segunda-feira, 12 de março de 2012

12 DE MARÇO: DIA NACIONAL DO BIBLIOTECÁRIO


 “Em uma boa biblioteca, você sente, de alguma forma misteriosa, que você está absorvendo, através da pele, a sabedoria contida em todos aqueles livros, mesmo sem abri-los...”.

Mark Twain (1835 - 1910)
Escritor e humanista norte-americano


Se pudessem, os livros “optariam por morar apenas em bibliotecas, que também têm muitas histórias a contar e onde estão protegidos por zelosos guardiões, que, por devoção, cuidam da sua preservação”, escrevi na postagem intitulada Luto na BN!, publicada originalmente neste blog em abril de 2009 e republicada no dia 07 de julho de 2011 (http://abagagemdonavegante.blogspot.com/2009/04/luto-na-bn-uma-biblioteca-deve-ser-como.html). No entanto – prossegui, embora na presente postagem tal passagem não esteja dividida em parágrafos –, “eu só espero que, em nenhum momento, o leitor ouse comparar os guardiões aos quais me refiro ao maquiavélico Jorge de Burgos, bibliotecário espanhol cego de uma abadia medieval famosa por sua biblioteca, personagem criada pelo escritor italiano Umberto Eco em seu livro O Nome da rosa, publicado em 1983. O fato é que, mentalmente doentio, Jorge de Burgos não permitia o riso nem o acesso dos monges a um determinado livro. Um dia, contudo – isso no séc. XII –, o monge William de Baskerville e o seu assistente, chegam à abadia com a missão de investigar uma série de mortes ocorridas no local. Ao final da narrativa [contudo], ficamos sabendo que, além de guardião da biblioteca, Jorge de Burgos era obcecado pelo misterioso livro, não hesitando em matar, sobretudo por envenenamento, quem se atrevesse a tocá-lo ou, porventura, se constituísse em uma ameaça ao seu segredo, que, finalmente, é descoberto por Baskerville. Ou seja, tratava-se do livro Elogio ao riso, do filósofo grego Aristóteles (384 - 322 a. C.), que, apesar de inofensiva, motivou os assassinatos cometidos pelo bibliotecário. A título de ilustração... De origem grega, o substantivo feminino biblioteca significa depósito de livros. Sei não, mas, para mim, o nome depósito soa feio para definir um espaço físico onde se guarda livros, como se fosse um armazém abandonado em um cais de porto qualquer, no qual é largado todo tipo de tranqueira. E, segundo me consta, livros não são tranqueiras – nem mesmo os de qualidade considerada inferior e mal escritos – e bibliotecas não são quartos de despejo. Não importa se o seu acervo seja limitado nem as suas instalações físicas precárias. Além disso, nem só de livros vivem as bibliotecas, mas, também, de documentos os mais diversos. O importante é que contenham histórias ou contribuam para o conhecimento da História. Curiosamente, apesar da sua atmosfera fria e sombria, como diriam os supersticiosos, as bibliotecas são calorosas e sóbrias, acolhendo, sem distinção, todo tipo de livro, enquanto os seus guardiões, bibliotecários e biblioteconomistas, acolhem não importa qual pesquisador e são a garantia de que estamos – livros, documentos, escritores e pesquisadores – em cuidadosas e boas mãos. Pudera, já que até padroeiro os bibliotecários têm! O santo? São Jerônimo (347 – 419/420). (...) Ávido leitor e poliglota, o padre dalmácio Jerônimo, além de memória prodigiosa, possuía a biblioteca mais importante da Roma antiga, tendo, inclusive, traduzido o Novo testamento do grego antigo e do hebraico para o latim. Foi canonizado em 1767. Não é a toa que os guardiões da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, por exemplo, sob a proteção de São Jerônimo, estão sempre de prontidão, seja para proteger os livros e congêneres, seja para nos acolher e, generosamente, atender as nossas solicitações. Além do mais, independentemente da qualidade do seu teor e da sua escrita, os livros são vaidosos e, despertos, nos proporcionam, como disse o poeta brasileiro Mário Quintana (1906 - 1994), uma “dupla delícia”, já que trazem “a vantagem de a gente poder estar só e, ao mesmo tempo, acompanhada”. Das personagens dos livros e, se possível, com um gato aos seus pés, visto que, historicamente, o felino é um habitué incondicional de bibliotecas – ambos envoltos em uma aura de magia e mistério...




Tendo mencionado o Elogio ao riso, de Aristóteles, aproveito o ensejo para postar algumas tiras e charges cujo tema está relacionado ao desta postagem, bem como ao bom humor inerente aos chargistas e congêneres.












O cartunista norte-americano Tom Stratton brinca nessa charge de humor negro, com o terror dos usuários diante das cobranças dos atrasos de entrega de livros feitas pelos bibliotecários.




Quando me deparei com a charge acima, de imediato lembrei-me de uma pérola do escritor português José Saramago (1922 - 2010), que chegou a dizer: “Todo mundo me diz que tenho de fazer exercício. Que faz bem para a minha saúde. Porém, nunca escutei ninguém dizer a um desportista que ele tem de ler...”. De fato, muito bem colocado. E pertinente.


Nathalie Bernardo da Câmara


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