segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PRESENTE DE GREGO


“Com o engodo de uma mentira
se pesca uma carpa de verdade...”.

William Shakespeare (1564 - 1616)
Escritor e dramaturgo britânico



Papai Noel chegou mais cedo para o PT e congêneres... Com 46,91% dos votos válidos, a petista Dilma Rousseff foi a mais votada dos candidatos à presidência do Brasil, devendo, portanto, disputar o segundo turno não com a ambientalista Marina Silva (PV), como eu esperava, que obteve 19,33%, mas com José Serra (PSDB), que ainda conseguiu abocanhar 32,61% do total de eleitores que compareceram as urnas no dia 3 de outubro. Isso mesmo! Lula tanto fez – pintou o sete –, tanto investiu, gastando um dinheiro que não lhe pertence, tanto manipulou a máquina do governo, favorecendo a sua candidata, que findou por garantir a visita antecipada do bom velhinho de barba branca à trupe petista e a todos os que apóiam o governo do partido-mor. O escandaloso é que, cegos de contentamento, os militantes do PT e os seus aliados nem questionam a ilegalidade do empenho do presidente, que, por desconhecer o que seja ética e transparência, usou e abusou das influências que lhe confere o cargo que ocupa.

 


E digo isso não porque Marina Silva, a minha candidata, não foi eleita, embora tenha sido a terceira mais votada, mas porque é inevitável não constatar o fato, aliás, público e notório. Vergonhosamente indecente e imoral, eu diria. O pior, contudo, é que, não por mérito e reconhecimento, mas pelo andar da carruagem da realeza tupiniquim e pelo derrame de dinheiro que parece não ter fim, já que Lula abriu a torneira e não a solta nem que chova foices e martelos sobre a sua cabeça, Dilma possui as maiores chances de se eleger presidente no segundo turno. O que é lamentável. Da mesma forma que também só me resta lamentar que seja Serra o adversário da petista. Sei não, mas não há mais como isentar o povo brasileiro, que nada tem de coitadinho, da sua responsabilidade em eleger demagogos, atribuindo as suas supostas preferências eleitorais à compra de votos por candidatos inescrupulosos. Ou seja, o povo brasileiro – com todo o respeito – é, de fato, de uma ignorância sem limites, já que nem com os erros ele aprende.

Elegendo, portanto, um dos dois, Dilma ou Serra, a maioria do povo brasileiro estará obrigando o restante da população a engolir a seco uma decisão infelizmente irrevogável e inapagável da memória, ferindo, assim, o esôfago de muitos e provocando crises e mais crises de refluxo. Mas, como dizem que o Brasil é uma democracia, fazer o quê? O fato é que um dos dois será eleito presidente e só resta a minoria que irá abster-se rogar praga. Afinal, ninguém merece um tecnocrata – ambos o são – tomar as rédeas do país. E Dilma, a dama de ferro, ainda é pior, pois exala intenções neonazistas. Resta-nos, então, encarar a realidade, por mais sombria que ela seja, considerando que não podemos retroceder no tempo, já que o mal está feito. E esperar. Esperar, contrariados, a votação do segundo turno, marcada para o dia 31 deste mês, bem como saber qual dos dois candidatos legará o espólio eleitoral de Marina Silva, que – diga-se de passagem – representa nada mais nada menos do que 19.636.359 mil eleitores.

 


Desse total, inclusive, recebido por Marina, se encontra o meu voto, que – aviso logo! – não irá migrar para nenhum dos referidos candidatos, nem Dilma nem Serra, finalistas da corrida presidencial, não importa qual dos dois a ambientalista e o seu partido decidam apoiar. Afinal, quando decidi votar em Marina no pleito do dia 3, votei na mulher que ela é independentemente de qualquer outra prerrogativa. Assim, como a ex-seringueira ficou em terceira posição no ranking eleitoral, não tenho nada a ver com as suas escolhas daqui para frente. Sim, porque, quando uma considerável parcela da população brasileira decidiu aderir à onda verde, buscava soluções para os problemas que ora assolam o país, sobretudo os ambientais, que, aliás, têm ameaçado o planeta como um todo, indiscriminadamente. Não um abacaxi para descascar. Quanto a Lula, que, ao votar, lamentou não ter visto uma foto do seu rosto na urna eletrônica... O infeliz não sossega tão cedo! Vai vagar igual alma penada durante o mandato do candidato que for eleito.

Sim, independentemente de quem venha a ser o futuro presidente do Brasil, se Dilma ou Serra, Lula vai permanecer na ativa, atuante que nem bala de canhão em conflitos bélicos. Desse modo, no caso de Serra ser o eleito, eu não tenho a menor dúvida de que Lula fará uma oposição sistemática, constante, criticando negativamente o dito tucano a 3x4 e comparando – uma prática do petista – as gestões de ambos. A meu ver, contudo, menos mal, pois Lula estará fazendo o melhor que sabe, ou seja, oposição. Aí, ele é imbatível! Agora, se Dilma for a eleita, como é o atual sonho de consumo de Lula, podem apostar que ele irá abusar do tricô, ou melhor, manipular o mandato da companheira, que, apesar do pulso forte, já tendo, inclusive, sufocado a senadora Marina Silva em 2008, que, por não tolerar a tirania da ex-ministra chefe da Casa Civil, renunciou ao cargo de ministra do Meio Ambiente, só é a sua protegida para que a sua perpetuação no poder, coisa que, depois que experimentou, tomou gosto, permaneça intocável.

 


A intenção de Lula é tão descarada que um dos artigos do suplemento especial Os Rostos do novo Brasil, publicado pelo jornal francês Libération no dia 28 de setembro, diz que, impedido constitucionalmente de disputar um terceiro mandato, o ex-operário metalúrgico tenta eleger a sua sucessora. Daí eu não duvidar que, daqui a quatro anos, Lula volte a se candidatar a presidente, já que até na logomarca da Copa de 2014, que terá como sede o Brasil, o 4 de 2014 está pintado de vermelho, tudo indicando, para a nossa infelicidade, as suas pretensões em retornar ao Palácio do Planalto – não precisava dar tanta bandeira. E não venham me dizer que tudo não passa de uma mera coincidência porque, desde a divulgação da tal logomarca, muitos remarcaram esse sutil detalhe e não hesitaram em dizer que o mesmo é uma alusão as eleições presidenciais do ano em questão, ou seja, 2014. Assim, como uma imagem vale por mil palavras e Lula mais parece um espírito do mal que precisa ser exorcizado, confiram a logomarca.





P.S.: Depois, não digam que eu não avisei. Ah! Aproveitando o ensejo, visto que estou falando em manipulação, certo dia, em uma entrevista, Lula chegou a dizer que “todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara”. Espero que a máxima também sirva para ele, que, inclusive, por sua popularidade – andam a dizer – dará as cartas no segundo turno das eleições. Sei não se Lula terá um papel determinante na eleição do próximo presidente do Brasil por sua suposta popularidade. A meu ver, como eu já disse antes, se calhar de ele influenciar no voto dos eleitores, tal influência dar-se-á sim, mas mais porque a máquina do governo está a sua disposição. E ele a aproveita, sem dó nem piedade – moral e ética lhes são princípios obsoletos –, em uma sangria desatada que nem todo o material cirúrgico do hospital Sírio-Libanês é capaz de estancar...

Nathalie Bernardo da Câmara


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceita-se comentários...