sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FESTA DA MACONHA OU AS PUPILAS DO SENHOR REITOR


“O problema da festa da maconha, entre outras manifestações desse tipo, é o seguinte: em vez de tirar, reforça o charme do uso da droga...”.

Gilberto Dimenstein
Jornalista brasileiro


Em ato divulgado na noite de quinta-feira, 15, o reitor Dirceu de Mello suspendeu as aulas e todas as atividades nesta sexta-feira, 16, no campus Monte Alegre da Pontifícia Universidade Católica - PUC, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, em decorrência do 1º Festival da Cultura Canábica, que seria um evento público – divulgado, inclusive, no Facebook –, organizada pelos alunos da instituição, cuja pauta seria inofensiva, já que seria apenas uma discussão sobre a legalização do uso da maconha. Resumindo: o reitor fechou as portas da PUC, embora, em represália, os alunos tenham programado um ato de protesto, a favor do evento, justificado, inclusive, legalmente pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 187, do Supremo Tribunal Federal - STF, igualmente usada no julgamento favorável para as recém-realizadas marchas da maconha no Brasil. Ou seja, tudo legal! Em um blog do jornal Folha de S. Paulo, encontramos a seguinte postagem:



 
 
 
 
 
Ordem e retrocesso na PUC/SP
 
Por Xico Sá
Jornalista brasileiro

 
 
 
Maconha desperta trocadilhos. Uns bobos, outros incríveis. Baseado em fatos reais, por exemplo, seria um bom e óbvio título para este post.

Pois é. "Nós é que fumamos e o sr. reitor é que fica tonto." Eis o balãozinho sobre a cabeça dos estudantes da PUC-SP a essa altura.

Eis o que pensaria o Capitão Presença, grande herói e personagem de HQ aí acima. Assina que é teu, caro Arnaldo Branco.

Nós é que fumamos e o sr. reitor que fica louco, discursam os alunos. Não só os alunos. Foi um professor, indignado, que me relatou a treta acadêmica agora mesmo. Estava furioso.Definiu de primeira:“Tremenda palhaçada”.

O sr. Reitor da Pontíficia Universidade Católica , Dirceu de Mello, fechou geral o tempo. Hoje o campus de Perdizes está interditado. Ninguém circula. Só a madre superiora.

O Ato 127, como todo aquele resquício prensado de AI-5 no inconsciente, surgiu em represália ao 1º Festival de Cultura Canábica, que aconteceria a partir das 16h, no campus.

A filosofia festeira – pobre e triste da juventude que deixa de fazer protestos celebrativos- era defender a descriminalização da maconha e se divertir, óbvio, ainda mais da sexta para o sábado.

Como dizia o velho Oswald de Andrade, um dos membros do conselho espiritual desse blog, viva a rapaziada guerreira, o gênio é uma grande besteira.

E repare que os meninos da organização do evento tiveram todo o cuidado de recomendar, nas convocações, que não se fumasse maconha durante o encontro. Por temor de tempo ruim com a polícia.

Gente, pelo menos a discussão sobre o assunto no Brasil foi liberada, até um ex-presidente (FHC) já fumou. Não tragou, como disse, mas defendeu com decência pública a descriminalização da Cannabis.

Pelas pupilas do senhor reitor!

Cadê o conceito de Universidade como centro de conhecimentos, culturas, saberes e discussões?

Quem tem medinho de um eventual baseado não pode comandar um campus inteiro.

É ruim transformar um corredor universal que se pretende iluminista em um beco das trevas.

“Saudade da dona Nadir Kfouri”, já reverbera nas redes sociais a lembrança da brava mulher que comandou a PUC, por votos e aclamação de alunos e professores, entre 1976 e 84.

Dona Nadir, como escreveu o Juca na sua coluna de ontem na Folha, nos deixou esta semana, aos 97 anos de história.

Era tão querida que o papa Paulo 6º, a pedido de dom Paulo Evaristo Arns, teve que aceitá-la como reitora. Baita quebra de tabu dentro das instituições da igreja Católica.

Sem querer baforar aqui a fumaça verde da verdade absoluta, mas o sr. reitor pirou o cabeção acadêmico, não acham? Ou foi apenas uma nostalgiazinha da Ditadura?


É para rir!


Nathalie Bernardo da Câmara



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