domingo, 24 de outubro de 2010

NO PAÍS DA COBRA GRANDE

Salve-se quem puder!




“A política tem a sua fonte na perversidade
e não na grandeza do espírito humano...”.

Voltaire (1694 - 1778)
Filósofo e escritor francês

 

A biodiversidade da fauna brasileira é, simplesmente, surreal. Dá de um tudo! Mas, nesta vida, depois que se conhece a maldade humana, nada mais causa espanto... O mais intrigante, contudo, é não saber o que é mais grave: se cobras engolindo cobras, cada uma, aliás, com as suas presas bucais particulares e os seus venenos ainda piores, ou as rinhas de galos, vistas, nos últimos tempos, por exemplo, nas arenas da política brasileira – se brincar, uma tourada espanhola é até menos sanguinolenta e provoca menos danos colaterais do que esse carnaval tupiniquim. De quinta – diga-se de passagem! E que ninguém merece, pois, no nosso caso, brasileiros idiotas, termina virando picuinha deles, coisas pessoais de um político contra outro, que – convenhamos – não levam em consideração o desejo do povo: a gente...

Enfim! No Manifesto Antropofágico, do multimídia brasileiro Oswald de Andrade (1890 - 1954), publicado no número I da Revista de Antropologia, de 1928, em São Paulo, Brasil – uma resposta as questões postas pela Semana de Arte Moderna, de 1922, cuja imagem para retratar o período histórico foi, nada mais, nada menos, do que a pintura:

 
Abaporu – 1928 – Óleo/Tela 85x73 cm
Tarsila do Amaral (1886 - 1973)
Pintora brasileira



Sim, o autor do manifesto citou - numa boa - a deglutição do religioso português Pero Fernandes (1495 - 1556) por índios Caetés, embora dita injusta e desumana por malditos católicos. Só que, em minha opinião, foi uma deglutição de bom tom! Afinal, quem mandou infelizes virem para a Terra dos Papagaios, usurpando os direitos dos aborígines locais, tipo o jesuíta português Anchieta (1534 - 1597), um bandido a mando do rei da época? Assim, após naufragar na foz do rio Coruripe, no hoje Estado de Alagoas, no Nordeste do Brasil, o Pero, religioso, mais conhecido como o bispo Sardinha, caiu nas garras dos Caetés – canibais de natureza. A criatura, com nome de peixe, capturada e abrasada? Problema o dele. Vai ver, culpa do sobrenome... Em minha opinião, a sardinha foi muito bem assada e degustada. À época, eu faria o mesmo.

Hoje, particularmente, embora tenha um dedo nos Potiguara, igualmente canibais de origem – coisa do passado -, não comeria ser humano algum, muito menos um religioso, pois sou alérgica à batina. Ah! Tenho outros dedos espalhados... Na África - da qual nem falo! -, na Europa... Enfim! Na urna brasileira atual, sem vislumbre de digerir espécie alguma de fauna. Nem em processos crus, sólidos, líquidos ou gasosos... Melhor vomitar, pois me proíbo de votar em quem quer que seja! Afinal, falando em fauna, não quero, com o meu voto, servir de boi de piranha para ninguém. Quer quiser, o faça. Fico com o beija-flor. E me esqueçam. Não gostaria de, um dia, ouvir a jornalista brasileira Fátima Bernardes – a apatia por excelência –, do Jornal Nacional, da Rede Globo, dizendo que o representante do Executivo saiu para comprar cigarro. Pior! Quando nem fuma...

 


Nathalie Bernardo da Câmara



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