sábado, 21 de abril de 2012

EU NÃO ENFORQUEI NEM ESQUARTEJEI TIRADENTES

Tiradentes esquartejado (1893) – Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843 -1905)
Óleo sobre tela: 270 x 165 cm
Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, Minas Gerais


“Como defender uma civilização que somente o é de nome, já que representa o culto à brutalidade (...) e a violência é o medo dos ideais dos demais?”.

Mahatma Ghandi (1869 - 1948)
Advogado e pacifista indiano


“Confesso que nunca acreditei piamente nas versões dos fatos transmitidos ao longo da História do Brasil sobre a Inconfidência Mineira, movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789, que apenas visava dar fim à exploração de Portugal à colônia brasileira. E mais! Desde a minha mais tenra idade, eu sempre achei que o papel de mártir supostamente atribuído ao dentista e alferes brasileiro Joaquim José da Silva Xavier da também chamada Conjuração Mineira foi, literalmente, sem pé nem cabeça. Não, não é humor negro. Afinal, quem já ouviu a História desse mineiro, alcunhado de Tiradentes por seu ofício, sabe que, no dia 21 de abril de 1792, aos 46 anos de idade, ele foi barbaramente enforcado e esquartejado, com membros do seu corpo sendo expostos ao longo das vias que davam acesso a Minas Gerais, pondo termo, definitivamente, ao movimento dos inconfidentes mineiros. Sem falar que, na condição de jornalista, a minha função é constatar fatos. Desse modo, como os fatos em questão nunca foram historicamente comprovados, qual a razão, então, para que, desde 1890, o dia 21 de abril seja feriado no Brasil em homenagem a Tiradentes? Sei não, mas, mesmo tendo esses acontecimentos realmente ocorridos, nem assim vale parar o país por causa disso. Afinal, qual o valor de fatos ditos históricos como os que foram mencionados?”.


A título de ilustração, a passagem acima foi extraída de uma postagem publicada neste blog no dia 21 de abril de 2011. Ocorre que, como no dia 21 de abril também se comemora o aniversário de Brasília, a referida postagem é iniciada com um texto sobre os 51 anos de idade da capital brasileira, intitulado Brasília: capital da esperança? – falarei a respeito dos seus 52 anos na sequência –, seguido, no caso, de um texto sobre Tiradentes, cujo título é Realidade ou mito?, bem como do artigo Joaquim José, um brasileiro, de autoria do jornalista brasileiro Roberto Pompeu de Toledo. Assim, quem quiser acessar a postagem na íntegra é só clicar no link a seguir:

http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2011/04/brasilia-capital-da-esperanca-croqui.html



Relembrando o passado...

 
Jornal Tribuna do Norte, 1987/1988 – As disputas internas e a crise econômica levaram à divisão das forças democráticas e à derrota na eleição de 1989. O obscuro governador de Alagoas, Fernando Collor de Melo, supera Lula (PT), Covas (PSDB), Brizola (PDT), Ulysses (PMDB), Freire (PCB) e Aureliano Chaves (PFL). Publiquei a charge abaixo, numa alusão ao discurso da vitória de Tancredo Neves, em 1984 (Chargista e jornalista brasileiro Cláudio de Oliveira no seu blog, cujo link de acesso é: http://chargistaclaudio.zip.net/).



Há exatos 27 anos – não sei se muitos se lembram –, morria o então eleito, mesmo que indiretamente e sem sequer tomar posse, presidente Tancredo Neves (1910 - 1985). Bom! O fato deu-se mais ou menos assim (vou transcrever uma passagem que escrevi na postagem Sombras do passado, publicada neste blog no dia 31 de março do corrente, cujo link de acesso é: http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2012/03/sombras-do-passado.html)...


“(...) Em 1983, tendo sido eleito deputado federal pelo Mato Grosso no ano anterior, o engenheiro civil Dante de Oliveira (1952 - 2006) elaborou a Proposta de Emenda Constitucional nº 5, que, se aprovada, restabelecia as eleições diretas para presidente da República em 1984. Porém, para a infelicidade quase geral da nação, a Emenda Dante de Oliveira, como a referida proposta ficou popularmente conhecida, tendo, aliás, por seu teor, desencadeado o movimento civil e democrático Diretas já!, foi – não sem surpresas – derrotada por uma manobra política articulada pelo regime militar [no poder desde 1964]. Em seu lugar, contudo, foi instituído um colégio eleitoral, que, por sua vez, no dia 15 de janeiro de 1985, elegeu, indiretamente, o ex-governador de Minas gerais, o advogado Tancredo Neves, para presidente do Brasil. Porém, no dia 14 de março, na véspera de tomar posse, Tancredo sentiu fortes e insuportáveis dores intestinais e teve de ser internado às pressas no Hospital de Base de Brasília, sendo submetido a uma cirurgia de urgência para a retirada de um tumor benigno do abdômen. Nesse ínterim, conforme estava previsto, o político maranhense José Sarney, que também havia sido eleito por via indireta como vice-presidente, não se fez de rogado e foi empossado no lugar de Tancredo, lendo, inclusive, o discurso previamente escrito pelo titular do cargo, no qual ele pregava a conciliação nacional e a instalação de uma assembleia nacional constituinte. Sarney, contudo, teria ficado à espera do pleno restabelecimento do mineiro de São João Del Rei para lhe transmitir o trono. Infelizmente, diante de um processo inflamatório que havia se instalado no seu aparelho intestinal, o quadro clínico de Tancredo complica-se – muitos não acreditaram e continuam não acreditando nessa versão –, sendo ele transferido para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde, após uma sequencia de novas cirurgias e de uma longa agonia, decidiram desligar os aparelhos de circulação e respiração artificiais que o mantinham em estado vegetativo e ele literalmente faleceu, embora tenham dito que ele morreu por causa de uma infecção generalizada. Oficialmente, contudo, ou, quem sabe, por interesses escusos, o motivo da morte daquele que poderia ter sido o primeiro presidente civil eleito após o golpe de 64 foi divulgada como sendo diverticulite. Curiosamente, o dia escolhido para a eutanásia de Tancredo Neves foi o 21 de abril, exatamente o mesmo dia, embora no ano de 1792, em que enforcaram e esquartejaram o dentista e alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, oportunamente, inclusive, alçado à condição de mártir da Inconfidência Mineira, eclodida em 1789. Coincidência, não é? Enfim! Com a morte de Tancredo Neves, não nos restou que engolir a seco a manutenção de Sarney no cargo de presidente do Brasil (...)” – cargo esse, aliás, que parece exercer até hoje...

Nathalie Bernardo da Câmara


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceita-se comentários...