quinta-feira, 5 de abril de 2012

EXPO FLASH CHICO ANYSIO


Foto: Divulgação

Baiano: — Tá sabendo, Paulinho?



Terta (entre um soluço e outro): — Bóris diria que é deboche, enquanto Jean-Pierre acharia uma gracinha...



Dando uma espiadinha na Flash Expo Chico Anysio...

 
“Nós, cartunistas, não queremos apenas homenagear esse grande humorista, mas reverenciá-lo a partir dos nossos traços e pensamentos...”.

José Alberto Lovetro, o JAL
Cartunista e jornalista brasileiro, além de curador da exposição


Nesta quinta-feira, 5, prosseguindo até o dia 30 de abril, estará aberta ao público, na Praça de Eventos do Shopping SP Market, em São Paulo, a Flash Expo Chico Anysio, na qual estarão sendo expostos 70 cartuns de mais de 60 artistas em homenagem ao humorista, ator, compositor, cantor, dublador, escritor e pintor brasileiro Chico Anysio, que, no dia 23 de março do corrente, indignado com o aquecimento global, achou por bem fazer humor em plagas onde a temperatura é mais temperada. De qualquer modo, se vivo fosse, o multifacetado Chico faria 81 anos de idade no próximo dia 12 – era um ariano do bem. Enfim! O homem da zorra, que adorava pintar o 7, sendo, por isso, considerado o mestre do humor brasileiro, era um artista completo. Isso sem falar que ainda era piadista, já que, por ter criado e incorporado mais de 200 personagens, se considerava um médium, fazendo do humor a sua terapia.

Exemplo disso foi uma passagem de uma entrevista concedida ao jornalista brasileiro João Soares Neto para a Revista de Cultura, em maio de 2005. Ou seja...

João Soares Neto: Você concorda com Nietzsche [(1844 - 1900)] quando ele diz: “No amor e na vingança, a mulher é mais bárbara do que o homem”? Qual a sua versão?

Chico Anysio: No tempo em que Nietzsche viveu isto deve ter sido verdade, mas apesar de Nietzsche ter sido um cara genial, o tempo passou e a vida mudou de cara. Eu escrevi um livro [O Analista, 1996] onde defendo uma tese: o que Freud diz não tem mais a menor validade porque o tempo é outro; Freud nunca soube de uma curra, de gente fumando maconha, de um canal de sexo explícito, de duas mulheres se casarem com o beneplácito da Rainha da Inglaterra e o mesmo acontecer com dois homens com o “de acordo” da Rainha da Holanda; Freud baseou suas teorias num tempo em que as pessoas andavam de charretes e os amantes não iam muito além de uma troca de bilhetes. A mulher de hoje é até menos mansa do que a de trinta ou quarenta anos passados, mas ainda não é bárbara como os homens. Eu, por exemplo, nunca soube de UMA serial killer. A minha versão é de que no amor e na vingança a mulher é doce.



Falando nisso...

 
Foto: Divulgação

“O filme [Um método perigoso] retrata o conflito entre os psicanalistas C.G. Jung e Sigmund Freud: o corpo contido de um contra o corpo inquieto do outro...”.

Neusa Barbosa
Jornalista e crítica de cinema brasileira


Estreou na semana passada no Brasil o filme Um método perigoso (A Dangerous method), do cineasta canadense David Cronenberg, que evidencia não somente as convergências de ideias, bem como as suas dissonâncias, entre o neurologista Sigmund Freud (1856 - 1939), um judeu austríaco, fundador da psicanálise, e o seu principal discípulo, embora posteriormente tenha se tornado um dissidente das ideias freudianas, o psiquiatra Carl Gustav Jung (1875 - 1961), um protestante suíço, que findou por conceituar, através das análises que empreendida, o inconsciente coletivo e as suas expressões: mitos e símbolos, se interessando, ainda, pelos mistérios da alquimia, enquanto o seu mestre desconsiderava as explicações médicas sobre as histerias e as neuroses, explorando, graças aos sonhos e a prática da análise, um psiquismo inconsciente centrado na sexualidade, que, para ele, estruturaria a personalidade. Para a crítica Neusa Barbosa, Cronenberg “realizou uma densa ficção que focaliza o encontro entre o pai da psicanálise e um de seus mais criativos discípulos antes que diferenças inconciliáveis os separassem”. Tendo concorrido ao Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2011, Um método perigoso é estrelado pelo ator norte-americano Viggo Mortensen (Freud) e pelo ator alemão de origem irlandesa Michael Fassbender (Jung), além da participação da atriz britânica Keira Knightley, que interpreta uma jovem russa e judia, Sabina Spielrein, que, por manifestar sintomas de histeria, é internada, no início do séc. XX, numa clínica psiquiátrica em Zurique, onde se torna paciente de Jung, que, se aprofundando no caso, logo percebe a sua complexidade. No entanto, apesar de casado e com filhos, Jung envolve-se amorosamente com Sabina após o término do tratamento inovador aplicado pelo psiquiatra para curá-la. Com o tempo, contudo, Sabina alimenta por Freud uma espécie de afinidade intelectual, se torna uma psicanalista de renome na União Soviética e, colega de profissão do ex-amante, passa a manter com ele apenas uma grande amizade – amizade essa, inclusive, que leva ambos a reconhecerem no ditador Josef Stalin (1879 - 1953) um alto grau de psicopatia. O pai da psicanálise, por sua vez, mantém com Jung uma ligação praticamente fraternal, a qual, para frustração de ambos, termina sendo ameaçada pela forte simpatia do suíço pelo misticismo, cujo estudo das mandalas o deixa bastante impressionado. Enfim! Além de discutir a sexualidade, o filme igualmente percorre exemplarmente as conexões entre as três personagens. Simplesmente, tentador...

Nathalie Bernardo da Câmara


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