Dois poemas de
Bertolt Brecht (1898 - 1956)
Bertolt Brecht (1898 - 1956)
O ESCRITOR SENTE-SE TRAÍDO POR UM AMIGO
O que a criança sente
quando a mãe vai com um estranho?
O que o carpinteiro sente
quando lhe vem a vertigem, o sinal da idade?
O que o pintor sente
quando o modelo não mais aparece e o quadro está inacabado?
O que o físico sente
quando descobre o erro bem adiante na cadeia de experiências?
O que o piloto sente
quando sobre as montanhas cai a pressão do óleo?
O que o avião sentiria
se o piloto guiasse bêbado?
(1941 - 1947)
O que a criança sente
quando a mãe vai com um estranho?
O que o carpinteiro sente
quando lhe vem a vertigem, o sinal da idade?
O que o pintor sente
quando o modelo não mais aparece e o quadro está inacabado?
O que o físico sente
quando descobre o erro bem adiante na cadeia de experiências?
O que o piloto sente
quando sobre as montanhas cai a pressão do óleo?
O que o avião sentiria
se o piloto guiasse bêbado?
(1941 - 1947)
HINO A DEUS
1
No fundo dos vales escuros morrem os famintos,
mas você lhes mostra o pão e os deixa morrer.
Você reina eterno e invisível,
radiante e cruel, sobre o plano infinito.
2
Deixou os jovens morrerem e os que fruíam a vida,
mas os que desejavam morrer não permitiu...
Muitos daqueles que, agora, apodreceram
acreditavam em você e morreram confiantes.
3
Deixou os pobres mais pobres, ano após ano,
porque o desejo deles era mais belo que o seu céu.
Infelizmente, morreram antes que chegasse com a luz.
Porém, morreram bem-aventurados e apodreceram imediatamente.
4
Muitos dizem que você não existe e que é melhor assim.
Mas, como pode não existir o que pode assim enganar?
Se tantos vivem de você – de outro modo não poderiam morrer –, diga-me: que importância pode ter, então, que você não exista?
(1913 - 1926)
Extraídos do livro Brecht – Poemas (1913 - 1956)
Seleção e tradução: Paulo César Souza
2ª Edição
Editora Brasiliense, 1986, São Paulo, SP
Atualizado e revisado: Nathalie Bernardo da Câmara
Nathalie Bernardo da Câmara
Do verbo...
Oi Nathalie você nos enriquece com seu blog. Não conhecia esse poeta.
ResponderExcluirCristina Bernardo