terça-feira, 12 de outubro de 2010

NO PAÍS DAS MARAVILHAS II

Ser ou não ser não é a questão!




“Creio em um velho ditado chinês que diz o seguinte:
‘Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira...’”.

Jarbas Passarinho
Militar e político brasileiro



Quem acompanha o meu blog ou me conhece sabe que, no pleito do dia 3 de outubro, votei na candidata Marina Silva para presidente do Brasil. E optei pela ambientalista não para protestar contra a polarização de dois dos candidatos na campanha eleitoral, como muita gente fez, mas por seu programa de governo e, sobretudo, porque tomei conhecimento de que Marina é uma das cinqüenta pessoas no mundo com reais condições de ajudar a Terra, que também tem os seus direitos, contemplando, assim, a minha preocupação com inúmeros problemas – não mais um espectro, se limitando a ameaçar, mas já uma realidade visível a olho nu – que andam a atingir o nosso meio ambiente, sobretudo os decorrentes do aquecimento global, diferentemente de muitos que, inclusive, ignoram os apelos do seu próprio habitat, bem como sequer sabem, por exemplo, que a água é incolor. Não digo nem inodora, pois, no caso da do mar, cheira a sal, e nem insípida, veneno que é para um hipertenso, considerando – convenhamos – que é salobra.

Bom! O fato é que toda essa introdução foi apenas para adentrar no tema do post em questão – seqüência do anterior –, ou seja, os direitos humanos em suas mais diversas feições. No caso, o respeito a ser garantido, indiscriminadamente, a todo e qualquer cidadão, independentemente do seu papel e da sua função na sociedade. Além disso, adianto, também, que, pela minha condição de humanista, politicamente sempre combatendo as mais diversas faces da tirania, da mais sutil e velada à escancarada, e independentemente da minha opção neste 2° turno das eleições, mesmo porque, tudo indica, não estarei em Brasília no dia do pleito, 31 de outubro, devendo, portanto, justificar a minha ausência do meu domicílio eleitoral, confesso que ando impactada com o baixo nível ao qual já chegou a disputa dos presidenciáveis pelo poder na reta final da campanha eleitoral – pensava que só quem gostasse de térreo fosse anão. Enfim! Repudio a prática do dito vale tudo para se ganhar uma campanha não importa a qual preço.

Sim, com candidatos, assessores, cabos eleitorais e congêneres saindo no tapa para disputar nem que seja um voto que garanta uma dada vitória nas urnas, enquanto os escrúpulos rolam esgotos abaixo. E a situação torna-se ainda mais gritante porque muitos utilizam a internet – ferramenta poderosa – para emporcalhar ainda mais o já deprimente cenário político. No caso, me refiro a uma notícia que, recentemente, foi não somente divulgada na mídia, mas também na internet, circulando, aleatoriamente, nesse mundo sem fronteiras, inclusive nas caixas postais dos internautas, que, aliás, se não acionarem um dispositivo para filtrarem os e-mails que, indiscriminadamente, lhes são enviados e nem instalarem um poderoso antivírus, terminarão sendo vítimas de uma lavagem cerebral mais eficiente do que as próprias propagandas eleitorais gratuitas, cujo intuito, aliás – tudo indica – é o de fazer uma no eleitor, tipo: vote em mim e em mais ninguém, por isso, por aquilo e, por aí, vai.

Desse modo, entupindo, ou melhor, poluindo as nossas caixas postais virtuais, sem prévio aviso e sem respeito ao nosso direito a uma informação asséptica, os e-mails capciosos surgem de toda parte e, no caso da campanha eleitoral, apenas com o deplorável objetivo de chafurdar ainda mais os debates entre os presidenciáveis, que já não são lá essas coisas. E apenas pelo simples fato de que não são balizados por propostas de governo respaldadas pela honestidade, pela transparência e, principalmente, pela ética – um prato cheio para informações que são a maldade em pessoa, sendo, portanto, os debates, contaminados por todo tipo de leviandade, que, para nosso desespero, logo entra em pauta. Está sendo assim, por exemplo, com a presidenciável Dilma Rousseff... Como se já não bastassem as acusações – naturais e válidas – de irregularidades que teriam acontecido na Casa Civil, quando a candidata era a sua ministra chefe, ela, agora, teve a sua vida privada vasculhada e virou alvo de adjetivos pejorativos os mais diversos.

Vida privada essa que, aliás, só diz respeito a ela. Só que, se nem no dia a dia as pessoas respeitam a intimidade alheia, o que dirá em uma campanha política! O fato é que não deve ser da conta de ninguém o que uma criatura fez, faz ou deixa de fazer na esfera da sua vida privada, diferentemente do que ela fez, faz ou deixa de fazer em sua vida pública, quando tem uma. Só que, no caso de um político, ainda mais em campanha eleitoral, aí o bicho pega, porque – parece – as pessoas querem mais é ver o circo pegar fogo e, sem medir as conseqüências dos seus atos, a língua corre solta. Nesses últimos dias, portanto, a vítima tem sido Dilma – se acontecesse o mesmo com Serra ele também teria a minha solidariedade –, já que o bafafá que está rolando é com ela, que teve o seu direito à privacidade violado, embora apenas para se tentar denegrir a sua imagem pública. Sei não, mas os pais dos que agem de má fé, ao invés, por exemplo, de exercerem a cidadania com responsabilidade, não lhes ensinaram bons modos na infância?

Enfim! Já que as pessoas andam a dar uma dimensão desnecessária, inútil e fútil a supostos detalhes da intimidade de Dilma Rousseff – coisa que nem me interessa –, só resta questionar por onde andava, antes do 2° turno, a autora da denúncia que, ora, pesa sobre a presidenciável. Afinal, se a celebridade do momento garante e diz ter provas que manteve uma vida em comum com a mulher Dilma, mas que foi abandonada e que, por isso, se sente lesada – daí reivindicar supostos direitos, no caso, uma pensão –, qual o motivo de não ter procurado a hoje presidenciável quando ela ainda estava, por exemplo, à frente da Casa Civil e já devia possuir uma conta bancária polpuda – se é que o não pagamento de uma pensão, paga pela cidadã Dilma, seja realmente o motivo para a tal denúncia –, ou mesmo ter desencadeado esse escândalo já no 1° turno? Daí eu continuar questionando... Qual seria, então, independentemente da veracidade da informação em questão, a real causa de todo esse estardalhaço, justo na reta final da campanha eleitoral?

O mais lamentável, contudo, da repercussão da referida denúncia, é que o aparente drama da suposta ex-amante de Dilma parece que se tornou a coisa mais importante da face da terra, em detrimento – o que é uma pena – do programa de governo da candidata, esse, sim, a ser levado em consideração e debatido com a população, que, inclusive, deve compará-lo com o de Serra, cujos assessores de marketing, aliás – um bando de sanguessugas –, devem ser os verdadeiros responsáveis pelo Caso Danado – eu que batizei a baixaria assim. Enfim! Sem maiores comentários a respeito, concluo este dizendo que, caso estivesse em meu domicílio eleitoral no dia 31 de outubro, com certeza não votaria em Serra, visto que, em hipótese alguma, entrego a minha confiança a um político que, em campanha, já se revela inescrupuloso. Porém, independentemente da minha opção política, rogo aos dois presidenciáveis que se limitem a pautar as suas respectivas campanhas naquilo que chamamos de honestidade, transparência e ética.

 
 



E que respeitem o direito do povo brasileiro à decência, já que, nem de longe, ele é fossa de quem quer que seja e, embora não pareça, pode surpreender nas urnas, tomando uma decisão que nem o mais sábio dos homens seria capaz de adivinhar... No mais, adianto que o próximo post tratará de outra notícia, também com um pé na questão dos direitos humanos, que, outro dia, me foi enviada por e-mail e que, de certa forma, já anda a ganhar espaço nos vexatórios debates do 2° turno das eleições para presidente. Voilà!

 
Nathalie Bernardo da Câmara


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