“Brasília é um mosaico do Brasil...”.
Marina Silva
Ambientalista brasileira
Falar de Brasília torna-se às vezes tarefa árdua, já que, queiramos ou não, muitas vezes a cidade nos mete numa saia-justa daquelas! Noutras vezes, ficamos literalmente entre a cruz e a espada ou, então, nos vemos emaranhados numa teia sem fim, tipo um caso de amor e ódio pela cidade, embora, na maioria das vezes, a ternura sempre prevaleça. Este ano, portanto, nos seus 52 anos de idade, Brasília está com os seus braços de concreto e afeto abertos para interesses de todos os matizes. Exemplo disso é que, segundo o secretário de Cultura do Distrito Federal, o poeta Hamilton Pereira, mais conhecido como Pedro Tierra, o tema das comemorações do aniversário daquela já declamada como sendo a cidade sem esquinas, será a literatura, tendo início, já neste sábado, 21, a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, cujo encerramento dar-se-á na próxima segunda-feira, 23, Dia Mundial do Livro. Para Hamilton Pereira, a bienal não será apenas mais um evento pioneiro realizado em Brasília, mas será igualmente um marco para que o Distrito Federal seja considerado um território livre do analfabetismo até 2014, data-limite imposta pelo atual governo distrital para a conclusão de uma das suas metas, que é a do programa DF Alfabetizado.
Enquanto isso, a cidade também estará disponibilizando aos olhares sensíveis a mostra de fotografia Brasília: só tenho olhos para você (ver programação completa dos eventos previstos para acontecerem durante as comemorações do aniversário de Brasília no jornal Correio Braziliense). E é assim que, de tanto amor, existe até quem andou a tatuar no corpo o seu amor pela cidade – afinal, cada um traduz os seus sentimentos de acordo com as suas emoções. Exemplo disso é que, na semana passada, segundo a Agência Senado, em pronunciamento no Congresso Nacional, esperançoso de que as inúmeras recentes denúncias de corrupção e disparidades socioeconômicas enfrentadas por todos, não deixem a população de Brasília prostrada, mas que elas sirvam de estímulos para o fortalecimento da cidade, o senador Rodrigo Rollemberg (PMDB-DF) fez um alerta: — Não podemos permitir que o sonho original [o da criação de Brasília] seja lembrado como uma vaga lembrança de uma utopia abortada.
Solidária, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que valeu à pena o custo pago pelo país para deslocar a Capital Federal do litoral para o interior. Para ela, “é possível reencontrar um caminho fora desse que está nos alarmando. O povo [de Brasília] merece respeito porque trabalha com honestidade para fazer a cidade cada vez mais bonita”. Enfim! Na próxima segunda-feira, 23, o Senado Federal faz uma sessão especial para homenagear os 50 anos da Universidade de Brasília - UnB. Em seu pronunciamento no Senado, Rodrigo Rollemberg aproveitou o ensejo para reivindicar o resgate da proposta educacional dos fundadores da cidade, ou seja, a oferta de ensino em tempo integral nas escolas parque do Distrito Federal. Falando nos fundadores de Brasília...
Alguém por acaso já parou para pensar que, após traçar os “dois eixos cruzando-se em ângulo reto”, considerado um “gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse”, segundo as suas próprias palavras, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902 – 1998), nascido na França, mas naturalizado brasileiro, ele arqueou “um dos eixos a fim de contê-lo no triângulo equilátero que define a área urbanizada” de Brasília, findando por estilizar – não estou delirando – uma das partes consideradas íntimas das mulheres, ou seja, o seu púbis, que, ao contrário do que muitos pensam, o referido vocábulo é um substantivo masculino, não feminino, como o é Brasília, feminina por excelência. Que seja feita, então, no caso e oportunamente, a vontade do slogan do 51° aniversário Brasília, comemorado em 2011, ou seja: Quem ama, cuida...
Brasília: o púbis estilizado de Lúcio Costa
Croqui nº 2 do Plano Piloto
“Se Brasília fosse um filme Lúcio Costa seria o seu diretor e Oscar Niemeyer o ator principal...”.
Maria Elisa Costa
Arquiteta brasileira e filha de Lúcio Costa
O tempo passa, passa, passa e 3 poemas, de minha autoria, para aquela cujo habitat é o planalto das emoções...
Brasília: geometricamente braços, abraços, laços, espaços, marcos, vasos, veias, vidas, pulsos...
Um pássaro.
Luz e harmonia,
povos e encantos,
bálsamo e magia,
raças e mantos.
Brasília-DF, abril de 1990
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O futuro não é o amanhã
nem fica revolto no tempo à espera.
O futuro é o segundo seguinte
que compõe os minutos na balada das horas...
Brasília-DF, 18 de março de 1991
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No alto escalão,
a ética esperneia em vão:
não se perde sequer um tostão...
— Bota fora o ladrão!
Nathalie
*Publicado originalmente neste blog no dia 28 de julho de 2011
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