso, teria sido uma das últimas visões dos passageiros do vôo 447, antes da aeronave desaparecer dos radares...
Morro do Pico – Fernando de Noronha
Isto é! Se, devido o horário, pouco antes do acidente, eles não estivessem dormindo ou, se acordados, tinha luz suficientemente natural – sem falar na dos raios – para que pelo menos enxergassem o Morro do Pico (321 metros de altura), um dos cartões postais de Noronha, que, aliás, fica, apenas, a 360 km de Natal e a 630 km do arquipélago de São Pedro e São Paulo, que é composto de dez ilhotas e um santuário ecológico praticamente perdido no oceano e sobre a linha do Equador (menos de um grau Norte), sendo, ainda, por decreto, juntamente com o Atol das Rocas e Noronha, declarados Áreas de Proteção Ambiental - APAs pelo governo brasileiro, freqüentado, aliás, apenas por pesquisadores de diversas instituições de ensino a realizar vários projetos.
O arquipélago de São Pedro e São Paulo faz parte, também, de uma área que foi denominada Amazônia Azul, beneficiando a Zona Econômica Exclusiva do Brasil, e é o habitat natural e permanente de milhares de lagostas, algumas, inclusive, centenárias – imaginem o tamanho! –, e de tubarões-baleia, tubarões-martelo... Quanto aos santos, segundo biografia de homens bíblicos – qualquer semelhança é mera coincidência –, São Pedro foi um pescador apóstolo e São Paulo um apóstolo de náufragos gentis. Para quem acredita em coincidências e superstições, o ocorrido pode ter tudo a ver, sendo as vítimas recolhidas por Paulo e postos no barco de Pedro antes, claro, da chegada dos tubarões...
O fato é que, decolando do aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim – Galeão –, no Rio de Janeiro às 19h03 (horário de Brasília) do dia 31 de maio, o avião optou por uma das cinco rotas - a quinta - de acesso à Europa e à África, com chegada prevista ao aeroporto Charlles de Gaulle, em Paris, às 6h10 (horário de Brasília). A 565 km de Natal, às 22h33, o piloto da aeronave manteve um último contato de voz com o controle aéreo brasileiro, em Recife, quando foi informado que logo entraria no espaço aéreo do Senegal, na África. Pouco depois, às 22h48, o avião ficou fora da cobertura do radar de Noronha, sendo o registro o de um vôo com velocidade (840 quilômetros por hora) e altitude (35 mil pés) normais, em pleno vôo de cruzeiro, como costuma-se dizer na aviação.
Às 23h, uma forte turbulência surpreende tripulantes e passageiros e, às 23h14, o avião envia uma mensagem eletrônica de pane ao centro de controle de Recife, informando que teria ocorrido perda de pressurização e falha no sistema elétrico. Não demorou muito, às 23h20, o avião não não mais faz contato com o centro de controle, como estava previsto, e desaparece do radar, bem como, evidentemente, as duzentas e vinte oito das pessoas que nele estavam: 126 homens; 82 mulheres; 7 crianças; 1 bebê e 12 tripulantes. Curiosamente, os controladores de vôo do aeroporto Charlles de Gaulle garantem que só perderam contato com o avião às 3h (horário de Brasília)...
Perda de contato por completo, a inquietação generalizou-se e providências começaram a ser tomadas para se saber o que tinha acontecido com o vôo 447 e onde a aeronave poderia estar. De pronto, o presidente da Federação Internacional das Associações de controladores de Tráfego Aéreo - FACTA (em inglês), Mark Baumgartner, disse que o desaparecimento de aviões de telas de radar durante o vôo é “raríssimo”. E completou, explicando que, em certos casos, o avião deve realizar um pouso de emergência no meio do caminho”. Mas, em pleno oceano, caríssimo Baumgartner, como isso seria possível? Afinal, avião nenhum é fragata [pássaro], para pousar onde bem quiser, seja na terra, seja no mar, independentemente do problema apresentado.
No caso, deveras um probema sério. Sério até demais! Tanto que impediu o piloto de retornar e aterrissar no aeroporto de Fernando de Noronha ou prosseguir um pouco mais e aterrissar no aeroporto de Espargos, na ilha do Sal, em Cabo Verde – as duas únicas possibilidades diante da localização em que se encontrava a aeronave. Mesmo porque, o presidente da Air France, Pierre Henri Gourgeon, afirmou que o piloto era experiente, com onze mil horas de vôo, e que, desde 1988, está na companhia, considerando, portanto, “uma catástrofe sem igual”, o que, provavelmente, deve ter acontecido, ou seja, um acidente sem precedentes.
O porta-voz da companhia aérea, por sua vez, reafirmou que “não há mais esperanças de localizar o vôo 447”, disponibilizando vários números toll free para quem quisesse obter infrmações a respeito dos passageiros que estavam no vôo:
Para todo o Brasil: 0800 881 2020
Para a França: 0800 800 812
Para outros países: + 33 1 57 02 10 55
Ao mesmo tempo, uma fonte aeroportuária francesa, declarou que “a preocupação é muito grande”, pois uma avaria nos radares é pouco comum e que “o avião não pousou como estava previsto”. Enquanto isso, o diretor de comunicação da Air France, François Brousse, disse que a hipótese “mais provável” é a de que a aeronave tenha sido atingida por um raio. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, em comunicado as famílias das vítimas e à imprensa, fez coro com o porta-voz da Air France, dizendo que essa é “uma catástrofe aérea” até então nunca vista pela companhia e que não tem esperança de sobreviventes. Pensa de igual modo Jean-Louis Borloo, ministro francês do Desenvolvimento. Para ele, deve-se esperar o “mais trágico dos cenários”.
Segundo o metereologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC, do Instituto de Pesquisas espaciais - Inpe, Marcelo Celuchi, a região onde o vôo 447 desapareceu é uma região de tempestade contínua, a chamada “zona de convergência intertropical”, igualmente não descartando a possibilidade de o avião ter sido atingido por um raio. Para o assessor de imprensa da Aeronáutica, Henry Munhoz, participam das buscas do Airbus A330 aviões e helicoptéros, tendo como base Natal e Fernando Noronha e coordenação do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo - Cindacta III, em Recife, que executa as atividades de controle do tráfego aéreo comercial e militar, vigilância do espaço aéreo e comando das ações de defesa aérea na Região Nordeste do Brasil e na área oceânica que separa o Brasil da África e da Europa.
Além disso, as buscam contam, também, com o empenho das Forças Armadas do Brasil - FAB. A Associação Nacional de Aviação Civil – Anac, por sua vez, só pode liberar a lista completa e oficial de passageiros após a identificação das suas respectivas nacionalidades – já feitas – e após comunicar as famílias do ocorrido. Até o momento desta postagem, a lista dos passageiros do vôo 447 ainda não tinha sido divulgada. No entanto, O Estado de São Paulo forneceu as seguintes informações:
1 sul-africano; 26 alemães; 2 americanos;1 argentino; 1 austríaco; 1 belga; 58 brasileiros; 5 britânicos; 1 canadense; 9 chineses; 1 croata; 1 dinamarquês; 2 espanhóis; 1 estoniano; 61 franceses; 1 gambiano; 4 húngaro; 3 irlandeses; 1 islandês; 9 italianos; 5 libaneses; 2 marroquinos; 1 holandês; 3 noruegueses; 1 filipino; 2 poloneses; 1 romeno; 1 russo; 3 eslováquio; 1 sueco; 6 suíço e 1 turco.
Link para maiores informações:
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,em-paris--air-france-fala-que-ha-58-brasileiros-no-voo-447,380457,0.htm
Um fato, contudo, deve, no mínimo, ser levado em consideração, que foi a declaração de um piloto da TAM, que, realizando o trecho Paris-Rio, disse ter visto pontos alaranjados e luminosos, como focos de incêndio, na superfície oceânica, embora no espaço aéreo do Senegal. No entanto, se foi ventilada a possibilidade de vestígios do avião nas proximidades do arquipélago de São Pedro e São Paulo, que é uma APA e que, por isso, possui uma estação científica, garantindo a sua habitalidade, é provável que haja sobreviventes. Mas, se, porventura, a aeronave tivesse caído próximo aos penedos, os pesquisadores do lugar já deveriam ter entrado em contato com as autoridades – coisa que não aconteceu.
É possível, então, que o avião tenha caído em outro lugar e as correntes marítimas tenham arrastado possíveis pedaços da sua fuselagem e resíduos de óleo, como foi dito pela imprensa, por toda parte. E já que o piloto da TAM viu os tais pontos laranjas luminosos, tipo focos de incêndio, em uma localização que pertencia ao espaço aéreo do Senegal, por que o piloto do vôo 447 não tentou aterrissar antes, na ilha do Sal, em Cabo Verde, já que lá tem um aeroporto em Espargos? De fato, um mistério, o desaparecimento do Airbus A330. Agora, se foi mesmo um raio que atingiu a aeronave, comprometendo o seu sistema elétrico e os computadores de bordo, provocando uma despressurização, ou seja, uma perda de pressão, não teria pista de pouso que desse jeito.
E se foi, deve, no mínimo, ter partido a aeronave em duas ou mais porções, fazendo valer a expressão: O raio que o parta!, que, nesse caso, teria sido feita por encomenda. Não, não é humor negro. Ao contrário! É porque o fato é tão absurdo e inacreditável que Noronha só me vem à memória como um lugar de magia e paz. Não de tragédias, embora, até mesmo em um recanto paradisíaco, repleto de encantos, seja possível o despertar de prantos. Fico, então, a pensar em uma brasileira, a jornalista Adriana Van Sluings, 40, que, além de ser assessora de imprensa da Presidência da Petrobras, tinha medo de voar e estava no vôo 447, e que, entre um trovão e um raio, desapareceu dos radares na madrugada do dia 1° de junho. Foi a última viagem a trabalho da jornalista. E a sua despedida da vida...
A pergunta que não quer calar:
Teria sido o vôo 447 abduzido?
Afinal, ninguém, até agora, sabe do seu paradeiro!
Nathalie Bernardo da Câmara
Dos ares...
Parabens Nathalie pela matéria. Muitas perguntas jamais poderão ser respondidas para as autoridades, para as famílias e para o mundo. Mais diante das notícias divulgadas eu acho que o avião se desintegrou em pleno ar. Aí só a noite, os raios e a tempestade como testemunha.
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