Já
dizia o escritor e humorista norte-americano Mark
Twain (1835 - 1910): — Tomada com moderação,
água não faz mal a ninguém...
O Brasil é, de fato, um
país sui generis: como se não bastasse desperdiçar dinheiro com a Copa do Mundo
– evento considerado supérfluo pelas mentes sensatas de todo o mundo (este ano,
então!), sobretudo, no caso, diante dos graves problemas sociais existentes no
país (por pouco não resvalando num penhasco), além de megalomaníaco, igual à
mente do ex-presidente Lula, aquele, (é bom não esquecer) que, aliás, só pode
ter vendido a alma (se é que tem uma) para que tal aberração ocorresse em solo
tupiniquim, embora, com isso, entre outras, só tenha metido o pé na Jaca –, a
República dos Bananas (querem, sim, nos fazer de tolos) é recordista mundial em
desperdício de água. Ora, o fato de o Brasil possuir a maior
reserva de água doce do planeta não significa que temos de gastar água a rodo –
nenhum trocadilho. Pelo contrário, já que, diante do estado caótico em que se
encontra o meio ambiente, temos mais é de preservar, não poluir e poupar esse
bem natural – uma riqueza – que, ninguém nunca sabe, pode nos vir a ser ainda
mais útil, que é ser um trunfo para um eventual poder de barganha quando a
coisa degringolar de vez, o que vai terminar acontecendo, sim, por causa das
inúmeras sandices causadas pela raça dita humana.
Então...
Uso racional desse
líquido precioso, decantado, inclusive, com maestria, pelo sambista brasileiro
Bezerra da Silva (1927 - 2005)? Segundo pesquisas realizadas
pelo engenheiro brasileiro Paulo Costa, especialista em programas de
racionalização do uso da água, o Lago Sul, bairro considerado nobre de
Brasília, no Distrito Federal, detém o recorde de desperdício de água por
habitante no mundo (a informação foi divulgada já em 2009), onde o gasto médio
diário por pessoa é de mil litros. Enquanto isso, em países da África, como a
Namíbia, por exemplo, as pessoas têm menos de um litro d’água por dia. Em 2012,
de acordo com o pesquisador, o referido bairro possuía o maior número de
piscinas do país – 90% das suas residências possuem uma. Isso sem falar na
grande quantidade de água utilizada nas lavagens dos carros dos seus moradores
e no aguar dos vastos gramados e jardins das suas casas.
Bom! No dia 21
de março do corrente, véspera do Dia
Mundial da Água, a ambientalista brasileira Marina Silva publicou no jornal
Folha de S. Paulo o seguinte e
bastante lúcido artigo – puxão de orelha nos incautos.
Líquido e incerto
Por Marina Silva
No Dia Mundial da Água, amanhã (22), estaremos
em "estresse hídrico". Não que falte água – há excesso no Norte. O
rio Acre baixa, e traz algum alívio aos meus conterrâneos, mas o Madeira
continua subindo e afeta populações de toda a região, até na Bolívia. A
presidente Dilma sobrevoou a área inundada, esteve com desabrigados e anunciou
a construção de uma ponte entre Acre e Rondônia. Mas se o rio invadir longos
trechos da estrada nos próximos anos, de pouco adiantará uma ponte no meio das
águas.
Faz tempo que o Brasil precisa debater
com mais profundidade os efeitos das mudanças climáticas, para se preparar e
prevenir situações, em vez de apenas socorrer as vítimas com ações
emergenciais.
Isso é evidente na escassez, o drama do
Sudeste. Aí se revela o atraso da gestão pública, no limite da
irresponsabilidade. Chega a ser ironia que o problema maior esteja em São
Paulo, Estado que foi exemplar nos anos 90, quando o Brasil definiu avançados
marcos regulatórios para gestão das águas.
Na avaliação do ex-deputado Fabio
Feldmann, a situação atual é de desmantelamento do sistema nacional de recursos
hídricos e dos sistemas estaduais. Um retrocesso "democrático e
suprapartidário", pois acomete Estados governados por diferentes partidos.
Todo o setor de saneamento, que tem seu
maior déficit na coleta e tratamento de esgotos, permanece o setor da
infraestrutura nacional com o pior nível de desenvolvimento, deixando o Brasil
em vexaminosa situação no cenário mundial.
Falta investimento, é óbvio. Mas nas
avaliações de organismos civis, como o Instituto Trata Brasil, isso ocorre mais
por falta de capacidade técnica de fazer e executar projetos do que por falta
de recursos.
Falta uma clara definição de
responsabilidades entre União, Estados e municípios. Há excessiva burocracia para
obter financiamento. A política tarifária, que aliviaria o setor, não ajuda.
Com tal descaso, o tempo desfaz os avanços conquistados e as situações de crise
se tornam frequentes. É o caso do Cantareira, em São Paulo, que passou por um
sério período de escassez na década passada.
Desde então, a gestão do sistema pouco
mudou e quase não existem medidas de redução de consumo ou de ampliação das
condições para que as bacias do sistema possam produzir água. Resta menos de
25% da vegetação natural no entorno dos reservatórios, segundo o Diagnóstico
Socioambiental da Cantareira (ISA, 2006).
Há exemplos de estratégias bem sucedidas. Em Nova York, nos anos 90, foram implantados dois programas: subsídios para a substituição das válvulas de descarga nas residências, para diminuir o consumo, e gestão ambiental, com aquisição de terrenos em áreas ambientalmente sensíveis e pagamento por serviços ambientais. A crise atual vai passar, mas repete a lição: pensa no futuro, Brasil.
Contra a corrente
Na sexta, 09 do corrente,
na coluna que Marina Silva escreve semanalmente na Folha, o artigo Tomando
Ciência chamou-me a atenção. Nele, a ambientalista diz que, na próxima
semana, de 12 a 16, em Fortaleza, no Ceará, estará participando da III Conferência
Internacional sobre Adaptação Climática, evento que reunirá cientistas e
organizações usuárias de informações sobre mudanças climáticas, a fim de que
sejam exploradas “abordagens práticas e estratégias para tomada de decisões
(...) cada vez mais exigida num mundo de urgências e emergências”. Segundo ela,
ainda, os exemplos, no Brasil, de urgências e emergências, são claros: — São Paulo
está no limite do abastecimento de água e energia, Rondônia e Acre com grandes
prejuízos causados pelas enchentes. Tais situações, como outras vividas nas
várias regiões do país, ano após ano, denunciam nosso atraso estratégico.
Quem acompanha as negociações
internacionais sabe que todos os governos se atrasaram. O último grande fiasco
foi aqui mesmo, na Rio+20, que apenas adiou as decisões urgentes para deter o
aquecimento global.
Mas a crise se agravou a olhos vistos e
novas pesquisas mostram isso em detalhes. Ainda ontem foi anunciado que
passamos todo o mês de abril acima do limite simbólico de 400 ppm (partes por
milhão) de gases do efeito estufa na atmosfera. O sinal amarelo está ficando
vermelho.
Estados Unidos e Europa já reconhecem o
impacto das mudanças climáticas sobre suas economias. A China iniciou um
gigantesco programa de plantio de árvores e a mudança de sua matriz energética.
Também no Brasil precisamos encarar a
realidade.
É triste ver desastres repetidos por
falta de políticas de adaptação e mitigação. Há poucos dias, a Fapesp divulgou
o alerta do pesquisador José Galizia Tundisi: o desmatamento nas margens dos
rios, além de reduzir os recursos hídricos, afeta a qualidade da água e torna
100 vezes mais caro seu tratamento.
Isso contradiz a falsa idéia de que o
meio ambiente é entrave ao desenvolvimento. Ocorre exatamente o contrário: os
prejuízos e atrasos se devem ao descuido com a sustentabilidade ambiental.
Mas permanece a generosa contribuição dos
cientistas, ambientalistas, ativistas sociais, povos, comunidades e empresas
com responsabilidade socioambiental. Há projetos e ações em todos os setores:
energia, transporte, habitação, tecnologia, tudo o que pode resultar em
políticas públicas, em decisão de Estado. (...) Digo sempre: a sustentabilidade
não é bandeira de um partido ou governo, é necessidade de sobrevivência que
resulta num imperativo ético, um valor universal.
A ciência procura a política para um
compromisso visando o futuro.
Para
maiores informações sobre a III
Conferência Internacional sobre Adaptação Climática: http://adaptationfutures2014.ccst.inpe.br/home/
De gota em
gota
Em 2009,
numa iniciativa inusitada, a Fundação SOS Mata Atlântica lançou a campanha Xixi
no banho, visando o incentivo à economia de 4.380 litros de água por ano per
capita. Então... Se fizer xixi enquanto toma banho, uma pessoa economiza uma
descarga do vaso sanitário, que, segundos dados da ONG brasileira, utiliza em
média 12 litros de água. Na postagem que publiquei quando do lançamento
da campanha, escrevi: — Por mais incrível que possa
parecer, o ato de fazer xixi no chuveiro não é nada nojento e nem transmite
doenças. Ou seja, fazer xixi no banho é ecologicamente correto. Afinal, segundo
o site, uma descarga dada para eliminar o xixi do vaso sanitário corresponde a
doze litros de água potável disponível no planeta. E quanto menos água se gastar
menos se degrada a natureza, preservando os recursos naturais e a nascente dos
rios. O recomendável, contudo, é que se faça xixi - composto por 95% de água e
5% por uréia e sal, entre substâncias outras - no início do banho, pois a água
corrente lava e leva tudo para o ralo. Então, o que você está esperando?
Para maiores informações a
respeito da campanha, consultar o link: http://www.xixinobanho.org.br/
Em tempo: sendo o banheiro o lugar
da casa onde, supostamente, mais se consome água, vale conferir algumas dicas,
dadas pela jornalista brasileira Luana Leite, para evitar o desperdício, como
fechar a torneira enquanto escova os dentes ou faz a
barba, já que uma torneira aberta pode consumir, por minuto, até 2,4 litros
(casa) e 16 litros (apartamento); no banho, desligue o chuveiro para se ensaboar, considerando que uma
ducha chega a gastar mais de 16 litros de água por minuto, e feche a torneira
enquanto ensaboa as louças e volte a abri-la apenas para enxaguar.
Outras dicas: Em caso de uso de “lava-louças”,
espere que um bom volume de louças se acumule; evite lavar roupas várias vezes
por semana. Espere que um bom volume se acumule; ao lavar o automóvel, troque a
mangueira pelo balde de água; não use jato de água para varrer o chão. Use
vassoura; Plantas. Prefira um balde ou regador para regar as plantas. Procure
fazer isso quando o sol estiver mais fraco e assim, evitar a perda de água pela
evaporação; evite lavar calçadas, carros e garagens várias vezes por semana,
assim como irrigar os jardins; armazenada de maneira correta, a água da chuva
pode ser aproveitada para lavar o chão da cozinha, da área de serviço e do
quintal. O mesmo serve para a água da máquina de lavar, lavar automóvel e
molhar plantas; verifique se as instalações hidráulicas (válvulas de descarga,
torneiras) necessitam de reparação. Cada segundo que uma pessoa permanece com o
dedo na descarga são 10 litros de água desperdiçados – um dos motivos que podem
causar o desperdício de água: as instalações hidráulicas antigas. Fazer a
manutenção da rede hidráulica é também uma forma para combater o desperdício de
água. Vistorias e testes para detecção de vazamentos, regulagem de vazão em
torneiras e chuveiros devem ser feitos periodicamente. Se você não entende do
assunto, contrate um especialista.
Seguindo essas e outras dicas que, porventura, já
as saiba, você não apenas estará contribuindo com a preservação dos recursos
hídricos, mas, também, economizando seu dinheiro.
É, pelo visto, se não falar a palavrinha
mágica, ou seja, dinheiro, ninguém se
toca! E a consciência que é necessária, ó... O fato é que, caso contrário, ou seja,
se cada um não fizer a sua parte, cada um, num futuro não muito distante, não
terá mais nem o seu quinhão...
Nathalie Bernardo da
Câmara
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