sábado, 10 de maio de 2014

ÁGUA: NÃO AO DESPERDÍCIO!



Já dizia o escritor e humorista norte-americano Mark Twain (1835 - 1910): — Tomada com moderação, água não faz mal a ninguém...

O Brasil é, de fato, um país sui generis: como se não bastasse desperdiçar dinheiro com a Copa do Mundo – evento considerado supérfluo pelas mentes sensatas de todo o mundo (este ano, então!), sobretudo, no caso, diante dos graves problemas sociais existentes no país (por pouco não resvalando num penhasco), além de megalomaníaco, igual à mente do ex-presidente Lula, aquele, (é bom não esquecer) que, aliás, só pode ter vendido a alma (se é que tem uma) para que tal aberração ocorresse em solo tupiniquim, embora, com isso, entre outras, só tenha metido o pé na Jaca –, a República dos Bananas (querem, sim, nos fazer de tolos) é recordista mundial em desperdício de água. Ora, o fato de o Brasil possuir a maior reserva de água doce do planeta não significa que temos de gastar água a rodo – nenhum trocadilho. Pelo contrário, já que, diante do estado caótico em que se encontra o meio ambiente, temos mais é de preservar, não poluir e poupar esse bem natural – uma riqueza – que, ninguém nunca sabe, pode nos vir a ser ainda mais útil, que é ser um trunfo para um eventual poder de barganha quando a coisa degringolar de vez, o que vai terminar acontecendo, sim, por causa das inúmeras sandices causadas pela raça dita humana.

Então...


Uso racional desse líquido precioso, decantado, inclusive, com maestria, pelo sambista brasileiro Bezerra da Silva (1927 - 2005)? Segundo pesquisas realizadas pelo engenheiro brasileiro Paulo Costa, especialista em programas de racionalização do uso da água, o Lago Sul, bairro considerado nobre de Brasília, no Distrito Federal, detém o recorde de desperdício de água por habitante no mundo (a informação foi divulgada já em 2009), onde o gasto médio diário por pessoa é de mil litros. Enquanto isso, em países da África, como a Namíbia, por exemplo, as pessoas têm menos de um litro d’água por dia. Em 2012, de acordo com o pesquisador, o referido bairro possuía o maior número de piscinas do país – 90% das suas residências possuem uma. Isso sem falar na grande quantidade de água utilizada nas lavagens dos carros dos seus moradores e no aguar dos vastos gramados e jardins das suas casas. 

Bom! No dia 21 de março do corrente, véspera do Dia Mundial da Água, a ambientalista brasileira Marina Silva publicou no jornal Folha de S. Paulo o seguinte e bastante lúcido artigo – puxão de orelha nos incautos.




Líquido e incerto


Por Marina Silva


No Dia Mundial da Água, amanhã (22), estaremos em "estresse hídrico". Não que falte água – há excesso no Norte. O rio Acre baixa, e traz algum alívio aos meus conterrâneos, mas o Madeira continua subindo e afeta populações de toda a região, até na Bolívia. A presidente Dilma sobrevoou a área inundada, esteve com desabrigados e anunciou a construção de uma ponte entre Acre e Rondônia. Mas se o rio invadir longos trechos da estrada nos próximos anos, de pouco adiantará uma ponte no meio das águas.

Faz tempo que o Brasil precisa debater com mais profundidade os efeitos das mudanças climáticas, para se preparar e prevenir situações, em vez de apenas socorrer as vítimas com ações emergenciais.

Isso é evidente na escassez, o drama do Sudeste. Aí se revela o atraso da gestão pública, no limite da irresponsabilidade. Chega a ser ironia que o problema maior esteja em São Paulo, Estado que foi exemplar nos anos 90, quando o Brasil definiu avançados marcos regulatórios para gestão das águas.

Na avaliação do ex-deputado Fabio Feldmann, a situação atual é de desmantelamento do sistema nacional de recursos hídricos e dos sistemas estaduais. Um retrocesso "democrático e suprapartidário", pois acomete Estados governados por diferentes partidos.

Todo o setor de saneamento, que tem seu maior déficit na coleta e tratamento de esgotos, permanece o setor da infraestrutura nacional com o pior nível de desenvolvimento, deixando o Brasil em vexaminosa situação no cenário mundial.

Falta investimento, é óbvio. Mas nas avaliações de organismos civis, como o Instituto Trata Brasil, isso ocorre mais por falta de capacidade técnica de fazer e executar projetos do que por falta de recursos.

Falta uma clara definição de responsabilidades entre União, Estados e municípios. Há excessiva burocracia para obter financiamento. A política tarifária, que aliviaria o setor, não ajuda. Com tal descaso, o tempo desfaz os avanços conquistados e as situações de crise se tornam frequentes. É o caso do Cantareira, em São Paulo, que passou por um sério período de escassez na década passada.

Desde então, a gestão do sistema pouco mudou e quase não existem medidas de redução de consumo ou de ampliação das condições para que as bacias do sistema possam produzir água. Resta menos de 25% da vegetação natural no entorno dos reservatórios, segundo o Diagnóstico Socioambiental da Cantareira (ISA, 2006).

Há exemplos de estratégias bem sucedidas. Em Nova York, nos anos 90, foram implantados dois programas: subsídios para a substituição das válvulas de descarga nas residências, para diminuir o consumo, e gestão ambiental, com aquisição de terrenos em áreas ambientalmente sensíveis e pagamento por serviços ambientais. A crise atual vai passar, mas repete a lição: pensa no futuro, Brasil.




Contra a corrente



Na sexta, 09 do corrente, na coluna que Marina Silva escreve semanalmente na Folha, o artigo Tomando Ciência chamou-me a atenção. Nele, a ambientalista diz que, na próxima semana, de 12 a 16, em Fortaleza, no Ceará, estará participando da III Conferência Internacional sobre Adaptação Climática, evento que reunirá cientistas e organizações usuárias de informações sobre mudanças climáticas, a fim de que sejam exploradas “abordagens práticas e estratégias para tomada de decisões (...) cada vez mais exigida num mundo de urgências e emergências”. Segundo ela, ainda, os exemplos, no Brasil, de urgências e emergências, são claros: — São Paulo está no limite do abastecimento de água e energia, Rondônia e Acre com grandes prejuízos causados pelas enchentes. Tais situações, como outras vividas nas várias regiões do país, ano após ano, denunciam nosso atraso estratégico.

Quem acompanha as negociações internacionais sabe que todos os governos se atrasaram. O último grande fiasco foi aqui mesmo, na Rio+20, que apenas adiou as decisões urgentes para deter o aquecimento global.

Mas a crise se agravou a olhos vistos e novas pesquisas mostram isso em detalhes. Ainda ontem foi anunciado que passamos todo o mês de abril acima do limite simbólico de 400 ppm (partes por milhão) de gases do efeito estufa na atmosfera. O sinal amarelo está ficando vermelho.

Estados Unidos e Europa já reconhecem o impacto das mudanças climáticas sobre suas economias. A China iniciou um gigantesco programa de plantio de árvores e a mudança de sua matriz energética.

Também no Brasil precisamos encarar a realidade.

É triste ver desastres repetidos por falta de políticas de adaptação e mitigação. Há poucos dias, a Fapesp divulgou o alerta do pesquisador José Galizia Tundisi: o desmatamento nas margens dos rios, além de reduzir os recursos hídricos, afeta a qualidade da água e torna 100 vezes mais caro seu tratamento.

Isso contradiz a falsa idéia de que o meio ambiente é entrave ao desenvolvimento. Ocorre exatamente o contrário: os prejuízos e atrasos se devem ao descuido com a sustentabilidade ambiental.

Mas permanece a generosa contribuição dos cientistas, ambientalistas, ativistas sociais, povos, comunidades e empresas com responsabilidade socioambiental. Há projetos e ações em todos os setores: energia, transporte, habitação, tecnologia, tudo o que pode resultar em políticas públicas, em decisão de Estado. (...) Digo sempre: a sustentabilidade não é bandeira de um partido ou governo, é necessidade de sobrevivência que resulta num imperativo ético, um valor universal.

A ciência procura a política para um compromisso visando o futuro. 


Para maiores informações sobre a III Conferência Internacional sobre Adaptação Climática: http://adaptationfutures2014.ccst.inpe.br/home/




De gota em gota



Em 2009, numa iniciativa inusitada, a Fundação SOS Mata Atlântica lançou a campanha Xixi no banho, visando o incentivo à economia de 4.380 litros de água por ano per capita. Então... Se fizer xixi enquanto toma banho, uma pessoa economiza uma descarga do vaso sanitário, que, segundos dados da ONG brasileira, utiliza em média 12 litros de água. Na postagem que publiquei quando do lançamento da campanha, escrevi: — Por mais incrível que possa parecer, o ato de fazer xixi no chuveiro não é nada nojento e nem transmite doenças. Ou seja, fazer xixi no banho é ecologicamente correto. Afinal, segundo o site, uma descarga dada para eliminar o xixi do vaso sanitário corresponde a doze litros de água potável disponível no planeta. E quanto menos água se gastar menos se degrada a natureza, preservando os recursos naturais e a nascente dos rios. O recomendável, contudo, é que se faça xixi - composto por 95% de água e 5% por uréia e sal, entre substâncias outras - no início do banho, pois a água corrente lava e leva tudo para o ralo. Então, o que você está esperando?

Para maiores informações a respeito da campanha, consultar o link: http://www.xixinobanho.org.br/

Em tempo: sendo o banheiro o lugar da casa onde, supostamente, mais se consome água, vale conferir algumas dicas, dadas pela jornalista brasileira Luana Leite, para evitar o desperdício, como fechar a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba, já que uma torneira aberta pode consumir, por minuto, até 2,4 litros (casa) e 16 litros (apartamento); no banho, desligue o chuveiro para se ensaboar, considerando que uma ducha chega a gastar mais de 16 litros de água por minuto, e feche a torneira enquanto ensaboa as louças e volte a abri-la apenas para enxaguar.

Outras dicas: Em caso de uso de “lava-louças”, espere que um bom volume de louças se acumule; evite lavar roupas várias vezes por semana. Espere que um bom volume se acumule; ao lavar o automóvel, troque a mangueira pelo balde de água; não use jato de água para varrer o chão. Use vassoura; Plantas. Prefira um balde ou regador para regar as plantas. Procure fazer isso quando o sol estiver mais fraco e assim, evitar a perda de água pela evaporação; evite lavar calçadas, carros e garagens várias vezes por semana, assim como irrigar os jardins; armazenada de maneira correta, a água da chuva pode ser aproveitada para lavar o chão da cozinha, da área de serviço e do quintal. O mesmo serve para a água da máquina de lavar, lavar automóvel e molhar plantas; verifique se as instalações hidráulicas (válvulas de descarga, torneiras) necessitam de reparação. Cada segundo que uma pessoa permanece com o dedo na descarga são 10 litros de água desperdiçados – um dos motivos que podem causar o desperdício de água: as instalações hidráulicas antigas. Fazer a manutenção da rede hidráulica é também uma forma para combater o desperdício de água. Vistorias e testes para detecção de vazamentos, regulagem de vazão em torneiras e chuveiros devem ser feitos periodicamente. Se você não entende do assunto, contrate um especialista.

Seguindo essas e outras dicas que, porventura, já as saiba, você não apenas estará contribuindo com a preservação dos recursos hídricos, mas, também, economizando seu dinheiro.


É, pelo visto, se não falar a palavrinha mágica, ou seja, dinheiro, ninguém se toca! E a consciência que é necessária, ó... O fato é que, caso contrário, ou seja, se cada um não fizer a sua parte, cada um, num futuro não muito distante, não terá mais nem o seu quinhão...




Nathalie Bernardo da Câmara


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