“Basta que um botão erre de casa
para que o desencontro seja total...”.
Dom Helder Câmara (1909 - 2009)
Religioso brasileiro
Definitivamente, Lula não sabe conduzir um trem, por mais operário que ele já tenha sido um dia. Falta-lhe habilidade para a função. Destreza, conhecimentos teóricos e técnica. A formação que recebeu foi para ser torneiro mecânico. Perdeu um dedo. Uns, dizem que foi acidente de trabalho – acontece; outros improficiência. Daí que, apesar da alegria, o trem descarrilou. Justo o trem pagador! E vieram as críticas, as denúncias contra o seu condutor, que se mostrou ainda mais inábil ao se aliar ao co-condutor, um Zé para lá de carioca malandro, que só sabe se dar bem, e ao permitir que o senhor Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, votasse contra a exigência do diploma de jornalista e do devido registro no Ministério do Trabalho e Emprego – MTE para o exercício regular da profissão.
Ou seja, tudo indica que os três principais poderes – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário – resolveram se unir em um complô contra o quarto, que seria a Imprensa, a fim de lhe silenciar, com a intenção de deixá-la cega, pior que a Justiça já o é, bem como surda e muda. Ocorre que esse tipo de coisa não pode acontecer em um Estado dito democrático. A não ser, claro, que estejamos vivendo uma ditadura branca. E Lula apenas teria cumprido a sutil ameaça, quando, outro dia, disse que nós, jornalistas, perderíamos a credibilidade perante a opinião pública. Já conspirava ele contra a categoria? Já conspirava ele em prol do seu terceiro mandato à frente da nossa República tupiniquim, tão capaz, mas tão mal fadada, embora saia por aí a propalar o nome de Rousseff para lhe suceder?
Felizes os pêndulos que, ainda, têm um encosto e infelizes dos elefantes sem memória.
“O elefante gostou do que viu
e fê-lo saber à companhia...”.
Saramago
Porém, graças à imprensa, cuja invenção é atribuída ao alemão Johannes Gutenberg (1397 - 1468), em meados do século XV, e seria o maior acontecimento da História, segundo o escritor francês Victor Hugo (1802 - 1885), que, aliás, deve ter dito isso porque não conheceu o rádio, a televisão nem a internet, podemos registrar fatos e, posteriormente, consultá-los. Tipo: Em 1986, segundo a jornalista Ruth de Aquino, da revista Época, Lula chamou Sarney de “grileiro do Maranhão”; em 1987, de “ladrão”. Mais: “Perto dele, Maluf não passaria de ‘um trombadinha’”. Em 1993, Lula teria dito que, “de todos os deputados no Congresso”, pelo menos trezentos eram “picaretas”. Esqueceu do Senado.
Afiada igual à espada de Zorro, personagem criada pelo escritor canadense Johnston MacCulley (1883 - 1958) e mais veloz no raciocínio do que o ágil Tornado, o cavalo do super-herói, Ruth de Aquino prossegue: “Agora, Lula depende da bancada do PMDB, a maior do Senado” e, “em terras remotas, no Cazaquistão, defendeu Sarney e o colocou num pedestal”. Recentemente, outro exemplo, Lula disse que Sarney “não pode ser tratado como se fosse uma pessoa comum”. E o que seria – eu perguntaria – um homem comum para Lula? Afinal, em que Sarney é especial? Em omitir fatos, distorcer evidências, mentir descaradamente para toda uma nação ao longo de mais de cinqüenta anos de vida pública?
Sem falar que ele teve, ainda, Sarney, o disparate de chorar, e ao vivo, para que nos compadecêssemos – pelo visto, devido o trotar de Tornado – da sua iminente derrocada! E ninguém se surpreenda se lá pelas bandas do Maranhão surgir, de repente, um encapuzado a fazer justiça, imprimindo no peito do oligarca já avisado a marca do Zorro. Falando nisso, Lula que se cuide, para não ser atingindo de raspão, já que, segundo Ruth de Aquino, ele só passou a defender Sarney porque foi “amaciado pelo poder”. E a jornalista continua prosseguindo, dizendo que Lula está “envaidecido pelas lisonjas e pela popularidade”. E questiona: “Qual seria o tratamento ideal para os poderosos no Brasil de Lula? Como deve ser punido o político ‘com história suficiente para não ser tratado como uma pessoa comum’?”.
Por fim, lépida que nem o Tornado de Zorro, a jornalista continuou questionando: “Que valores o líder transmite para o povo, com um discurso que trai sua própria história?”, acrescentando: “Lula é parte da elite que sempre criticou com ferocidade. Natural. A elite não é má por definição, já descobriu o presidente”. O fato é que nenhum jornalista que se preze anda engolindo os constantes ataques de Lula à imprensa brasileira, quando afirma que estamos sempre a “arrumar uma vírgula a mais”, como diz Ruth de Aquino, citando Lula, no “denuncismo” contra o Congresso Nacional. Parece até que estamos maculados com um vírus qualquer apenas por exercermos a nossa profissão com dignidade e ética, ao denunciar a corrupção que emana desse mesmo Congresso Nacional.
Pior! Lula ainda culpa a imprensa pelo que está ocorrendo. Ora, a imprensa só está constatando um fato. Afinal, a nossa função é a de constatar fatos. E não importam quais eles sejam. Agora, se não quiserem que os jornalistas denunciem sangrias e mais sangrias desatadas nos cofres públicos, que ajam, então, com probidade. Com a retidão de caráter que o cargo exige, sobretudo, no caso, Zé Sarney, presidente da casa. Só que, achando pouco, Lula disse que as denúncias vão desmoralizar todo mundo. Todo mundo quem? Quem trapaceou? Mas esses têm mesmo de ser desmascarados. Só o Zorro, que defende os oprimidos, é quem tem o direito de trapacear, porque, em seu caso, os fins justificam os meios. Para completar, Lula jogou praga contra a imprensa.
Em resposta, a jornalista escreveu e eu assino embaixo: “Senhor presidente, a imprensa só fica desacreditada se as denúncias forem mentirosas. Ou se ela se omitir e fizer o jogo do poder. Uma imprensa medrosa e submissa ao governo – não importa o partido dominante – é uma imprensa sem credibilidade. Não faz jus a uma democracia madura como a brasileira. Ou a transparência só vale para o homem comum?”. E o não comum, o mordomo da ex-senadora Roseane Sarney, por exemplo, recebe nada secretamente um salário de R$ 12.000,00 pagos pelo Senado Federal. Quanta alegria, não, a deslizar por dentre os vagões do trem pagador?! E, pelo visto, o “grande ladrão” virou um homem incomum. Tão incomum que ainda vislumbra luz ao final do túnel.
E pode até encontrar, se depender de Lula, que, pelo visto, não tem medido esforços nem favorecimentos a terceiros para se manter no poder. Vejamos o que diz a revista Veja desta semana: “Há cinco meses, o Congresso Nacional enfrenta uma infindável onda de escândalos. Ela envolve parlamentares e altos funcionários com mordomias, nepotismo e suspeitas de corrupção. Aos 79 de idade, 54 de política, Sarney, o mais longevo e experiente dos políticos brasileiros, é apontado como mentor e beneficiário da máquina clandestina que operava a burocracia do Senado. Inerte diante das denúncias, o senador tentou defender-se no plenário, com argumentos tão frágeis quanto os azulejos portugueses de São Luís. Do Cazaquistão, onde se encontrava em visita oficial, Lula atirou-lhe a bóia”.
E como bateu... Além do mais, como se já não bastasse Sarney, com o triste histórico político que tem, denegrir moralmente ainda mais o Brasil com as suas trapalhadas, iguais as do sargento Garcia – só Zorro mesmo! –, Lula não somente selou o seu descaso com a democracia, mas, também, a sua falta de ética diante de questões que dizem respeito à nação brasileira. Afinal, ele não pode – nem deve! – em detrimento do povo, ser fiel apenas aos trezentos “picaretas” que atuam no Congresso Nacional, como ele mesmo disse em 1993 – picaretas esses que, hoje, ele aperta a mão e abraça calorosamente, como velhos e grandes companheiros. Pior! Como se todos fossem torcedores do corintinhans. Pelo visto, só pode ser isso, já que, dizem os supersticiosos, não se mexe em time que está ganhando.
Só que, nesse caso, não tem time nenhum ganhando, mas afanando. Pior! Sonegando o direito dos jornalistas de se organizarem enquanto categoria. Sim, estão a leiloar as nossas cabeças apenas porque discernimos e, quando é o caso, denunciamos. Sinceramente, ninguém merece um trio tão barra pesada: Lula, Sarney e Gilmar. E fico a me perguntar quantos horrores ainda estão por vir... Pelo visto, podemos esperar de tudo. A não ser que a população brasileira se una e puna devidamente todos os que têm lesado a pátria. Sim! Todos os envolvidos no escândalo Tô nem aí! – sugestão da casa – cometeram um crime de lesa pátria, igual Collor, que, aliás, teve o seu merecido impeachment. E aí, o que o povo vai fazer, agora? Cruzar os braços ou exigir decência?
Resolve-se o problema desde já ou se espera as próximas eleições? Particularmente, se a população brasileira deixar para reparar os seus próprios erros em 2010, porque, infelizmente, votou e elegeu “picaretas”, como disse Lula, talvez, até lá, não sobre nem a raspa do tacho para contar história. Mas, para finalizar, recebi, dois dias atrás, um e-mail de uma colega cineasta, repassando uma mensagem que pedia luto para o Brasil nos dias 22 e 23 de junho, devido, óbvio, a vergonha que está a política brasileira. Uma amiga, contudo, ao receber o meu e-mail repassado, me escreveu, dizendo que, nesses dois dias, o Brasil estaria colorido, soltando foguetões, balões no ar, que era “uma péssima data escolhida para pedir a cor preta”. O luto por políticos indecorosos. Tenho de concordar.
Afinal, eu mesma não suporto o mês de junho. É barulho demais! E muita fumaça... Ah! Se não me falha a memória e antes que eu esqueça – acho que foi e ainda o é, a Constituição do Brasil que o diz, todos, apesar do barulho e da fumaça de São João – ou seria José? –, são iguais perante a lei e, portanto, devem ser punidos tal qual reza o CÓDIGO PENAL BRASILEIRO...
E quem deveria limpar só sabe sujar ainda mais...
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