quinta-feira, 5 de abril de 2012

TOPLESS NA UCRÂNIA

Foto: Anatolii Stepanov/Reuters

Ucranianas protestam de topless por punição a acusados de estupro.


No dia 10 de março do corrente, uma ucraniana de apenas 18 anos de idade foi vítima de um estupro coletivo, estrangulada, queimada viva e abandonada na cidade de Mykolayiv, sul da Ucrânia. Segundo o G1, a mulher, de nome Oksana Makar, foi encontrada num canteiro de obras, sendo imediatamente hospitalizada em estado crítico: 55% do seu corpo haviam sido queimados, o que obrigou os médicos a amputarem os seus pés, um dos braços e, depois, uma das pernas. O caso, pela dimensão da sua brutalidade, tem sido considerado um dos maiores crimes cometidos no país nos últimos anos, desencadeando uma comoção nacional. Em protesto, militantes do FEMEN, grupo ucraniano com base em Kiev, a capital do país, e que atua no combate ao turismo sexual, em defesa dos direitos das mulheres e dos direitos civis na Ucrânia e em todo o mundo, realizaram uma manifestação no dia 15, exigindo, com os seios à mostra – uma característica dos protestos da entidade –, punição severa aos três homens, que não tiveram os nomes divulgados, acusados de terem cometido a agressão.

Porém, devido à gravidade do seu caso, Oksana Makar não resistiu e, no dia, 29, em decorrência da violência sofrida, veio a falecer no hospital que a acolheu logo após o resgate, localizado na cidade de Donetsk, leste da Ucrânia, segundo informou a agência de notícias Interfax-Ulkraine. Cada vez mais indignados, desta vez com a morte de Oksana Makar, ativistas do FEMEN voltaram a se manifestar – e novamente com os seios à mostra – contra a inoperância das autoridades responsáveis e a extensão dos problemas sociais em cidades industriais como Mykolayiv, onde o crime aconteceu. Ao contrário, contudo, do primeiro protesto, realizado defronte à sede do Ministério Público em Kiev, o segundo deu-se diante da sede da Promotoria Geral da capital do país – país esse que, chocado ao cubo com o fato, acompanhou a revolta dos manifestantes que, por toda parte, inclusive no pórtico de entrada do prédio da Promotoria, mais uma vez clamavam por justiça, portando cartazes e bradando frases de repúdio à impunidade dos suspeitos da agressão, filhos, inclusive, de pais influentes.

A gota d’água, contudo, da revolta coletiva, foi a divulgação, via youtube, de um vídeo que supostamente conteria o interrogatório de um dos agressores de Oksana Makar, no qual um jovem com o rosto encoberto descreve detalhes do crime, confessando, inclusive, ter estuprado a vítima e, como ela não parava de gritar, ele achou por bem estrangulá-la: primeiro com as mãos e, depois, com uma corda. Em seguida, acreditando que ela estivesse morta, o declarante e os demais agressores decidiram deixá-la em um canteiro de obras qualquer, mas sem a intenção de queimar o seu corpo, embora tenha admitido ter colocado fogo apenas em um pedaço de pano que jogou perto da vítima. O escândalo tomou proporções tais que os agressores, apesar de anteriormente terem sido capturados e soltos dias depois, terminaram por retornar à prisão. Isso sem falar que, segundo fontes do Ministério do Interior da Ucrânia, várias autoridades da polícia e da Promotoria Geral foram sumariamente demitidas, devendo os acusados serem condenados à prisão perpétua, a mais severa das penas do país. Vamos esperar...

Nathalie Bernardo da Câmara


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